17 de novembro de 2024
Para Comando da Polícia Militar, homicídio seguido de suicídio é improvável
Polícia Militar investiga circunstâncias da ocorrência que levou a mortes do cabo Mário Sabino Júnior e do sargento Agnaldo Rodrigues
Tragédia de Bauru
27 de outubro de 2019
Por TISA MORAES e RAFAEL DE PAULA JCNET
Fotos MALAVOLTA JÚNIOR, ROMEU NETO/TV TEM, JUCA VARELLA/FOLHAPRESS e SAMANTHA CIUFFA
Bauru – SP
O Comando da Polícia Militar informou que considera remota a possibilidade de homicídio seguido de suicídio na ocorrência que resultou na morte de dois policiais militares, na noite desta sexta-feira (25), em Bauru. Conforme o JC noticiou, as vítimas, o judoca olímpico Mário Sabino Junior, 47 anos, que era cabo do 4.º Batalhão da Polícia Militar do Interior (4.º BPM-I), e o sargento Luciano Agnaldo Rodrigues, 50 anos, do Comando de Policiamento do Interior-4 (CPI-4), morreram atingidas por disparos de arma de fogo.
Segundo o coronel Ézio Carlos Vieira de Melo, comandante do 4.º BPM-I, a cena do crime dá indícios de que os PMs perderam a vida por “agressões mútuas”, ou seja, por troca de tiros. Cabo Sabino e sargento Agnaldo foram encontrados por equipes de patrulhamento caídos no solo, já sem vida, em uma rua sem saída, paralela à avenida Antenor de Almeida, na região do Jardim Niceia.
“Aparentemente, um atirou no outro. Mas só teremos certeza do que realmente ocorreu quando o inquérito policial militar for concluído, quando pessoas forem ouvidas, celulares forem analisados e os laudos periciais, provas balísticas e exames necroscópicos ficarem prontos”, destaca, salientando que, como o caso envolve PMs da ativa, a ocorrência será apurada no âmbito da Justiça Militar.
O número de disparos que atingiram os policiais e a possibilidade de uma terceira pessoa estar no local e até ter participado da troca de tiros não foram confirmados pelo Comando da PM. A motivação do confronto também não foi divulgada.
Esposa ouvida
Desde que o crime ocorreu, surgiram várias especulações sobre a possibilidade de o crime ter motivação passional. Uma das hipóteses é de que a esposa do sargento, que também é policial militar, estaria se encontrando com Sabino.
Diante disso, a mulher foi ouvida no CPI-4 durante a madrugada de sábado (26), horas depois da ocorrência. De acordo com o major Nilson César Pereira, a participação dela no caso ainda será apurada.
“Nenhuma hipótese foi descartada, mas ainda não temos nada concreto. Ainda não tenho conhecimento do teor do depoimento. Dependendo da versão apresentada, ela poderá ser incluída ou não no rol de pessoas que têm ligação com o ocorrido”, frisa.
O coronel Ézio destaca, contudo, que todas as informações ventiladas, inclusive em redes sociais, ainda são meras suposições. “Até para não provocar injustiças, é prudente aguardar a conclusão do inquérito. Neste primeiro momento, nossa maior preocupação é oferecer apoio às famílias dos policiais”, pontua o comandante.
Mais de 20 anos
O cabo Sabino e o sargento Agnaldo prestaram mais de 20 anos de serviços à corporação. Na noite do crime, contudo, nenhum dos dois estava trabalhando. O corpo de Sabino foi sepultado na tarde deste sábado no Cemitério do Jardim Redentor. Já o corpo do sargento Agnaldo foi enterrado no Cemitério Municipal de Pirajuí.
Despedida de atleta é marcada por consternação e homenagens
O velório do judoca e policial militar Mário Sabino Junior foi marcado pela consternação de amigos e parentes, ainda impactados pela perda repentina. Atleta de caratê e amigo do PM, Fabiano Teixeira contou que trabalhou com Sabino em projetos do esporte em Bauru e ressaltou que ele era um exemplo.
“Além de um grande amigo, era um ícone do esporte, nosso campeão. O esporte e os esportistas perdem bastante. Muitos alunos do judô passaram pelo velório para homenageá-lo. É uma tragédia”, afirma.
Maria do Carmo de Moura, prima do judoca, lembrou de como Sabino era querido pelas crianças dos projetos dos quais ele participou. “Ele representou o esporte, foi nosso herói e nos deu muitas alegrias. Era nosso orgulho. Ficam, agora, os momentos bons que tivemos juntos. A vida sempre nos surpreende e, infelizmente, foi dessa forma trágica”, lamenta.
Em nota publicada na manhã deste sábado, a Confederação Brasileira de Judô expressou “profundo pesar e consternação pela perda repentina e trágica” do judoca. “Mário Sabino Junior será lembrado para sempre e com carinho por toda a família do judô brasileiro”, publicou.
No Twitter, o Comitê Olímpico do Brasil também lamentou a morte. “Uma grande perda para o movimento olímpico. Descanse em paz, Sensei Mário Sabino”. A nadadora Joanna Maranhão também prestou homenagem. “Ele era realmente tudo o que as pessoas sempre diziam. Uma pessoa doce. Vai fazer muita falta”.