Professores e judocas avaliam experiência vivida no Shotyugeiko de Divinolândia

Senseis Danilo Pietrucci e Diego Buzon © Global Sports

Incentivado pelo poder público e pela iniciativa privada, o projeto de Divinolândia qualifica-se como embrião de nova forma de transmitir o judô para as futuras gerações

Por Paulo Pinto / Global Sports
10 de fevereiro de 2023 / São Paulo (SP)

Nesta terceira e última reportagem sobre o Shotyugeiko de Divinolândia 2023 ouvimos professores que foram ao treinamento intensivo de verão para aumentar seu conhecimento, bem como judocas que buscaram em Divinolândia maior aprimoramento técnico.

Professor Carlos Eduardo e seu aluno Matheus Vaz, grande destaque do encontro pelo comprometimento mostrado © Global Sports

Responsáveis pelo maior shotyugeiko do Brasil, os senseis Danilo Pietrucci e Diego Buzon de Souza enfrentaram quase 20 anos de peregrinações ao CAT e aos dojôs da capital paulista para acumular o conhecimento que transmitem hoje. Por isso, os abnegados professores imaginaram um evento que permitisse aos judocas do interior fazerem o caminho inverso, ou seja, receberem em regiões próximas de casa os detentores do conhecimento de que necessitassem para melhorar o desempenho.

Professor Márcio Kakuda de Mozarlândia, norte de Goiás © Global Sports

Em sua 17ª edição, o projeto de Divinolândia mostrou que reúne todos os requisitos para ser o embrião de uma nova forma de transmitir o judô para futuras gerações, se continuar a receber incentivo das iniciativas pública e privada. Trata-se de uma proposta efetiva, democrática e humana para mostrar o caminho (Dô) a meninas e meninos que buscam uma pequena oportunidade para ter acesso a boa formação. E que vai além da prática esportiva, proporcionando uma vida mais saudável e com melhor qualidade, por meio do aprendizado contido no treinamento de verão.

Prefeito Antônio de Pádua Aquisti, o Padoca, faz seu depoimento durante a cerimônia de abertura © Michella Passoni Aurilietti de Melo

Graças ao prefeito Antônio de Pádua Aquisti, um gestor público que reconhece o papel socioeducativo do esporte, pela primeira vez a Prefeitura de Divinolândia ofereceu apoio substancial ao evento, permitindo que ele se abrisse a centenas de crianças e jovens da cidade e da região, sem contar o projeto que é mantido com apoio público.

Ana Luísa Tomaz de Souza, da Associação de Judô de Divinolândia unidade Aguaí © Global Sports

Ao avaliar o evento deste ano, Sensei Danilo afirmou que, em termos de qualidade e infraestrutura, esta foi a melhor edição. “Se a compararmos com outros anos, foi espetacular. Queiramos ou não, ainda vivemos o pós-pandemia, período em que tudo relacionado à prática esportiva sofreu um baque enorme em função das medidas equivocadas adotadas pelos governos. Mas, felizmente, neste ano o pessoal veio com força e obtivemos uma resposta excelente. Não penso apenas nos números e nas inscrições, mas na importância que o nosso evento alcançou no País, pois recebemos atletas e professores de dez Estados: Tocantins, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraná e São Paulo. Penso também na quantidade de pessoas que aqui estiveram e vão retransmitir tudo que aprenderam.”

Judoca do projeto de São Bernardo do Campo, Victor Hugo Gonçalves Pietrucci © Global Sports

Pietrucci enfatizou que a organização buscou desfazer a ideia de que os judocas têm de sofrer nos kangeikos: acordar às 4 horas, passar frio, treinar com forme, como se o treino fosse para formar a elite do Exército, no qual os homens são colocados à prova e severamente subjugados.

“Cortamos radicalmente esse modelo retrógado e fora de propósito. Hoje as crianças querem apenas treinar, querem ser atletas, mas desfrutar momentos de lazer. Todos estão de férias, por isso oferecemos diversão sadia e recreação, como uma boa piscina, por exemplo. O acampamento feito na escola foi acompanhado do translado, e as crianças não tiveram de ficar andando de um lado para outro. E todos recebem refeições de muita qualidade. Assim conseguimos proporcionar uma boa infraestrutura e a tranquilidade necessária para crianças que estão acostumadas a uma rotina de vida com qualidade e conforto. Isso é fundamental para que o rendimento delas no treinamento seja satisfatório.”

Íris Siqueira César, da Associação Matsumi de Judô e Karatê, de São José do Rio Preto © Global Sports

Pietrucci lembrou que o trabalho já é feito há algum tempo, e os organizadores acumulam o conhecimento necessário. “Já tivemos treinamentos com mais de 300 pessoas e com a presença das quatro ou cinco maiores equipes do País. Então, quando nos propomos a fazer alguma coisa, estamos tranquilos quanto à adesão, não só dos praticantes, mas da prefeitura e da federação paulista; neste ano pudemos contar com o apoio até da revista Budô. O know-how que adquirimos é enorme e por isso conseguimos sempre atrair os melhores profissionais de cada área, gente como Vânia Ishii, Fiebig e Barbosinha, professores que já escreveram seus nomes na história como atletas da seleção brasileira e hoje se destacam pela qualidade do conhecimento pedagógico.”

Segundo Pietrucci, a Prefeitura de Divinolândia é o patrocinador máster do shotyugeiko, oferecendo toda a estrutura necessária para a realização do evento, desde o local de treino até translado, alojamentos e alimentação.

“Aliás, as minhas palavras finais são de agradecimento ao prefeito Antônio de Pádua e à secretaria municipal de Esportes, por terem apoiado nosso projeto. E também aos professores que compraram a nossa ideia e ratificam a confiança que une Divinolândia ao cenário nacional da modalidade. Agradeço ainda à diretoria da FPJudô e da 12ª DR Mogiana, aos atletas e professores que participaram e abrilhantaram nosso evento e, especialmente, especial ao meu parceiro Diego, pois depois que começamos a trabalhar juntos a coisa só melhorou. Não é mérito nosso, mas das pessoas que confiaram em nós: pais e mães dos judocas que buscam o caminho da vivência e acreditam no valor do aprendizado”, concluiu Pietrucci.

Ezequias José do Nascimento, da Associação de Judô Professor Farath © Global Sports

O balanço geral feito pelo sensei Diego Buzon de Souza, da Associação de Judô de Divinolândia na unidade de Aguaí, também é bastante positivo.

“Ficamos parados dois anos, mas agora tivemos um retorno maravilhoso, até surpreendente, pela quantidade de judocas inscritos. Contamos com o know-how de professores muito bem qualificados no cenário nacional e internacional, e isso nos proporcionou a participação inesperada.”

Para Buzon, o ponto alto do treinamento foi a organização, devido ao apoio da prefeitura, que cedeu toda a infraestrutura, permitindo que o evento fosse planejado com uma margem de erro muito pequena. Além de oferecer uma infraestrutura fantástica aos atletas, viabilizou um material humano fantástico e professores renomados.

“Não temos críticas ou reclamações, conseguimos atingir todas as metas e cumprir o que havíamos planejado. Algum detalhe que tenha escapado vamos corrigir no ano que vem. O Danilo e eu trabalhamos juntos há cinco anos e nesse período aprendemos muito sobre organização de eventos e assim pudemos trazer o que há de melhor no campo docente. Mas o principal foi a colaboração de cada professor que veio ou enviou seus alunos para nosso treinamento de verão. Somos muito gratos a todos.”

“Em especial quero agradecer ao Danilo. Essa parceria foi um divisor de águas em minha vida e se chegamos onde estamos é porque fazemos um trabalho com enorme responsabilidade e competência. E não posso deixar de mencionar professores, alunos e famílias que permitiram que seus filhos viessem em busca de mais conhecimento.”

Senseis Barbosa, Vânia Ishii, Marília Alves e Diego Pietrucci © Global Sports

O professor Márcio Kakuda, ex-atleta do Projeto Futuro, residente em Mozarlândia, norte de Goiás, levou seus dois filhos para vivenciarem o treinamento de verão de Divinolândia.

“A importância do shotyugeiko (treinamento de verão) e do kangeiko, (treinamento de inverno) não reside só na troca de experiência com professores ou na vivência com judocas de outras escolas, mas em manter viva a cultura do judô e motivar os atletas a evoluírem tecnicamente numa época que todos estão de férias.”

Para Kakuda o melhor de tudo é o círculo de amizades e o relacionamento com praticantes da modalidade que se ama. “Tudo que os jovens aprendem e experimentam aqui fica para sempre. Um bom exemplo são os senseis Vânia, Barbosa e Elton, que representaram o Brasil como grandes atletas e hoje são grandes professores.”

“Ficamos juntos quase uma semana nos tatamis e demais atividades, porém aprendemos mais que os atletas. Achamos que estamos ensinando, mas acabamos aprendendo muito com eles, pois o judô é aprimoramento constante. Temos de estar sempre nos aprimorando, aprendendo com as crianças, enquanto aprendem conosco, e essa troca levaremos para sempre”, observou sensei Márcio.

Os atletas que estiveram no shotyugeiko contaram com translado do alojamento para o ginásio e demais pontos incluídos no programa © Global Sports

Instrutor-chefe do projeto Instituto Meninos de Ouro, que conta com apoio da Prefeitura de Guaíra (SP), e atende 500 crianças no município, Stefânio Stafussa levou uma das maiores delegações a Divinolândia.

“A principal importância do shotyugeiko é fazer com que a molecada volte para casa acordada. Aqui os jovens têm um choque de realidade, e a experiência que adquirem em nível de treinamento é gigantesca.

Esse tipo de treino e vivência não acontece dentro da academia e no ensino diário, sem contar a experiência dos professores. Além de filha de um medalhista olímpico, Vânia Ishii disputou cinco mundiais e cinco olimpíadas. Sensei Barbosa é referência mundial em ne-waza e no jiu-jitsu. Além de um conhecimento técnico fora do comum, o Elton Fiebig tem nível para ser técnico de seleção brasileira, acumulando uma vivência pedagógica gigantesca. Ele toca treinos com 100 ou 200 alunos com a maior tranquilidade e leva cada um dos atletas na ponta dos dedos. A qualidade da equipe docente é surpreendente e todos nós aprendemos com eles. Então, voltando às crianças, o nível de conhecimento que adquirem e acabarão levando para seus dojôs é verdadeiramente sensacional”, comentou Stefânio.

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Assim como Kakuda, Stafussa enfatizou a troca de conhecimento com a garotada e o estabelecimento de novas amizades, fundamentadas no conhecimento que estão assimilando com outros técnicos.

“Participo de shotyugeiko há 30 anos, mas sempre há uma coisinha ou outra que compromete o evento, e aqui isso não aconteceu. Tudo que foi prometido foi entregue. Outro detalhe importante é que não houve imposição de as crianças acordarem de madrugada ou ignorarem o horário dos treinos devido à falta de organização. Existe uma programação que é seguida à risca e tudo isso vai ao encontro aquilo que penso. Quem treina às 3 da manhã treina às 8. A imposição de dificuldade para gerar superação é bacana, porém o risco de contusão nas crianças é enorme. Então, o formato adotado aqui foi bem adequado: a molecada sabe o que vai fazer e a que horas, além de tempo para o lazer, nadando ou jogando bola. Não é só judô, judô e judô.”

Stefânio acredita que as crianças voltarão para casa com vontade de treinar mais e passar para os colegas tudo o que aprenderam. “Já participei de outros treinamentos de verão e acabei perdendo vários alunos porque, ao retornar depois de se matar no shotyugeiko, o garoto se desilude do judô. Aqui não vi ninguém se machucando; treinaram felizes e com vontade de voltar no ano que vem.”

O professor Marcelo Makoto de Bom Jesus dos Perdões apresentou uma excelente palestra sobre arbitragem © Global Sports

Carlos Eduardo Evangelista Gomes, professor da Academia Corpore Sano de Ribeirão Preto, considera fantástico o treinamento no início do ano. Segundo ele, as crianças e os professores voltam para casa mais animados, mais preparados para as competições da temporada.

“A gente sempre participa do treinamento de verão de Divinolândia. A oportunidade de rever os amigos, de pegar no judogi novamente e compartilhar experiências é de fundamental importância para quem faz projetos mais ambiciosos na temporada. Aqui conseguimos sentar, conversar, treinar juntos, e falar sobre assuntos que nos interessam.”

“A sensei Vânia Ishii tem o judô no DNA. Sensei Elton exibe uma experiência inestimável e o professor Barbosa a cada ano nos ensina um pouco mais. Então, participar desse shotyugeiko não tem preço e recomendo para todos aqueles que integram equipes competitivas e participam dos eventos da FPJudô.”

Carlos Eduardo elogiou a qualidade do conteúdo pedagógico dos treinamento. mostrado no treinamento é material pedagógico de excelente qualidade. “Após minhas vindas a Divinolândia minhas aulas vão-se transformando, porque a cada ano temos novas vivências que acabamos compartilhando no dojô, e isso é muito importante. Sensei Elton tem uma didática particular com as crianças, incorporando uma qualidade técnica estupenda e verdadeiramente japonesa. Ele traz as crianças para a aula e faz com que elas aprendam de verdade, ou seja, elas assimilam tudo que ele passa. É um pedagogo nato, muito pontual e assertivo quando faz suas colocações, e as crianças conseguem captar os ensinamentos. Sensei Barbosa também valoriza muito os detalhes, o que muda não só a forma de treinar, mas a forma de pensar. Os judocas voltam para seus dojôs pensando no treinamento, vão corrigindo suas falhas e atingem os resultados”, concluiu sensei Dudu.

Stefânio Stafussa © Global Sports

Luís César Merli, professor da Associação Master de Judô de Mococa (SP), considera shotyugeiko como este de fundamental importância não somente para o aprimoramento técnico, mas para a troca de conhecimento, a interação e a socialização dos jovens.

“Participei de todas as 17 edições do treinamento de verão. Iniciamos o kangeiko em Mococa, mas depois o sensei Danilo decidiu fazê-lo em Divinolândia e achamos por bem vir para cá. É muito bacana ver as crianças se reunindo nos tatamis, na piscina ou jogando bola, trocando ideias e construindo laços de amizade em torno do mesmo propósito, que é a prática do judô.”

Sensei Merli assinalou que o conhecimento oferecido por professores renomados é fantástico. “Na minha época, quando comecei, ver um atleta com nível olímpico só era possível pela TV. Hoje temos a possibilidade de dividir os tatamis com judocas de nível olímpico como Vânia Ishii, o Barbosinha e o Fiebig.”

Merli reconhece que acaba levando uma bagagem nova para o dojô em cada edição de que participa. “Aprendemos várias técnicas diferentes. A Vânia fez uma apresentação de uchi-komi maravilhosa e de o-soto-gari, umas das minhas preferidas, com um detalhe que eu nunca tinha observado e que vou incorporar a partir de agora. Sensei Barbosa sempre traz uma novidade, e tudo isso nós absorvemos e levamos para o nosso dojô, transmitindo aos nossos alunos.”

O paranaense Thiago Augusto Koswoski © Global Sports

Outra presença de destaque em Divinolândia foi a do professor Marcelo Makoto, que além de participar do treinamento fez uma palestra sobre a arbitragem que prendeu a atenção dos judocas.

“Eu vejo tudo isso de forma muito positiva porque treinar com várias pessoas, de várias academias, sob o cuidado de professores de alto gabarito, faz os participantes começarem o ano renovados tecnicamente.”

Makoto disse que o grande diferencial de Divinolândia é o tratamento dispensado a todos os participantes. “Gosto muito da maneira como o sensei Danilo realiza o shotyugeiko, da forma como cuida da gente e dos alunos. Todos se sentem muito bem”, avalia. “Ter o privilégio de estar com Vânia Ishii, Elton e Barbosa é algo inusitado porque todos são extremamente capacitados pedagogicamente e passam a informação de uma forma que faz com que as crianças estejam prontas para um campeonato, e isso é um grande diferencial.”

Mauro Bueno, professor de judô, mecânico, cantor e instrumentista de Divinolândia com a filha judoca © Global Sports

A professora faixa preta ni-dan Marília Alves, do Instituto Renascer, do Rio de Janeiro, explicou que foi a Divinolândia em busca de mais conhecimento e que ficou satisfeita com tudo que vivenciou.

“Hoje estou com 35 anos, sou professora de judô e de educação física, atuando principalmente com o judô infantil, mas acho que quando pegamos a faixa preta, continuamos querendo sempre aprender mais. Se eu tivesse 100 anos ainda não saberia tudo sobre judô. Vivo em busca da perfeição, em busca de sabedoria, de saber mais e ser mais.” Atleta máster, Marília representa o Brasil e já foi bronze no mundial de 2018, no México, e campeã sul-americana em 2019, no Chile. Seu objetivo neste ano é ir ao mundial e defender o Brasil no F1 até 63kg.”

Marília disse que valeu a pena participar do treinamento de verão, no qual adquiriu muita experiência. “Mesmo fazendo judô há muito tempo, nunca tinha participado de um evento desses. Mas agora consegui tirar férias de todos os compromissos e vim aqui mergulhar no judô. Foi uma experiência única. O que mais apreciei foi ver a Vânia Ishii. É um orgulho e uma honra, e aprender com ela todas as formas de fazer o o-soto-gari foi espetacular

Marília também é faixa preta de jiu-jitsu e gostou da parte do ne-waza mostrada pelo sensei Barbosa. “Estou começando a entender como colocar meu jiu-jitsu no judô. Ele mostrou isso muito bem.”

Treinamento da base © Global Sports

Maria Eduarda Ribeiro, aluna da Associação de Judô de Divinolândia, disse que participou do shotyugeiko para aprender técnicas novas e melhorar sua estratégia nas lutas com vistas às próximas seletivas. O que mais a impressionou foi saber que lá estava a sensei Vânia Ishii, que disputou cinco mundiais e várias olimpíadas.

“Gostei mais de aprender técnicas de chão que eu não conhecia com o professor Barbosa, além de novos golpes. Gostei muito também do ginásio montado para o evento e, principalmente, da qualidade dos tatamis. Por último, gostei muito da comida e da piscina. Se Deus quiser virei no ano que vem”, contou Maria Eduarda.

Danilo Pietrucci, Vânia Ishii e Elton Fiebig com os judocas do Centro de Excelência Esportiva de São Bernardo do Campo © Global Sports

Viviane Domingues Reis, professora da Associação Educacional Cultural Esportiva Makoto, de Bom Jesus dos Perdões (SP), acha o treinamento de verão muito importante porque os judocas estão em busca de conhecimento para competir em vez de aproveitar as férias para descansar. “Eles estão treinando com muita força de vontade, sem deixar de brincar e se divertindir.”

Para Viviane, o ponto alto do evento é ensinamento que os jovens recebem. “Todos os senseis que estão aqui possuem muito conhecimento e qualidade técnica. O treinamento em si é muito legal, mas também muito intenso e os alunos chegaram ao último dia claramente cansados.”

Sensei Viviane fez questão de destacar a qualidade dos itens adicionais do dojô. “O acolhimento, a alimentação, o alojamento, a piscina, os ônibus – tudo funcionando com muita disciplina e comprometimento. Os professores de fora mantiveram o comando sobre a garotada e eu achei tudo muito proveitoso.”

Professores Marco Antônio Barbosa e Stefânio Stafussa © Global Sports

Pela primeira vez no shotyugeiko de Divinolândia, o judoca sho-dan Pedro Frutoso Rocha, da Associação Judô Guerra, de Palmas (TO), elogiou a qualidade das aulas e o acolhimento.

“Estou começando a trabalhar mais profissionalmente nos tatamis e vim aqui para atualizar as minhas técnicas. Os professores são de alto nível, mundialmente conhecidos, e tive contato com o que há de melhor no judô e no jiu-jitsu, já que tivemos a oportunidade de treinar tachi-waza e ne-waza.”

Rocha acha que a experiência valeu muito a pena. “Não apenas por causa do aprimoramento técnico, ou como profissional, mas porque aqui nos sentimos em casa. É como se fosse uma família. Vim sozinho do Tocantins, e assim que cheguei fui muito bem recebido e acolhido pelos senseis Danilo e Diego, atletas e professores.”

“O que mais me surpreendeu foi o lugar. Eu não esperava que fosse assim. Nunca tinha ouvido falar de Divinolândia, vim de ônibus de São Paulo para cá e pude notar que a região é muito bonita e o clima, muito agradável, apesar das chuvas que caíram nessa semana. Sobre o aprendizado, o que mais me surpreendeu foi o detalhamento do o-soto-gari da sensei Vânia. Eu nunca tinha visto nada parecido com a leveza com que ela aplica o golpe. O o-soto-gari é o meu tokui-waza e desde que eu me entendo por judoca treino muito essa técnica.

Judoca sho-dan Pedro Frutoso Rocha, da Associação Judô Guerra, de Palmas (TO) © Global Sports

A judoca Íris Siqueira César, da Associação Matsumi de Judô e Karatê, de São José do Rio Preto, foi a Divinolândia em busca de novas técnicas e principalmente treinar com pessoas diferentes e aprender cada vez mais. “Valeu muito a pena, aprendi várias coisas novas. É bem cansativo, mas a qualidade das informações compensa nosso cansaço.”

Íris gostou especialmente do companheirismo que havia no treinamento. “Todos estavam querendo treinar cada vez mais, e isso faz com que um vá puxando o outro.” Sobre o aprendizado propriamente dito, a judoca da Associação Matsumi disse que aproveitou mais as passagens ensinadas pelo sensei Barbosa. “Eu nunca tinha imaginado nada sobre o que ele passou e tenho certeza de que daqui por diante utilizarei essas técnicas.”

Zarina Paola Biela Covis Merli, da Associação Máster de Judô de Mococa © Global Sports

Na avaliação do professor Ezequias José do Nascimento, da Associação de Judô Professor Farath, de São José do Rio Preto, o treinamento de verão é muito especial. “A garotada aprende muito, e nós que somos professores, também. O treinamento é muito intenso, nem sei como explicar isso que vivenciamos aqui. O importante é que molecada cresce demais neste shotyugeiko.”

Ezequias achou tudo maravilhoso. “Professores incríveis como a Vânia, o Barbosa e o Elton, cada com suas especialidades e qualidades, se saíram muito bem. Ensinaram muitas coisas importantes, principalmente para a criançada que vai sair daqui com outra cabeça. É diferente demais do treinamento feito nos dojôs.”

Icaro da Associação de Judô Makoto e Maria Gabriele de Divinolândia © Global Sports

O sensei da Associação de Judô Professor Farath enfatizou que cada professor possui suas características e seu jeito de trabalhar. “Chegamos aqui e conhecemos um conteúdo que nos faz repensar aquilo que fazemos e agregar parte do que vimos aqui. Sensei Barbosa mostrou muita coisa que eu não conhecia, a sensei Vânia demonstrou sutilezas das técnicas e o Elton deu um show para a garotada. Isso nos faz refletir sobre o treino que oferecemos aos nossos alunos, e isso é muito bom.”

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O professor Welder Fernandes, da Associação Judô Águia, de Cuiabá (MT), voltou a Divinolândia porque o shotyugeiko abre o calendário do judô paulista e pela qualidade que se reúne no evento, tanto dos professores quanto dos atletas. Segundo ele, há uma diversidade muito grande e uma oportunidade de conhecimento também.

“A gente troca informações importantes e faz um treino muito forte. A intenção é essa, dar um choque no organismo para começar o ano focado e aprendendo sempre mais”, disse o cuiabano que gostou muito do fato de pela primeira vez ter uma sensei puxando o treino.

“E não é uma sensei qualquer, mas uma mulher com a experiência de muitos mundiais, olimpíadas, além do ouro e do bronze nos Jogos Pan-Americanos. Foi espetacular ter a oportunidade de conhecê-la e conhecer também um pouquinho do judô dela, sem comparação com tudo que eu havia vivenciado. Foi muito satisfatório estar aqui.”

Professoras Tassiane Buson e Viviane Domingues Reis © Global Sports

Welder enfatizou a atualização das normas da arbitragem que, segundo ele, foi um passo muito importante porque elas ainda não haviam chegado a Mato Grosso. “A estrutura está muito boa, desde a alimentação até os demais itens. Posso afirmar que neste ano o evento está completo. O Danilo inova cada vez mais na infraestrutura, no conforto dos atletas, e na troca de experiências. Em 2024 estarei aqui, se Deus permitir.”

Maria Eduarda Ribeiro, aluna da Associação de Judô de Divinolândia © Global Sports

Velha frequentadora do treinamento de Divinolândia, Zarina Paola Biela Covis Merli, da Associação Máster de Judô de Mococa, participa do shotyugeiko desde 2015 e classifica o treinamento como excelente.

“Geralmente as academias têm um recesso por conta das férias e o treinamento de verão é muito bom para começarmos o preparo para as competições da melhor maneira possível, treinando forte e trabalhando bastante a parte técnica.”

Luís César Merli, professor da Associação Máster de Judô de Mococa © Global Sports

Zarina contou que em 2022 ganhou o qualifying e por isso o treinamento foi muito importante. “Todos os treinos servem para a preparação, principalmente de quem está de férias. Como judoca agreguei mais conhecimento, fiquei mais focada e adquiri um conhecimento mais específico, mais apurado.”

Ana Luísa Tomaz de Souza, da Associação de Judô de Divinolândia unidade Aguaí, entende que o shotyugeiko oferece um treinamento muito forte, no qual ela aprende coisas novas que busca transmitir e ensinar aos seus colegas do dojô. “Gostei de tudo e não há nada específico sobre a área técnica. Mas também gostei muito de conhecer gente nova e professores experientes, coisas que a gente leva para a nossa vida.”  Ana Luísa gostou do o-soto-gari que a sensei Vânia ensinou, mas as aulas de ne-zawa com o sensei Barbosa foram suas preferidas.

Iara Fernanda Florentino, da Associação do Judô Corpore Sano de Ribeirão Preto © Global Sports

Judoca do Projeto Futuro de São Bernardo do Campo, Victor Hugo Gonçalves Pietrucci foi a Divinolândia em busca de mais conhecimento. “O que eu mais gostei foi do carinho que eles têm conosco e dos senseis muito atenciosos, que possuem excelente didática e sabem explicar tudo muito bem. Foi um treino muito bom.

Victor Hugo disse que vai levar o aprendizado da técnica do o-soto-gari, demonstrada pela sensei Vânia. “Na verdade, ela já a tinha explicado no projeto, mas aqui ela detalhou mais e consegui assimilar muito bem. Se tiver oportunidade certamente voltarei nos próximos anos.”

Professor Welder Fernandes, da Associação Judô Águia, de Cuiabá (MT) © Global Sports

Iara Fernanda Florentino dos Santos, da Associação do Judô Corpore Sano de Ribeirão Preto, foi a Divinolândia em busca de novas técnicas e novas experiências. “Meu foco era ter a vivência prática com atletas olímpicos, judocas em quem a gente busca se espelhar para alcançar sucesso e vitórias. Vim também para resgatar um pouco do que nós perdemos nessa pandemia, que nos deixou meio perdidos durante dois anos. Felizmente este ano vai ser diferente, e eu vim para me atualizar, saber o que está acontecendo e para começar o ano bem e com um pouco mais de ritmo.”

A judoca da Associação do Judô Corpore Sano disse ter gostado mais do ne-waza. “Nunca tinha visto técnicas como estas. Além disso, tenho uma admiração enorme pela sensei Vânia Ishii, e poder lutar com ela foi uma grande honra, mesmo apanhando, é claro. Consegui aprender as técnicas, e aplicá-las. Conforme o tempo vai passando, eu vou me aperfeiçoando na minha academia.”

Alícia Esgrille, da Associação Viva Judô do bairro Campestrinho de Divinolândia com a sensei Vânia Ishii © Global Sports

Judoca do Paraná que hoje está no Projeto Futuro, Thiago Augusto Koswoski Mancini voltou a Divinolândia pela quinta vez. “Sempre que eu tenho a oportunidade eu venho, porque adoro esse treinamento. Todos os professores que vêm aqui são muito capacitados e sempre aprendo coisas novas. É sempre um jeito bom de começar o ano focado e treinando.”

“Neste ano gostei bastante das aulas do sensei Barbosa, cuja didática é muito boa. Isso porque o chão é uma das áreas que preciso treinar mais. Lutar no chão já me salvou várias vezes, e sei que se eu fosse melhor poderia ter ganho mais lutas.”

As variações do o-soto-gari da sensei Vânia foram muito úteis para Thiago porque ele é destro e tem problemas com adversários canhotos. “O jeito que ela ensinou me ajudou bastante, deu para fazer. Antes eu sempre ficava travado nessas situações e agora consigo escapar. Ela sabe muito.”

Marcos Romerito Pinto com o filho judoca Henrique Pinto © Global Sports

Com apenas 11 anos, Alícia Esgrille, da Associação Viva Judô de Divinolândia, inscreveu-se no shotyugeiko buscando mais treinamento e aprendizado. “Acho isso que eles fazem para conseguir melhorar o aprendizado das pessoas é muito legal. Valeu a pena demais, aprendi muitas coisas novas.”

Alícia aprendeu a lutar no chão com o sensei Barbosa e também apreciou as técnicas apresentadas pela sensei Vânia. “Resumindo, aprendi várias coisas novas, aprendi o-goshi, e muita luta de chão. Errei algumas vezes, mas eles me corrigiram e fiquei feliz com o cuidado deles.”

Utilizando excelentes recursos pedagógicos, Elton Fiebig lapidou o judô de dezenas de crianças que foram a Divinolândia em busca de aprendizado © Global Sports

O judoca sho-dan Edson Tadeu, da Equipe de Judô Yama, de Itajubá (MG), foi a Divinolândia pela primeira vez e gostou muito do que vivenciou.

“Este shotyugeiko foi muito bem recomendados pelo meu sensei, Alexandre Brás Carneiro. Meu objetivo é adquirir mais qualidade e aqui esse treinamento se encaixou perfeitamente no que nós planejávamos para o início da temporada. Valeu muito a pena.”

O que mais impressionou Edson foi o prazer que o pessoal sente em estar treinando, além da satisfação e do empenho dos senseis ao transmitir o conhecimento que possuem. “Avalio que foi o ponto alto do evento. Acredito que a gente nunca pode parar, temos sempre de buscar atualização e fazer essa rodagem com outros atletas. Com certeza no ano que vem estaremos aqui.”

Equipe do projeto Instituto Meninos de Ouro de Guaíra © Global Sports

Alunos e professores no último dia de treino © Global Sports

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