15 de novembro de 2024
Presidente da CBJ declara guerra às federações que não o apoiam
Cobranças indevidas, superfaturamento dos exames de graduação no meio da temporada e todo tipo de perseguição compõem a nova estratégia de Sílvio Acácio para atacar e neutralizar seus opositores
Por Paulo Pinto
15 de outubro de 2021 / Curitiba (PR)
Dando sequência à administração desastrosa que tirou a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) do topo do ranking das confederações nacionais para colocá-la no grupo das mais desestruturadas, Sílvio Acácio Borges aposta agora todas as fichas na caça implacável a seus opositores.
Obcecado por vingar-se daqueles que ousam enfrentá-lo nas urnas e no dia a dia da gestão, o presidente da CBJ a cada dia confirma o que denunciamos há muito: a Confederação Brasileira de Judô pratica uma administração temerária.
Sílvio Acácio será lembrado por sua incompetência gigantesca, por suas falácias, por suas verdades distorcidas e, principalmente, por ter sido o dirigente que destruiu a entidade esportiva líder no Brasil em visibilidade, receitas e conquistas olímpicas.
Mapa da catástrofe administrativa
À frente da CBJ em seu segundo mandato, Sílvio Acácio acumula proezas como abandonar o Centro de Treinamento que custou mais de 40 milhões de reais e era um legado dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Em menos de um ano queimou os 10 milhões de reais que seu antecessor havia deixado no caixa da entidade como fundo de reserva. Ao invés de reduzir custos, aumentou seu próprio salário. Permitiu que a TV aberta fechasse o espaço que mais dava visibilidade ao judô, no programa dominical líder de audiência nacional, Esporte Espetacular. Sem essa vitrine, o judô perdeu patrocinadores e o contrato com o patrocinador máster que termina em dezembro dificilmente será renovado.
Exibindo habilidade e visão política zero, o presidente da CBJ impôs enormes restrições aos seus opositores e literalmente travou o judô nos Estados do Paraná, São Paulo, Pará, Paraíba e Santa Catarina. Utilizando a Justiça de forma ilícita, tentou impor o terror, levando alguns dirigentes a renunciarem aos cargos para evitar que a modalidade parasse de vez em seus Estados.
As competições e disputas transferiram-se dos tatamis para os tribunais. Assim como fez em Santa Catarina, Sílvio Acácio judicializou o judô brasileiro e hoje as principais contratações da entidade são grandes e imponentes escritórios de advocacia esportiva. Aliás, advogados contratados a peso de ouro para atacar e engessar as federações estaduais que não apoiam seus desmandos.
É preciso parar para avaliar o tamanho do abismo criado em torno da confederação brasileira enquanto instituição de administração esportiva. Os advogados contratados pela CBJ são pagos para atacar e golpear da pior forma possível as entidades que, em última instância, são a razão de a CBJ existir. Algumas federações estaduais, após quase dois anos de pandemia, quase não conseguem mais manter as portas abertas.
Recentemente a Budô publicou reportagem intitulada Projeto de captação, plataforma de campanha do presidente da CBJ foi realizado em janeiro, mas até hoje não foi executado, mostrando que, mesmo dispondo de orçamento milionário, a CBJ não fez absolutamente nada por suas filiadas durante o período de restrições que paralisou o esporte. Pois bem, três dias depois, a CBJ publicou reportagem mentirosa intitulada Em reunião semanal, presidência da CBJ alinha próximos passos do Programa de Apoio às Federações. Já se passou mais de um mês e como é de costume, nada foi feito pelas 27 federações estaduais que continuam à beira da falência devido à incompetência administrativa, falta de sensibilidade e má vontade de toda a equipe da CBJ.
Osae-komi nas federações estaduais
Buscando impor no Brasil o modelo adotado por republiquetas da América Latina, nas quais uma confederação totalitária dispensa a participação de entidades regionais, no dia 11 de outubro, ou seja, no limiar da temporada, a CBJ publicou em seu portal nova tabela de preços com aumento de 500% nas taxas de certificados de graduação. Tal esbulho inviabiliza totalmente a única fonte de lucro que as federações poderiam ter nesta temporada para sobreviver até o início da próxima, quando o judô definitivamente retomará seu calendário nos Estados.
Um reajuste de 500% é impraticável em qualquer atividade comercial ou industrial, mas fazer isso no limiar de uma temporada chega a ser cruel, pois isso certamente inviabilizará o funcionamento e a sobrevivência das federações estaduais.
Georgton Thome Burjar Moura Pacheco, presidente da Federação de Judô do Estado de Tocantins, conversou com o presidente da CBJ, mas todos os seus pedidos foram em vão.
“No último exame de graduação realizado em nosso Estado a CBJ cobrava a taxa de R$ 100. Isso é amoral e impraticável, principalmente num momento em que toda a sociedade sofre as sequelas da pandemia. Ninguém tem dinheiro para nada no Brasil e no mundo, e com essa atitude o presidente da CBJ mostra total insensatez e insensibilidade. Vivemos um momento de resgate em todos os setores da vida, e com este ato truculento a confederação mostra total desprezo por seus filiados”, declarou o dirigente tocantinense.
Outro dirigente do Nordeste (que pediu anonimato em função das habituais retaliações) declarou que em seu Estado a taxa de promoção começou a ser paga pelos candidatos em fevereiro. Ele não tem como repassar este aumento abusivo para os filiados que durante toda a temporada estudaram e se prepararam para realizar o exame no fim do ano. “Essa cobrança é amoral e certamente visa a aniquilar os dirigentes que se opõem ao presidente da CBJ. Todos sabem que os que o apoiam politicamente ficam isentos de recolher a taxa de expedição de certificado”, afirmou o dirigente. “Lamentavelmente teremos de resolver mais este problema na Justiça comum, pois todos nós entendemos que se trata de mais uma atitude persecutória e criminosa de Sílvio Acácio Borges.”
Seus correligionários – presidentes das federações que formam a base política de Sílvio Acácio – são os únicos que poderiam pressioná-lo para que mudasse seu comportamento, mas lamentavelmente nada fazem para mudar este quadro. Pior, ainda endossam atitudes que conspiram até mesmo contra a própria CBJ enquanto instituição responsável pelo fomento e o desenvolvimento da modalidade.
O retrocesso administrativo é tão grosseiro e consolidado que já atingiu a área técnica. Prova gritante disso é que nesta semana a seleção brasileira de judô embarcou para a Europa, onde disputará o Grand Slam de Paris, com apenas dez atletas. Não lembramos de ter visto, nos últimos 20 anos, o Brasil disputar essa importante competição com a equipe incompleta. E ninguém cobra e absolutamente ninguém dá satisfação – até porque as pessoas que compõem a diretoria da CBJ julgam-se acima de cobranças e explicações.
Triste fim do judô brasileiro!