Ô-Sensei Morihei Ueshiba fundador do Aikidô, a arte da paz

Ô-Sensei Morihei Ueshiba

Contemporâneo de Jigoro Kano e Gichin Funakoshi, Morihei Ueshiba foi um dos mais expressivos e importantes mestres das artes marciais do Japão

Aikidô
25 de agosto de 2020
Por DILVA FRAZÃO I Fotos PINTEREST
Curitiba – PR

Ô-Sensei (Grande Mestre) Morihei Ueshiba nasceu em Tanabe, Wakayama, Japão, no dia 14 de dezembro de 1883. Filho de um próspero fazendeiro e integrante do conselho municipal desde pequeno praticava exercícios físicos. Com 17 anos, teve seu primeiro contato com a escola de artes maciais de Tenjin Shinyo-Ryu Jujutsu. Em 1901, terminado seus estudos secundários, abriu uma papelaria em Almacén, em Tóquio, mas adoeceu e o negócio não prosperou.

Em 1903, casou-se e logo depois se alistou no Exército Imperial do Japão para lutar na Guerra Russo-japonesa. De volta a Tanabe conheceu Sokaku Takeda, mestre de Aikijujutsu, do estilo Daito-ryu, tornando-se um de seus melhores alunos. Também estudou com Nakai Masakatsu com quem aprendeu os princípios do Yagyu-Ryu, e recebeu o título de instrutor de artes marciais em 1908, o que lhe permitiu abrir sua primeira academia.

O legado de Morihei Ueshiba para a humanidade é gigantesco

Em 1912, reuniu várias pessoas, entre camponeses e militares e seguiu para a ilha de Hokkaido, onde fundou o povoado de Shirataki, onde a prefeitura da região acolhia a todos que desejassem trabalhar na terra. Durante sete anos exerceu a chefia da nova colônia, cultivava a terra, servia no conselho municipal e contribuiu para o desenvolvimento da região.

Em 1915, se encontrou com o mestre Sokaku Takeda que o admitiu como seu discípulo e lhe instruiu na arte da espada. Em 1920, com a morte de seu pai, regressou para Tanabe. Logo depois foi para Ayabe, onde conheceu Onisaburo Deguchi, líder da seita religiosa “Omoto-kyo”, derivada do Shinto, onde encontrou consolo nos ensinamentos da meditação. Decidiu fixar residência e instalar uma escola em sua casa onde ensinou Daito-ryu Aikijujutsu.

Em 1924, Onisaburo Deguchi convidou Ueshiba para irem à Mongólia estabelecerem um novo ponto de difusão da religião. Seguram para a Mongólia, mas encontraram uma região violenta e acabaram presos. Após cinco meses de negociações, são libertados pelo consulado japonês. Retorna para Ayabe e dedica-se à meditação e ao estudo do Budo. Oito anos passados nas montanhas de Ayabe foram decisivos para seu amadurecimento espiritual. Estudou filosofia Xintoísta e dominava o conceito de Koto-Tama (similar aos mantras).

Em 1925 foi desafiado por um oficial armado com um sabre. Ele desarmado, se esquivava tão rapidamente que deixou o oficial exausto e assim desistiu do ataque. Ao retornar para sua cabana experimenta o que os japoneses chamam de sumi-kiri (a claridade da mente e do corpo). Logo sua técnica de caráter defensivo chegou ao conhecimento das altas autoridades militares e policiais de Tóquio. Em 1927 mudou-se para Tóquio e começou a prestar serviços para a Casa Imperial, ensinando “Aikidudo”.

O êxito foi tão grade que Ueshiba instala um dojô (local do caminho) em Tóquio, e diversos iam surgindo o Japão, abertos por seus alunos. Com o início da Segunda Guerra, vários alunos foram convocados para servir, foi então que Ueshiba decide se retirar para suas terras nos arredores de Iwama, ao norte de Tóquio. Nessa época, nomeia sua arte de “Aikidô”.

Com o fim da Guerra, as autoridades de ocupação americanas proíbem a prática do Aikidô e das outras artes marciais. Em 1948, o governo permitiu o ensino do Aikidô como uma arte marcial dedicada à promoção da justiça e da paz. O Aikidô já estava consolidado como uma arte diferente das outras artes marciais e, a fama de Ueshiba se estendia por todo país. Em setembro de 1956 o Aikidô foi reconhecido oficialmente e em 1960 Ueshiba fez a primeira apresentação pública de sua arte. A partir de 1961 sua arte começou a se espalhar por outros países.

Morihei Ueshiba faleceu em Iwama, Japão, no dia 26 de abril de 1969. Após sua morte, foi sucedido por seu filho, que posteriormente reuniu os ensinamentos no livro O Espírito do Aikidô.

Dilva Guimarães Frazão possui bacharelado em Biblioteconomia pela UFPE e é professora do ensino fundamental. Desde 2008 trabalha na redação e revisão de conteúdos educativos para a web da e Biografia.com