Rafael Silva defende mais participação dos atletas e transparência na gestão da CBJ

Baby espera que os atletas possam ter maior participação nas gestões futuras

Dono de duas medalhas olímpicas e de olho na terceira, o peso pesado quer ser o primeiro judoca a representar a FPJudô na Comissão Eletiva de Atletas

Gestão Esportiva
22 de outubro de 2020
Por PAULO PINTO I Fotos BUDOPRESS e INSTAGRAM
Curitiba – PR

Nesta rápida entrevista, Rafael Silva revela o que o motivou a participar das eleições e o que pensa sobre a presença dos atletas na gestão da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) no próximo quadriênio.

O que o levou a participar do pleito?
Acho esta representatividade importantíssima. É a primeira vez que os atletas têm direito a voto e vimos como isso é importante na eleição do Comitê Olímpico do Brasil. Penso que este interesse dos atletas pela gestão seja extremamente salutar no processo.

No que a comissão de atletas pode contribuir no processo eletivo sob um ponto de vista da gestão?
Acredito que seja apenas de oferecer uma assessoria, uma colaboração na área técnica e mostrar o que se faz no exterior. Intervir e agir diretamente na administração é algo bem mais complicado.

Baby, Alessandro Puglia, vice-presidente da FPJudô e Nakaya Tomohiko, diretor de aminoácidos da Ajinomoto do Brasil no CAT da federação paulista

E sob o ponto de vista dos atletas?
Primeiro precisamos entender como esta representatividade vai funcionar. Nós nunca tivemos nenhuma participação na gestão e, portanto, temos de adquirir consciência de como isso poderá ser utilizado em benefício dos atletas que estão no alto rendimento.

Você acredita que essa comissão levará a CBJ a atender as demandas que interessam verdadeiramente aos atletas?
Penso que sim, mas os atletas também precisam atuar de forma mais abrangente. Não podemos pensar somente na gente. Temos de somar no processo de evolução de todos os segmentos do judô.

De que forma você vai definir em qual candidato votar? Qual será o critério que você utilizará para escolher uma chapa?
Na verdade, nós nem sabemos quais serão os candidatos que participarão do pleito. Esta eleição está sendo feita antes da inscrição das chapas. Mas a nossa intenção é provocar debates entre os candidatos para todos nós podermos avaliar quem de fato está mais preparado para participar do pleito.

Como atleta de destaque neste cenário, você pretende liderar o processo eletivo?
Penso que, depois de eleitos, os atletas podem e devem conversar e estabelecer uma diretriz para decidir o que a categoria quer para o judô. Devemos debater o que esperamos de uma gestão, do marketing, o que buscamos para a iniciação e para o alto rendimento. Com base nisso avaliaremos individualmente qual é a melhor proposta.

Como um dos atletas em atividade com maior expressão e representatividade, o que você espera das futuras gestões da Confederação Brasileira de Judô?
Espero que a gestão evolua sempre e com a maior participação possível dos atletas. Que tenhamos voz e possamos atuar de forma independente, mas muito colaborativa. Espero também que tudo seja feito de forma clara e transparente.

Quando cita os atletas, está se referindo apenas ao alto rendimento ou isso também envolve a base?
Penso que um amplo projeto de gestão da CBJ deve englobar todos os segmentos, inclusive a base e tudo que a cerca. Mas eu confio muito no judô como proposta educacional. De estarmos inseridos na escola e ter um vínculo bem próximo com o processo socioeducativo. Defendo a criação de escolas-modelo tendo o judô como disciplina, e não apenas como atividade física; uma escola que siga o modelo japonês de formação social. Com base nisso, entendo que a confederação e as federações têm o dever de cuidar da cadeia toda, da iniciação ao alto rendimento. Temos nossas características e criamos uma identidade, mas precisamos repensar e rever tudo isso com muito carinho e responsabilidade. Da mesma forma que a base gera talentos para o rendimento, o alto rendimento deve colaborar com o fomento e com a base.

Na eleição realizada recentemente no COB, os votos foram depositados nas urnas diante de todos. Depois as urnas foram lacradas e reabertas também em público, assim como a contagem dos votos. Você acha correto a CBJ monitorar uma eleição na qual o seu presidente participará como candidato? Você não acha isso errado e antiético?
Realmente eu acho isso complexo, mas a questão é que a CBJ tinha de estabelecer um processo para realizar a eleição. Até onde eu sei foi contratada uma empresa que responderá pela eleição e poderá ser auditada a qualquer momento. Penso que vai funcionar, caso contrário futuramente isso pode ser alterado.