Provocativo e absolutista, Sílvio Acácio volta a São Paulo sem notificar a FPJudô

Acima de todos e acima da lei, Sílvio Acácio descumpre normas e princípios que há décadas regem a gestão do judô

Exibindo total falta de respeito e afrontando as federações estaduais, o dirigente que retém os certificados de promoção de 465 judocas paulistas aparece duas vezes em São Paulo em menos de dez dias sem avisar a FPJudô previamente

Hansoku-Make
3 de fevereiro de 2020
Por PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS
São Paulo – SP

Com o apoio da Federação Paulista de Judô (FPJudô), judocas da classe veteranos realizaram neste fim de semana o Desafio Veteranos de 2020 da capital no dojô do Projeto Futuro, no Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, no Ibirapuera.

Compareceram à abertura do torneio Alessandro Puglia, presidente da FPJudô; Francisco de Carvalho, presidente de honra da FPJudô; Alex Russo, coordenador da classe veteranos da FPJudô; Henrique Guimarães, medalha de bronze nos Jogos de Atlanta 1996 e coordenador do Projeto Futuro; Sílvio Acácio Borges, presidente da CBJ; Matheus Theotônio, gestor nacional de eventos; Rioiti Uchida, uma das maiores autoridades do kata no Brasil; Marco Antônio Inácio, professor do Projeto Futuro; e Rubens Pereira, professor kodansha pioneiro na projeção do judô máster no Brasil na década de 1990.

Judocas da capital que prestigiaram o Desafio Veteranos 2020

O fato marcante e surpreendente foi a presença, pela segunda vez em menos de dez dias, do presidente da CBJ num evento no Estado de São Paulo, sem ao menos enviar um ofício à diretoria da FPJudô.

Para quem desconhece as normas que regem as relações entre confederações e federações esportivas esta atitude pode parecer normal, mas, ao contrário, está em desacordo com os códigos de conduta político-sociais do esporte, que exigem cordialidade e respeito mútuo.

Em seu depoimento, Francisco de Carvalho disse esperar que alguns professores tenham consciência daquilo que estão fazendo

Consultamos a diretoria da FPJudô para saber se os seus dirigentes haviam sido notificados ou avisados da vinda do presidente da CBJ ao Shotyugueiko de Bastos ou ao Desafio Veteranos, e a resposta foi negativa.

“Sinceramente, ficamos surpresos com a presença do presidente da CBJ em Bastos e no treinão dos veteranos. Se soubéssemos que o dirigente estava disposto a comparecer aos eventos, teríamos providenciado o atendimento e o tratamento de praxe que o cargo exige. Lamentamos que ele prefira agir dessa forma”, lastimou Alessandro Puglia, presidente da Federação Paulista de Judô.

Judocas ouvem o depoimento de Sílvio Acácio Borges

Francisco de Carvalho foi enfático e repudiou mais esta quebra de protocolo do dirigente nacional, que reiterada e acintosamente parte para o confronto direto com a diretoria da FPJudô.

“Sempre houve um padrão de conduta ética e respeito entre os presidentes da CBJ e os dirigentes das 27 federações estaduais. Os presidentes Sérgio Adib Bahi, Joaquim Mamede de Carvalho e Silva e Paulo Wanderley Teixeira estabeleceram e cultivaram uma relação de respeito, cordialidade e contribuição mútua, e isso perdurou até o início da gestão atual”, lembrou o dirigente.

Alessandro Puglia e Henrique Guimarães

“Só nos resta lamentar a perda de valores tão importantes na relação institucional de nossa modalidade. Em um de seus provérbios o professor Kano disse: o judô é uma arte e uma ciência. Ele deve ser mantido acima de toda a escravidão artificial e deve ser livre de qualquer influência financeira, comercial e pessoal. Nossa gestão sempre foi pautada nos princípios deixados por ele, e por mais que alguém busque impor outros padrões de conduta, continuaremos seguindo os princípios que nos foram legados”, afirmou Chico do Judô. Ao encerrar seu pronunciamento no encontro, relembrou a frase célebre que o professor Sérgio Bahi sempre dizia aos professores kodanshas: “Lamentavelmente alguns professores amarram sua faixa na cintura, mas deveriam amarrá-la no coração. Espero que alguns professores tenham consciência do que estão fazendo”, reiterou Francisco de Carvalho.

Judocas e dirigentes na breve cerimônia de abertura

Cortina de fumaça

O mais recente imbróglio criado pelo presidente da CBJ neste fim de semana convenceu-nos de que, após constatar seu fracasso frente à gestão, Sílvio Acácio busca agora instituir o caos nos Estados que ousaram discordar da política desastrosa que apequenou a modalidade e fez com que o judô nacional perdesse espaço na mídia esportiva e, consequentemente, apoio e investimento externos.

Determinado a instituir o caos em São Paulo, Sílvio Acácio Borges agora se aproxima da banda podre do judô paulista e a utiliza para afrontar dirigentes e mostrar que não teme e nem respeita ninguém. E, pelo simples fato de ser o presidente da CBJ, vai a qualquer Estado sem avisar, pedir licença ou consentimento. O pior é que, por se tratar de judocas e pessoas com princípios, os dirigentes paulistas o recebem bem e reverenciam sua presença.

Professores Marco Antônio Inácio, Alex Russo, Francisco de Carvalho e Rubens Pereira

Outra importante lição deixada pelo shihan Jigoro Kano é que ambição e rivalidade, cuidadosamente dosadas, são estimulantes do progresso. Porém, em quantidade excessiva, transformam-se em venenos destrutivos. Ao penalizar 465 professores e judocas paulistas por capricho ou interesses obscuros, Sílvio Acácio passa a confrontar grande parte da comunidade judoísta paulista.

Entre os judocas prejudicados por esta arbitrariedade, jamais vista no judô, estão personalidades e inúmeros professores influentes que atenderam a todas demandas e exigências do Conselho Nacional de Graduação (CNG) da CBJ e foram devidamente graduados pela comissão de graus da FPJudô.

Professor Cristian Cesário

Nomes como o de Nélson Leme da Silva Júnior, presidente do CREF/SP; Tiago Camilo, vice-campeão olímpico em Sidney 2000 e bronze nos Jogos de Pequim 2008; José Alfredo Olívio Júnior, um dos mais conceituados técnicos paulistas e um dos principais autores da atualidade; Alexsander José Guedes, ex-atleta da seleção brasileira e destacado professor na atualidade; André Luiz Cipriani, diretor do depto. de Judô do São Paulo Futebol Clube; Uishiro Umakakeba, um dos grandes formadores de atletas do  Brasil; Celestino Seiti Shira, aluno mais antigo e graduado do mestre Ryuzo Ogawa; e Alexandre Janotta Drigo, bacharel em biologia e educação física (EF); mestre em ciências da motricidade pela UNESP/RC; doutor em EF pela Unicamp e Orientador da Pós-graduação em Ciências da Motricidade da UNESP.

Marco Antônio Inácio e Francisco de Carvalho

Ao questionar o trabalho da comissão estadual de graduação de São Paulo, Sílvio Acácio despreza a tradição, a história e a importância da Federação Paulista de Judô, primeira instituição de gestão da modalidade, fundada em 1958, muitos anos antes que a própria CBJ.

Após a desastrosa gestão à frente da Federação Catarinense de Judô, e o fracasso já consumado na CBJ, o dirigente joinvilense busca agora desestabilizar e jogar em seu lodaçal administrativo a diretoria de uma entidade cujos gestores têm respaldo dos 16 delegados regionais e de quase 500 associações, clubes e dojôs espalhados pelos 645 municípios paulistas.

Judocas veteranos fazem o rei inicial

Acostumado a viver em guerra, conspirar e trair seus pares, daqui por diante Sílvio Acácio corre o sério risco de ser vaiado e achincalhado publicamente em São Paulo. Muitos professores paulistas afirmam que sua afronta e descompostura ultrapassaram todos os limites do aceitável. Se isso realmente acontecer, lamentavelmente a meia dúzia de professores que compõem a banda podre do judô paulista e se juntaram a ele certamente lhe virarão as costas, deixando que o dirigente absolutista e provocativo colha na pauliceia os frutos de seus ataques, afrontas e desrespeito às lideranças que fazem a modalidade avançar e crescer no Estado. Quem viver verá.

Professores da Associação de Judô Mauá Rogério Valeriano, Francisco de Carvalho, Jurandir de Lira Matos, Reinaldo Seiko Tuha e Jéssica do Amaral

O Desafio Veteranos 2020 aconteceu em várias cidades do Estado de São Paulo e teve participação recorde