Nocaute espetacular consagra Hebert Conceição com a medalha de ouro no boxe

Usando uppercuts e cruzados mortais, Hebert Conceição abriu caminho para o ouro em Tóquio © Wander Roberto / COB

O ouro do baiano é o segundo do Time Brasil na modalidade e o primeiro na categoria peso médio. Robson Conceição, de quem Hebert é fã, ganhou pelo peso leve em 2016, no Rio

Por Helena Sbrissia / Global Sports
7 de agosto de 2021 / Curitiba (PR)

Poucas horas após o ouro olímpico de Isaquias Queiroz na canoagem, o boxe via o segundo pugilista brasileiro na história ganhar uma medalha de ouro. O baiano Hebert Conceição (75kg), de 23 anos, venceu a decisão ao acertar o rival Oleksandr Khyzniak, da Ucrânia, com um cruzado de esquerda no queixo que levou ao nocaute. Aos 26 anos, ele estava invicto há 62 lutas desde 2016.

O resultado quase parece improvável. Essa foi a primeira vez em toda a carreira que Hebert nocauteou um adversário numa luta internacional. Nesta final, ele passava por maus bocados, já que tinha perdido os dois primeiros rounds de acordo com a decisão dos juízes. Por isso, ao entrar no último assalto, sua única opção para conquistar a medalha de ouro era o KO.

“Eu tinha perdido dois rounds, mas sabia que em três minutos dava para fazer um nocaute. Se eu tomasse um nocaute, tudo bem, eu já teria perdido mesmo, não interessava. Eu sabia que era possível, não imaginava como seria, não sou nocauteador, achei que ia ser no estilo e elegância, mas o nocaute veio de uma maneira linda, no momento que precisava”, explicou Conceição após a luta que colocou seu nome na história da modalidade.

O golpe partiu de uma estratégia que só foi possível graças ao treinamento intensivo que o soteropolitano recebeu. Moni Silva, seu técnico, deu o passo a passo que poderia levar Conceição à vitória: um “pombo”, ou seja, um direto que cai de cima para baixo, para abrir a guarda de Khyzniak e permitir um golpe em seu queixo. Hebert executou à risca e com maestria. O resultado não poderia ter sido outro.

Hebert acerta um cruzado de esquerda e implode o ucraniano Oleksandr Khyzniak © Wander Roberto / COB

O baiano chegou à competição como um dos principais candidatos ao pódio. Ele recebeu a medalha de bronze no Campeonato Mundial de 2019 e a de prata nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, no mesmo ano. Na campanha pelo ouro, Hebert derrotou o chinês Tuohetaerbieke Tanglatihan nas oitavas de final, o cazaque Abilkhan Amankul nas quartas e o russo Gleb Bakshi na semifinal.

O novo campeão olímpico começou a lutar aos 15 anos, na capital baiana. Ele foi treinado por um dos maiores nomes da modalidade, o ex-campeão mundial Luiz Dórea, fundador da Academia Champions, para quem “a Bahia é o coração do boxe no Brasil.”

Conceição é, também, tricampeão brasileiro de boxe no campeonato Elite, evento considerado o mais importante do País. Ele faturou as edições de 2017, 2018 e 2020 lutando na categoria peso médio (até 75kg).

Ele ajudou o boxe do Brasil a ter a melhor campanha já realizada, superando os três pódios de Londres 2012, com a prata de Esquiva Falcão (médio) e bronzes de Yamaguchi Falcão (meio-pesado) e Adriana Araújo (leve). Antes deles, apenas Servílio de Oliveira havia ganhado um bronze na Cidade do México em 1968.