Professores da Escola Paralímpica do CPB dão dicas para inserir crianças com deficiência no esporte

Professora da Escolinha Paralímpica de Esportes conversa com alunos durante aula ministrada no CT, em São Paulo © Ale Cabral / CPB

A prática esportiva adequada para crianças e adolescentes é uma ferramenta importante de inclusão social

Fonte CPB
17 de novembro de 2021 / Curitiba (PR)

A prática esportiva adequada para crianças e adolescentes com deficiência torna-se uma grande ferramenta de inclusão social em qualquer ambiente social. Para atuar nesta missão, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), entre outros programas, realiza o projeto da Escola Paralímpica, que tem como objetivo promover a iniciação de crianças com deficiência física, visual e intelectual na faixa etária de 10 a 17 anos em dez modalidades paralímpicas.

Atualmente, são dez modalidades contempladas no projeto: atletismo, bocha, esgrima em cadeiras de rodas, futebol de 5, goalball, judô, natação, parabadminton, tênis de mesa e vôlei sentado. Todas compõem o atual programa dos Jogos Paralímpicos, estabelecido pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC).

Porém, em ambientes escolares ou em instituições que oferecem a prática esportiva, percebe-se, ainda, que são comuns as dúvidas relativas à conduta do professor ao receber um aluno com deficiência, às atividades que podem ser desenvolvidas para incluir toda a turma e até mesmo como o professor deve integrar participantes com e sem deficiência.

O diálogo é muito importante em quaisquer relações humanas. Ao receber um aluno com deficiência para aulas de Educação Física, cabe ao professor ouvir a criança para entender suas dificuldades e preferências © Yogendra Singh

Professor de atletismo do CPB, Henrique Gavini de Freitas salienta que o trabalho na base não é apenas essencial para a descoberta de atletas e talentos esportivos, mas, sobretudo, para o desenvolvimento de cidadãos.

“O desafio do treinador responsável por desenvolver pessoas no esporte é se preocupar, inclusive, com a formação acadêmica delas, mostrando caminhos que vão além das competições esportivas”, explica Freitas.

Pensando nisso, o CPB reuniu alguns professores que ministram aulas nas escolinhas do programa. Eles deram algumas dicas valiosas para os Profissionais de Educação Física que atuam na iniciação esportiva, a fim de contribuir para uma melhor inclusão de crianças com deficiência no esporte. Confira.

Ouça o aluno com atenção

 O diálogo é muito importante em quaisquer relações humanas. Ao receber um aluno com deficiência para aulas de Educação Física, cabe ao professor ouvir a criança para entender suas dificuldades e preferências. Além disso, o profissional também necessita ter um conhecimento prévio para saber quais atividades são as mais indicadas para cada tipo de deficiência.

De acordo com Filipe Barboza, coordenador do projeto Escola Paralímpica de Esportes e Centros de Referência do CPB, mais do que ouvir o aluno sobre as questões acima, o professor também deve perguntar se a criança já teve alguma vivência esportiva anterior. Isso possibilitará uma melhor interação com ela.

Atividades lúdicas

Assim como acontece com crianças sem deficiência, a introdução ao esporte deve ser feita de maneira lúdica, com movimentos próximos aos dos fundamentos das respectivas modalidades. Professor de vôlei sentado do CPB, Danilo Ribeiro de Novaes afirma que a brincadeira ajuda na aprendizagem. “A aprendizagem ocorre de forma mais assertiva quando ensinamos brincando. Com o tempo, incluímos a técnica de cada fundamento, de acordo com as especificidades de cada aluno. ”

Materiais esportivos

Danilo também chamou a atenção para o cuidado que os professores devem ter na escolha dos materiais esportivos utilizados pelas crianças. No caso do vôlei sentado, que é uma modalidade de muito impacto entre a bola e os jogadores, o recomendável é não utilizar bolas oficiais logo no início das aulas. “Nessas situações, usamos bolas leves, feitas de borracha ou E.V.A”, disse.

Entender a deficiência

Professora de natação do CPB desde 2018, Alessandra Teodoro Almeida recordou quando recebeu uma aluna com distrofia muscular de duchenne (DMD). “Eu não sabia o que era e como dar aulas para ela. Então, à época, eu fui à Associação Brasileira de Distrofia Muscular (ABDIM) para aprender sobre essa deficiência e saber o que podia ou não ser feito. E, assim, fiz com todas as outras crianças com deficiência. Aprendi até alguma coisa sobre fisioterapia e adaptei manobras na piscina. Enfim, sempre pesquisei muito”, afirmou.

Cursos de capacitação

Alessandra também ressaltou a importância dos cursos de capacitação, como os oferecidos pelo CPB. “Quando comecei a trabalhar com crianças com alguma deficiência, não havia tantos cursos como há hoje. Então, o ideal para os professores que estão começando agora ou até para os mais experientes é a busca pelo constante conhecimento por meio dessas ferramentas”, finalizou.

Saiba como se inscrever

Ainda há vagas para participar do projeto de iniciação esportiva, basta preencher a ficha de cadastro disponível neste AQUI. Para mais informações sobre o projeto, entrar em contato pelo e-mail: escolaparalimpica@cpb.org.br.

Os alunos são atendidos dois dias por semana, divididos em turmas às segundas e quartas-feiras e terças e quintas-feiras, em dois horários: das 14h às 15h30 e das 16h às 17h30.

As aulas retornaram com os seguintes protocolos sanitários: todos deverão utilizar máscara, com exceção dos alunos no momento das atividades; os acompanhantes deverão apresentar o comprovante de vacinação contra covid-19, assim como os alunos dentro da faixa etária do Programa Nacional de Vacinação.

As crianças recebem uniforme e lanche enquanto estiverem no CT Paralímpico. Também é oferecido transporte em locais estratégicos nos municípios parceiros. Todos os serviços são oferecidos gratuitamente.