Projeto Samurai inaugura nova sede e reafirma o judô como ferramenta de transformação social em Santa Catarina

O dojô da Samurai Palhoça chama a atenção pelo visual exótico e pelos tatamis oficiais utilizados nos Jogos de Tóquio 2020© Global Sports

Símbolo de excelência e inclusão, os tatamis olímpicos de Tóquio 2020 agora fazem parte de um projeto social que transforma vidas na Grande Florianópolis, sob a liderança do professor Júlio César Araújo.

Por Paulo Pinto / Global Sports
Curitiba, 16 de maio de 2025

No último fim de semana, Santa Catarina testemunhou um acontecimento inusitado: o lançamento de um dojô construído sobre fundamentos de inclusão, pertencimento e visão. A nova sede da Associação Samurai de Judô, inaugurada em Palhoça, representa mais do que a expansão física de uma entidade — simboliza a consolidação de um projeto que há mais de uma década utiliza efetivamente o judô como ferramenta de transformação social.

Vista superior do dojô © Global Sports

Idealizado e conduzido pelo professor Júlio César de Oliveira Araújo, o projeto Samurai nasceu em 2013 nos tatamis da equipe da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Desde então, vem impactando centenas de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade, oferecendo não apenas prática esportiva, mas também um espaço de cuidado, disciplina e construção de cidadania.

Sensei Júlio agradece a presença de professores e judocas no treino de veteranos, que marcou oficialmente a inauguração do novo dojô catarinense © Global Sports

Com um currículo que combina conhecimento acadêmico, experiência em fisioterapia e décadas de dedicação ao judô, o sensei Júlio é reconhecido como uma liderança no cenário esportivo da Grande Florianópolis. No entanto, a reportagem não foca apenas em sua trajetória pessoal, mas sobretudo na força coletiva que sustenta o projeto: professores, apoiadores, ex-atletas e entidades públicas e privadas que acreditam no poder socioeducativo do judô.

Fachada imponente e de visual exótico do dojô da Samurai em Santo Amaro da Imperatriz impressiona pela originalidade © Global Sports

Um dos marcos que eleva a Samurai ao patamar de iniciativa única no Brasil é a utilização dos tatamis oficiais dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Importados da Ásia após um complexo processo logístico e diplomático, esses tatamis revestem hoje os dojôs da Samurai em Santo Amaro da Imperatriz e Palhoça. Muito mais que um diferencial técnico, eles carregam valor simbólico: representam a conexão entre o ideal olímpico e o trabalho de base realizado em solo catarinense.

Espaço amplo e tatami com 98 peças dos Jogos de Tóquio 2020 que proporcionam um ambiente de tradição e excelência © Global Sports

Gestão participativa e acolhimento para quem realmente precisa

A estrutura da Associação Samurai de Judô segue o mesmo princípio que norteia sua filosofia: inclusão real, acessível e sem barreiras. Os treinamentos são oferecidos gratuitamente, e os alunos em situação de vulnerabilidade recebem também judogis doados, fruto de campanhas de arrecadação promovidas por ex-atletas, apoiadores e voluntários que acreditam na missão do projeto.

Placa na entrada do dojô destaca a doação dos tatamis pelo Governo Japonês, reforçando o valor simbólico e institucional do espaço © Global Sports

Do ponto de vista administrativo, a entidade opera com mandato presidencial de quatro anos, com possibilidade de reeleição. Reconhecida como utilidade pública em nível municipal e estadual, a Samurai também participa ativamente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e busca recursos por meio de editais do Fundo da Infância e Adolescência (FIA), destinação de recursos da prestação pecuniária, emendas parlamentares e projetos junto ao Ministério do Esporte.

O cônsul-geral do Japão, Yasuhiro Mitsui, participou da cerimônia de inauguração do dojô da Associação de Judô Samurai, em Santo Amaro da Imperatriz, ao lado de Gustavo Martins, ex-presidente da entidade e atual vice-presidente © Bruna Campos / Plano B Digital

Um dos pilares do projeto é o apoio da Prefeitura de Santo Amaro da Imperatriz, que atua como parceira efetiva no cotidiano da associação. Atualmente, a administração municipal disponibiliza dois professores com carga horária de 30 horas semanais, além de custear despesas com transporte, alimentação e inscrições em competições. Um convênio para a manutenção da sede da Samurai no município está prestes a ser formalizado, fortalecendo ainda mais a base institucional da iniciativa.

Por sua amplitude e importância histórica, o dojô inaugurado em 5 de julho de 2024 já sediou até eventos internacionais © Global Sports

Nova sede em Palhoça marca expansão e consolida modelo de inclusão da Samurai

A inauguração da nova unidade da Associação Samurai de Judô, em Palhoça, representa a consolidação de um projeto social que cresceu com raízes sólidas e identidade clara. Segundo o professor Júlio César, a escolha do município para sediar a expansão já fazia parte do planejamento da entidade. “Foi aqui que a Samurai nasceu, e aqui estão muitos dos nossos ex-atletas da UNISUL que hoje são empresários e nos apoiam. Além disso, é uma região que precisa de projetos sociais, com comunidades carentes e em risco”, explicou o idealizador.

O cônsul-geral do Japão, Yasuhiro Mitsui, a vice-cônsul Misaki Shoji e a engenheira civil Mayara Orlandi, responsável pelo projeto da Associação Samurai, participaram da cerimônia de inauguração do dojô em Palhoça, celebrando a colaboração entre Japão e Brasil na promoção do esporte e da cultura © Bruna Campos / Plano B Digital

Mais do que uma expansão geográfica, a nova sede simboliza o reconhecimento de um trabalho de excelência. “Esse é mais um sonho realizado. Somos competidores, queremos formar atletas de alto nível e colocá-los nas seleções nacionais de base. Mas nosso DNA é o social, é a inclusão — especialmente de crianças e pessoas com deficiência. O judô é o nosso instrumento de transformação”, resume o coordenador técnico.

Professor Júlio César compartilha um momento especial com o cônsul-geral do Japão, Yasuhiro Mitsui, e Gustavo Martins durante a cerimônia de inauguração do dojô da Associação Samurai, celebrando a união entre a diplomacia japonesa e o compromisso comunitário © Bruna Campos / Plano B Digital

Cerimônia com autoridades e apoiadores

A cerimônia de inauguração oficial ocorreu na quinta-feira, 8 de maio, e reuniu autoridades políticas, representantes de entidades e apoiadores do projeto. Estiveram presentes Nayara Priscila Veronese, presidente da Associação Desportiva e Cultural Samurai; João Carlos Amândio, o Bala, secretário de Esportes de Palhoça; Jean Henrique Dias, o Jean Negão, vereador de Palhoça pelo PSD; Alexandre de Souza – vereador de Palhoça pelo PP; Sandro Borges, presidente da Federação Catarinense de Judô; Patrícia Klein, diretora de Assistência Social de Santo Amaro da Imperatriz; e Júlio César de Oliveira Araújo, coordenador técnico da Associação Samurai.

Primeira foto oficial no novo dojô da Associação Samurai em Palhoça, registrada durante a cerimônia de inauguração para apoiadores e autoridades, realizada em 8 de maio © Bruna Campos / Plano B Digital

O evento foi realizado no novo dojô, que também conta com parte dos tatamis oficiais dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 — um marco que reforça o valor simbólico e a qualidade da estrutura oferecida.

Entre os convidados que prestigiaram a cerimônia de inauguração estavam Milton Pelissari, ex-atleta olímpico de handebol que representou o Brasil nos Jogos de 1992 e 1996, e Valdeci Motta, supervisor de comunicação do município de São José © Bruna Campos / Plano B Digital

Treino inaugural com veteranos e atletas em formação

No sábado (10), a nova sede recebeu dois encontros especiais. Pela manhã, veteranos e professores das principais associações da região metropolitana de Florianópolis e outras cidades catarinenses participaram de um treino coletivo. Entre os presentes estavam nomes como Fábio Maciel (Associação Josefense de Judô), Hunter Freitas (Imbituba Atlético Clube), Sandro Borges (San Sports/Itapema), Washington Rodrigues (Samurai de Santo Amaro), Bruno Venâncio (ADIEE/Florianópolis) e Paulo Henrique Amaral, campeão mundial de Judô Para Todos.

Alexandre de Souza, vereador de Palhoça pelo PP, prestigiou a cerimônia de inauguração do dojô da Associação Samurai, reafirmando seu compromisso com o fortalecimento do esporte e da cultura no município © Bruna Campos / Plano B Digital

À tarde, o conceituado sensei Bruno Venâncio conduziu um treinamento técnico voltado a cerca de 60 atletas, com foco em fundamentos de competição. O treino iniciou com aquecimento funcional e técnica individual (sombra), seguido de movimentos de o-soto-gari, o-uchi-gari, ko-uchi-gari, ippon seoi nage e tai-otoshi — praticados bilateralmente e em deslocamento contínuo. Em seguida, os mesmos golpes foram aplicados em duplas.

Com emoção e gratidão, Nayara Priscila Veronese, presidente da Associação Desportiva e Cultural Samurai, celebrou a inauguração do novo dojô em Palhoça, destacando o apoio dos parceiros e a importância do espaço para a comunidade © Bruna Campos / Plano B Digital

Após um alongamento dinâmico e a execução dos ukemi (zempoo-ukemi e ushiro-ukemi), os atletas avançaram para um treino técnico de o-uchi-gari, com variações de pegada e abordagem tática. Também foi trabalhada a transição de ataque e defesa no sankaku. O encerramento foi marcado por randoris de tachi-waza e ne-waza, que deram ao encontro um caráter técnico e competitivo de alto nível.

Jean Negão, vereador de Palhoça pelo PSD, marcou presença na cerimônia de inauguração do dojô da Associação Samurai, reforçando seu apoio às iniciativas que promovem esporte, cultura e inclusão social na comunidade © Bruna Campos / Plano B Digital

O diferencial não sou eu enquanto gestor — e sim a Associação Samurai

Com quatro núcleos em funcionamento — dois em Santo Amaro da Imperatriz (Instituto do Judô Brasil-Japão e Colégio Augusto Althoff), um em Florianópolis (Sociedade Amigos do Campeche, gerenciado pela grande sensei Rosimeri Salvador) e a nova sede em Palhoça —, a Samurai projeta para os próximos anos o fortalecimento das estruturas já existentes e a expansão cuidadosa de suas frentes de atuação.

Convidados e autoridades reunidos no dojô da Associação Samurai em Palhoça, celebrando a inauguração do espaço com entusiasmo e apoio ao esporte no município © Bruna Campos / Plano B Digital

“O próximo passo é melhorar as condições dos nossos núcleos, principalmente os do Colégio Althoff e do SAC. Depois disso, vamos trabalhar na elaboração e aprovação de novos projetos de captação de recursos. Só então idealizaremos uma nova sede — que deve ser em Biguaçu ou São José, municípios vizinhos”, detalha o professor Júlio.

Valdeci Motta cumprimenta Luciano Heck, secretário adjunto de Esportes e Lazer de São José, durante a cerimônia de inauguração do dojô da Associação Samurai © Bruna Campos / Plano B Digital

O gestor destaca que o sucesso do projeto não está centralizado em seu nome. “O diferencial não sou eu enquanto gestor — e sim a Associação Samurai, as cabeças que pensam o judô de forma mais ampla, e principalmente as suas certificações e os caminhos que ela deve percorrer para buscar mais recursos e direcioná-los para futuras gerações.”

Colaboradoras do projeto da Associação Samurai compartilham um momento de celebração e união durante a inauguração do novo dojô de Palhoça © Bruna Campos / Plano B Digital

Gestão compartilhada, inovação e propósito

Quando questionado sobre o que o torna um gestor diferenciado, Júlio é direto: “Planejamento e uma diretoria unida, que acredita no projeto.” Para ele, o primeiro passo foi garantir a infraestrutura dos dojôs. “A tranquilidade vem quando temos o espaço. A formação de atletas virá naturalmente — os caminhos nós conhecemos.”

Os professores Sandro Borges, presidente da Federação Catarinense de Judô, e Fábio Maciel, da Associação Josefense de Judô, trouxeram experiência e inspiração ao treino dos veteranos, fortalecendo o espírito de união e respeito ao novo dojô da Associação Samurai © Global Sports

Entre os objetivos estratégicos da entidade está tornar a Samurai um case nacional. “Queremos que outras associações possam se inspirar e seguir um modelo de sucesso. Mas ainda não chegamos nem na metade do caminho. Há muito trabalho pela frente.”

Treino dos veteranos © Global Sports

A meta de crescimento sustentável também passa por mobilização comunitária. “Um grande número de núcleos, pessoas e famílias envolvidas será fundamental para alcançar os apoiadores que já mapeamos. Sonho que se sonha só é só um sonho; sonho que se sonha junto é realidade.”

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Impacto humano que vai além dos tatamis

Dois exemplos que simbolizam o legado humano da Samurai estão na atuação de Paulinho e João, hoje secretários remunerados da entidade. Ambos são pessoas com deficiência — Paulinho foi diagnosticado com paralisia cerebral e João com transtorno do espectro autista.

Sensei Júlio César Araújo cumprimenta Nilton Pedro Júnior, judoca da equipe da Unisul e quinto colocado no Campeonato Mundial de Veteranos de 2021 em Lisboa, em um gesto que simboliza o respeito e a valorização dos atletas veteranos no judô brasileiro © Global Sports

Sensei Júlio os conheceu na Holanda, durante um campeonato de Judô Para Todos, onde ambos conquistaram títulos. Desde então, passaram a fazer parte do projeto. “Estamos ajudando, mas eles nos ajudam muito mais”, resume o professor. Ainda neste mês, a entidade lançará o Programa Bolsa Samurai, voltado ao incentivo de atletas filiados em situação de vulnerabilidade social. Os critérios de participação, direitos e deveres estão claramente definidos, em mais uma ação estruturada da associação.

Paulo Henrique Amaral, judoca do Judô Paratodos, demonstrou técnica refinada e determinação no ne-waza, evidenciando a força e a inclusão nos tatamis © Global Sports

Sobre filosofia de ensino

Entre os principais diferenciais da Samurai está a forma como valores filosóficos do judô são incorporados à metodologia de ensino, equilibrando a formação técnica com o desenvolvimento humano. De 2013 a 2020, o foco esteve na preparação de atletas universitários. A partir do segundo semestre de 2017, teve início o trabalho com a iniciação — etapa mais recente e desafiadora do processo. Júlio reconhece que formar gerações sucessivas é essencial para alcançar atletas “cascudos”, e acredita que o caminho está bem pavimentado.

O treino era dos veteranos, mas foi a pequena Lara Silveira quem deu um ippon na sensei Luiza © Global Sports

O maior destaque da associação hoje é o judô inclusivo, cuja força vem do próprio grupo. Crianças e adolescentes com diagnósticos diversos são inseridos naturalmente no convívio com os demais praticantes, que se revezam na atenção individual a esses colegas. Mais do que formar judocas, a Samurai forma seres humanos — jovens que, no futuro, certamente serão grandes pais, mães e profissionais comprometidos com a construção de uma sociedade mais empática, solidária e guiada pelos princípios do bem comum. Nesse ambiente de apoio mútuo e crescimento coletivo, o judô deixa de ser apenas um esporte para se tornar um elo real de transformação — dentro e fora dos tatamis.

Clique AQUI e acesse a pasta com as fotos dos eventos realizados durante a inauguração do dojô do Instituto do Judô Brasil–Japão, em Santo Amaro da Imperatriz e de Palhoça.

https://www.originaltatamis.com.br/

No encerramento do treino dos veteranos, o professor Sandro Borges, presidente da Federação Catarinense de Judô, parabenizou o sensei Júlio César Araújo pelo espírito empreendedor e pela criação de um espaço que valoriza o acolhimento e o cuidado com a comunidade © Global Sports

Com três horas de duração, o treino dos veteranos foi marco de celebração no novo dojô da Associação Samurai © Global Sports

Professores Bruno Venâncio e Nilton Pedro Júnior em randori © Global Sports

Placa fixada no dojô de Santo Amaro da Imperatriz reconhece o apoio do Governo do Japão, destacando a colaboração internacional na promoção do esporte e da cultura © Global Sports

Placa fixada no dojô de Santo Amaro da Imperatriz destaca o apoio do Governo de Santa Catarina e da Prefeitura Municipal, reafirmando o compromisso conjunto com o desenvolvimento esportivo da comunidade © Global Sports

Evento de inauguração do Instituto do Judô Brasil – Japão / Santo Amaro da Imperatriz © Global Sports

Professores kodanshas que prestigiaram a cerimônia de inauguração em Santo Amaro da imperatriz, Fernando Lemos, ex-técnico da seleção brasileira júnior de 1992; Ladi Julian, vice-presidente FCJ; João Carlos Maba, primeiro catarinense a servir a seleção brasileira; Celso Julian – arbítrio FIJ A; e Kazuo Konishi, fundador e ex-presidente da FCJ © Bruna Campos / Plano B Digital

Professores Júlio, Sandro e Fábio acompanham com atenção o treinamento dos veteranos, marcando presença em mais um capítulo especial da trajetória do Instituto do Judô Brasil–Japão © Global Sports

Participantes do treino inaugural dos veteranos © Global Sports

Parte dos professores que participaram do treino dos veteranos © Global Sports

Parte dos professores que participaram do treino dos veteranos © Global Sports

Parte dos professores que participaram do treino dos veteranos © Global Sports

Bruno Venâncio cumprimenta sensei Júlio antes de iniciar o treinamento técnico voltado a cerca de 60 atletas da base © Global Sports

Treinamento técnico © Global Sports

Treinamento técnico © Global Sports

Treinamento técnico © Global Sports

Sensei Bruno Venâncio comandando o treinamento técnico © Global Sports

Júlio César com Arthur Ravanello, atleta equipe de judô Unisul – Vice-campeão brasileiro sub 20 em 2011 © Global Sports

Professor Júlio com Jorge Dewes, atleta equipe de Judô da Unisul – Campeão dos JABS 2007 e vice-campeão brasileiro sub 23 em 2010 © Global Sports

Professor Júlio César com Nayara Priscila Veronese, presidente da Associação Desportiva e Cultural Samurai © Global Sports

Participantes do treinamento técnico © Global Sports

Judocas do feminino e crianças que participaram do treino dos veteranos © Global Sports

Equipe da ADIEE de Florianópolis que abrilhantaram o treinamento técnico © Global Sports

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