11 de novembro de 2024
Nelson Leme ratifica união do grupo que foca a inovação e o fortalecimento da Educação Física
O dirigente paulista afirmou que os objetivos da oposição são claros e inegociáveis: inovar e defender os interesses dos profissionais de Educação Física para melhor atender a sociedade
Sistema CONFEF/CREFs
31 de dezembro de 2020
Por PAULO PINTO
Curitiba – PR
Passadas duas semanas das eleições no Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), o líder do movimento Pela Voz de Todos confirma a coesão do grupo que tentou derrotar o candidato apoiado pela antiga diretoria. Entre as mudanças pelas quais a oposição vai lutar está o próprio sistema eleitoral, que precisa ser modernizado para tornar-se transparente e economizar recursos financeiros. Nelson Leme considera o voto por correspondência um desperdício do dinheiro arrecadado dos profissionais que pagam suas anuidades com muito sacrifício.
Em entrevista à Budô, o presidente do CREF4-SP reafirmou que a votação a distância não confere segurança ao processo eleitoral, gera severas dúvidas sobre os procedimentos e custa muito caro aos cofres da entidade. Acompanhe a seguir outros planos para o período que se inicia.
Os delegados e conselheiros com direito a voto no último pleito começaram a votar quando a oposição ainda iniciava a campanha. Isso não prejudicou a divulgação das plataformas das chapas?
De certa forma sim, no entanto fiquei muito feliz com nossa campanha, pois despertou um novo olhar dos profissionais de Educação Física principalmente sobre eleições. Nossa chapa fez um bom trabalho, divulgando nossas propostas e ideias e acolhendo sugestões dos mais variados setores. Acredito que fizemos um trabalho de conscientização jamais visto no sistema CONFEF/CREFs. Ressalto que esse trabalho deveria ter sido feito pelo próprio CONFEF que, no entanto, sequer divulgou o pleito eleitoral. Por qual motivo? Nós não sabemos.
Sobre o futuro, quais são seus planos no curto prazo?
O futuro a Deus pertence, mas continuaremos construindo caminhos para o bem da Educação Física paulista e nacional. Vamos manter nosso grupo unido.
Você pretende seguir à frente do CREF4/SP?
Claro que sim, tenho mandato até 2021 e vou cumpri-lo.
Você continuará exigindo as mudanças necessárias ao sistema?
Entendo que é importantíssimo conscientizar os profissionais de Educação Física, encorajando-os a participar dos pleitos regionais. É preciso lapidar novas lideranças que possam inovar e assumir o papel de protagonistas do sistema, caso contrário ficaremos estagnados e quem perde com isso é a nossa profissão. Como já mencionei em manifesto dirigido aos eleitores e profissionais de Educação Física, não deixaremos de apoiar medidas que fortaleçam nossa profissão. Precisamos ouvir nossos profissionais e vamos lutar para elaboração de um estatuto mais justo e abrangente, pelo voto direto, pela realização de eleições eletrônicas, pela redução do valor da anuidade, afinal o ex-presidente disse que deixou um caixa de 63 milhões e com um caixa desses é possível sim reduzir através de lei ou de projetos de descontos, o valor da anuidade, basta ter boa vontade, pela redução do valor de repasse ao CONFEF e o mais importante, pela inovação e modernização do sistema. Essas bandeiras são irrenunciáveis, lutaremos até o fim por esses valores.
Você é a favor ou contra a continuidade no poder?
Absolutamente contra. Defendo que o poder deva ser rotativo e no máximo obedecer aos critérios estabelecidos em uma única reeleição. É necessário discutir esse tema de forma consciente e isenta de interesses próprios, ou seja, é preciso muito amadurecimento para tratar desse assunto.
Você pretende seguir comandando a batalha da oposição?
Não diria no comando, eu diria junto com todos os profissionais de Educação Física conscientes daquilo que buscam para nossa profissão. Temos grandes líderes que podem perfeitamente guiar esse processo e isso foi comprovado nestas eleições pela nossa chapa Pela Voz de Todos.
Avaliando o resultado do pleito de forma isolada, no que vocês erraram?
Não erramos! Lutamos! Basta ver o resultado das eleições, e todos sabem disso. É difícil lutar contra 20 anos de poder e seus meandros. O resultado da votação revelou que a maioria dos eleitores quer mudança. Se não fosse a coragem de nossa chapa certamente o CONFEF caminharia para mais quatro anos dos atuais gestores.
Você entende que a oposição enfrenta um momento crítico?
Ao contrário. Quem vive esse momento é a situação, com temas importantes para resolver, como atualizar o estatuto, dando poderes aos profissionais de Educação Física. Outro deles é a diminuição do valor de repasse ao CONFEF, que eles tentaram discutir em plena campanha eleitoral. Não concordamos naquela época porque parecia medida eleitoreira; agora vamos ver qual será a postura dos novos dirigentes, uma vez que o propositor de tal medida ocupa o cargo de 1º vice-presidente, na diretoria eleita. Será que tínhamos razão ao dizer que era uma proposta eleitoreira? Outra situação importante refere-se à ADI 3428 – ação direta de inconstitucionalidade que contesta a lei que regulamenta a profissão –, que será pautada novamente no STF. Por tudo isso, não é a oposição que enfrenta um momento crítico e inusitado. São eles que têm de romper os laços oligárquicos com uma instituição que representa mais de meio milhão de profissionais que clamam por mudanças.
Cláudio Augusto Boschi foi eleito com vantagem inferior a 1% dos votos válidos. O que isso significa para você e seus pares?
Boschi é habilidoso e inteligente, ele sabe o significado e o peso do nosso grupo. Ficou claro, pelo resultado do pleito, que o grupo chapa branca arquitetou o adiamento das eleições como manobra para incluir o CREF21-MA no colégio eleitoral; afinal, sem eles o resultado seria outro. Portanto, eles sabem que foram eleitos com os votos de um regional que judicializou o processo, e ao revelar essa manobra no judiciário, sem que houvesse decisão da comissão eleitoral sobre o tema o processo todo ficou comprometido. A legalidade desses votos está sendo questionada em juízo, por iniciativa do próprio CREF21-MA, e obviamente, mostraremos ao judiciário que estatutariamente tais votos não devem ser contabilizados e como dissemos isso pode ou não mudar o resultado da eleição. As eleições do CONFEF, em resumo, só estarão definidas após trânsito em julgado. Nosso grupo considera inclusive a possibilidade de novas eleições.
Não deixaremos de apoiar medidas que fortaleçam nossa profissão, precisamos ouvir nossos profissionais e vamos lutar por um estatuto mais justo e abrangente, pelo voto direto, pela realização de eleições eletrônicas, pela redução do valor da anuidade, pela redução do valor de repasse ao CONFEF e, o mais importante, pela inovação e modernização do sistema.”
Você entende que houve violação dos votos?
Levantar essa bandeira sem provas concretas seria leviano de minha parte. Mas podemos afirmar com todas as letras que houve manipulação do processo eleitoral quando a eleição foi prorrogada, assim como o CREF 21 foi inserido no processo de forma acintosa e irresponsável pelo ex-presidente.
Na entrevista concedida à Budô, no pós-pleito, você cobrou uma eventual auditoria no sistema CONFEF/CREFs. Quando candidato o professor Boschi prometeu realizar esta auditoria?
Por diversas vezes ele me disse que teríamos de auditar as contas do CONFEF, esse tema foi conversado não só comigo, mas com outros colegas da nossa chapa. E vamos cobrar isso, pois entendemos que muita coisa tem de ser explicada, não é entregando três volumes de encadernação e um CD na festa de posse que vai determinar que tudo está certo, afinal três volumes de encadernação não podem e não devem refletir uma administração de 22 anos, pois se assim o for, significa que nada foi feito nesse tempo todo. Ainda precisamos entender alguns repasses financeiros realizados pelo CONFEF em pleno período eleitoral. Por que e para quem esses repasses foram realizados? Esta auditoria serve para entendermos estas questões e até mesmo para que o ex-presidente saia sem nenhuma dúvida sobre sua gestão.
Você não acha prematuro fazer este tipo de cobrança?
De forma alguma, os Profissionais de Educação Física precisam ter a certeza do que foi feito e como foi feito, é natural após uma transição de comando que quem entra queira saber o que está recebendo de quem está saindo.
Você faria esta auditoria se tivesse vencido o pleito?
Claro que sim! Em respeito aos mais de 500 mil Profissionais de Educação Físicas desse país. Essa medida seria uma das nossas prioridades, como também uma revisão no plano de cargos e salários do CONFEF
Qual é o peso de ter conseguido a metade dos votos válidos?
É uma responsabilidade muito grande, não só pela quantidade de votos recebidos, mas também pelos diversos Profissionais de Educação Física que se identificaram, acreditaram e se comprometeram com a nossa proposta. Seremos uma oposição seria, que votará sempre em prol dos profissionais de Educação Física, e caso as respostas não sejam dadas representaremos aos órgãos competentes para que tudo seja transparente.
Os presidentes de conselhos regionais que não apoiaram as mudanças são ditatoriais e visam manter a atual escravidão dos profissionais de Educação Física?
Meu entendimento sobre isso é que cada um sabe o que faz e por que o faz. Respeito a decisão dos que não concordam ou não concordaram em estar ao nosso lado.
Na prática, o que representa a vitória do professor Boschi?
Na minha opinião não significa uma vitória, e sim a eleição da Chapa 1, que representa o continuísmo. Mas com o tempo saberemos a resposta a essa pergunta.
A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão.”
A minúscula margem de votos oferece a legitimidade que o Boschi necessita?
Falar em legitimidade é complicado. Entendo que ele terá de reconstruir as relações dentro do sistema, de passar a ouvir os clamores da categoria. O que posso dizer novamente é que seremos a favor da Educação Física e contra vontades próprias e interesses pessoais.
Você acredita que Cláudio Bosch e o grupo que o apoia estão capacitados para promover as mudanças que a Educação Física necessita?
Não acredito que haverá mudanças. Contudo, saberemos a resposta para essa pergunta no decorrer das ações do CONFEF. Espero que minha opinião seja equivocada e, assim sendo, estaremos lá para apoiar e auxiliar as mudanças necessárias para desenvolver e alavancar definitivamente a nossa profissão.
Sua derrota significa a ruptura definitiva do profissional de Educação Física com a inovação e tudo aquilo que a ala moderna da classe ansiava?
Não acredito nisso, nossa chapa é composta de diversos Estados e se o CONFEF não fizer, faremos a diferença nos nossos regionais como fizemos até hoje.
Pela primeira vez houve de fato uma eleição no CONFEF, inclusive com a presença da imprensa. O que isso representa no âmbito da gestão e da transparência?
Vou responder da mesma forma que me manifestei, citando o escritor inglês Aldous Leonard Huxley. Ele bem exprime nossos sentimentos em relação às eleições indiretas em sua célebre frase: “A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão”. Em relação a gestão e transparência, vamos brigar com tudo e com todos para informar os profissionais de Educação Física, que têm o direito de saber como suas anuidades estão sendo gerenciadas.
Há um projeto de âmbito nacional para 2021 bastante ambicioso e gostaríamos de saber do que se trata?
Simples: o movimento Pela Voz de Todos estará apoiando os profissionais de Educação Física onde quer que eles estejam, de Norte a Sul do nosso imenso País.
O grupo que o apoiou permanece unido? A briga continua?
Claro que sim. Temos um grupo coeso e irmanado para trabalhar em prol do profissional de Educação Física e do fortalecimento da nossa profissão. Nossos objetivos são claros e inegociáveis. Nosso compromisso é inovar e diminuir o ônus e a presença do sistema na outra ponta para melhor atender os Profissionais de Educação Física.