15 de novembro de 2024
Rafael Silva, o gigante gentil
Em entrevista ao site da Federação Internacional de Judô, Rafael Silva, o medalhista olímpico que defende a seleção brasileira e o Esporte Clube Pinheiros, revelou segredos que mostraram o Baby na intimidade
Interview
14 de junho de 2020
Por NICOLAS MESSNER E LEANDRA FREITAS
Fotos BUDOPRESS e ARQUIVO 6ª DRJ
São Paulo – SP
Quem não conhece o peso-pesado brasileiro Rafael Silva? Duas vezes medalhista olímpico, três vezes no pódio do campeonato mundial, vencedor do Mundial de Judô e quatro vezes medalhista nesta competição. Ele é cinco vezes campeão continental e inúmeras vezes medalhista no World Judo Tour. Rafael é uma aposta segura quando se trata de fazer previsões, mas você realmente conhece esse grande campeão? Você realmente sabe quem é ele? Pedimos que ele nos falasse um pouco sobre si mesmo e o que o motiva no dia a dia.
Com sua altura de 2,03m, você é um gigante no circuito. Você tem um apelido?
“Tenho apenas um, ‘Baby’. Você sabe, sou do interior e, quando cheguei a São Paulo, fui morar no Projeto Futuro. Éramos 50 meninos morando juntos e todos nós tínhamos apelidos. Estou bem com isso, mesmo que eu tenha mais de 2 metros de altura e pese 165kg. É engraçado ter um apelido como esse, acredito que seja em função da família dos dinossauros. Você se lembra desse programa?”
Você tem alguma ideia de por que seus pais o chamaram de Rafael?
“Não faço ideia, mas acredito que era um nome de moda no final dos anos 80 aqui no Brasil. Na escola, por exemplo, éramos três ou quatro na minha turma. Hoje, a tendência no Brasil é Enzo para meninos e Valentina para meninas. Na verdade, tenho um nome composto: Rafael Carlos. O doutor Carlos, até onde eu sei, era um médico que minha mãe admirava muito”.
Vamos jogar: se você fosse um animal, o que seria?
“De acordo com minha esposa, um gorila.”
Uma planta?
“Acho que uma árvore grande, talvez uma sequoia.”
Um monumento histórico?
“Ah, com certeza, o ginásio Budokan, onde o judô foi apresentado pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Tóquio 1964.”
Uma pessoa famosa?
“Penso no Jigoro Kano por ele ter mudado a vida de todos nós, judocas.”
Um objeto?
“Eu nunca pensei sobre isso, mas um judogi, nossa armadura.”
Como foi, e o que você lembra do primeiro treino de judô? E o que você seria hoje se não fosse campeão de judô?
“Iniciei no judô aos 15 anos e acredito que foi amor à primeira vista. Gostei muito de aprender coisas novas, os fundamentos do esporte e sua disciplina. Adorei o ambiente competitivo e, como todos me receberam bem, senti e ainda sinto que o judô é uma grande família. Se eu não fosse judoca, tentaria a vida de fazendeiro.”
Falando em judô, qual é a sua técnica favorita?
“O-soto-gari.”
Com qual técnica você gostaria de fazer ippons?
“Gostaria de conseguir fazer ippons com um uchi-mata bonito, mas não sou especialista nessa técnica.”
Quem eram seus ídolos de judô quando você era criança?
“Acho que a primeira imagem que me lembro do judô na TV foi em 1996, com Aurélio Miguel disputando a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta. Ele é um exemplo de intensidade e dedicação nos tatamis. Tive o privilégio de treinar no mesmo clube com Tiago Camilo e Leandro Guilheiro também. Eles foram muito importantes e são ótimos exemplos na modalidade.”
Vimos sua dedicação como juiz no concurso de desenho da FIJ. Você impressiona bastante as crianças, mas elas não se assustam quando a veem?
“Acho que sou o bom gigante e elas parecem gostar muito de mim. No Esporte Clube Pinheiros, eu sempre encontro as crianças que frequentam a aula e elas se divertem muito. Muitos deles foram assistir às Olimpíadas no Rio e acompanharam regularmente os jogos no calendário internacional. É sempre legal assistir a essas crianças treinando e há uma energia muito legal nisso.”
O que você mudaria se tivesse uma varinha mágica e três desejos?
“Acho que mudaria apenas uma coisa: que todos tenham as mesmas oportunidades na vida.”
Você parece ser uma pessoa muito sensível. Diga-nos o que faz você chorar?
“Um filme triste consegue me fazer chorar, mas eu finjo que não. É claro que chorei quando me machuquei, quando fui derrotado, mas também quando me lembro de vitórias.”
E o que faz você rir?
“Estar com amigos ou com crianças em treinamento e acho que um bom show de stand-up definitivamente me faze rir.”
Você gosta de cinema? Quais filmes prefere?
“Aí sim! O Senhor dos Anéis e O Poderoso Chefão, além de todos os filmes de Tarantino. Eu também gosto de Kubrick e Gladiador. É muito difícil escolher.”
Você deve amar comida. Qual é o seu prato favorito?
“Costumava ser comida japonesa e eu ainda gosto muito dela, mas hoje, o meu prato favorito é macarrão de espinafre verde, recheado com queijo e molho vermelho, você deveria experimentar.”
Qual você acha que é sua maior fraqueza e sua melhor qualidade?
“Maior fraqueza? Acredito que sou teimoso, mas quanto à qualidade, acho que provei ser resiliente.”
Explique-nos o que você gosta de fazer no seu tempo livre de judô.
“Gosto de ver meus cavalos e sou um pouco nerd com jogos online, jogos de tabuleiro e coisas assim, leio muito também.”
Conte-nos 10 coisas que você gostaria que as pessoas soubessem sobre você.
“1 – Meu avô foi meu maior apoiador no esporte;
2 – O primeiro esporte que pratiquei foi o karatê, quando tinha 5 anos, e pratiquei até os 12 anos;
3 – Um mês antes das Olimpíadas de 2016, eu não conseguia fazer randori devido a uma lesão muscular;
4 – Minha cor favorita é roxa;
5 – Gosto de levantamento de peso olímpico;
6 – Sou um nerd e gosto de RPG;
7 – Gostaria de ir à Disney um dia;
8 – Depois de terminar a fase competitiva da minha carreira, gostaria de trabalhar para o desenvolvimento do judô;
9 – Eu tenho dois gatos em casa, Goiaba e Gengibre;
10 – Fora do treinamento, o que mais faço é descansar.”