22 de dezembro de 2024
Reaberto há quatro meses, Centro de Treinamento do COB segue como refúgio para atletas brasileiros
Protocolos rígidos ajudam atletas a manter rotina de treinamentos durante a pandemia. Atletas que voltaram da Missão Europa exaltam continuidade
Alto Rendimento
21 de novembro de 2020
Fonte COB I Fotos RAFAEL BELLO/COB
Rio de Janeiro – RJ
A pandemia da covid-19 ainda não está sob controle no Brasil, mas os atletas brasileiros já conseguiram se adaptar à nova realidade. Muito por conta do Centro de Treinamento Time Brasil (CTTB), no Parque Aquático Maria Lenk, administrado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) desde 2008. Reaberto desde o dia 20 de julho, o CT já recebeu 79 pessoas, entre atletas e treinadores. Nos primeiros meses, o foco foi para os classificados para Tóquio 2020 e gradativamente foi abrindo espaço para os que buscam vaga e, na fase mais recente, atletas residentes no Rio de Janeiro sem espaço para treinar.
“Nós passamos por um momento muito difícil e, aos poucos, vamos retomando as coisas de acordo com o ‘novo normal’, como dizem. No período que estive em Portugal e em Pindamonhangaba, conseguimos retomar muita coisa e não podemos perder. Se parar de treinar, voltamos atrás. O Centro de Treinamento Time Brasil dar esse suporte pensando no ano que vem é muito importante, principalmente para mantermos o ritmo de treinamento”, analisou o judoca Victor Penalber, bronze no Mundial de 2015 e que ainda busca a vaga para Tóquio.
Quem voltou a frequentar o Maria Lenk desde o primeiro dia é o nadador Allan do Carmo, que treina ao lado de Ana Marcela Cunha, sob o comando de Fernando Possenti. A exceção foi a pausa para participação na Missão Europa, outra importante ação do COB para retomada da preparação para Tóquio 2020.
“O que mais nos atormentava durante o auge da pandemia era a dúvida do que a gente teria para frente, de como ia ser, se a gente ia conseguir voltar a treinar normalmente. Hoje, com toda a estrutura do CT funcionando, com a participação na Missão Europa, posso dizer que a gente vive num momento de certeza”, contou o baiano de 31 anos.
Só em novembro, os 25 profissionais que trabalham no CTTB atenderam 17 modalidades: atletismo, badminton, canoagem slalom, canoagem velocidade, ciclismo BMX, ginástica artística, golfe, judô, karatê, maratonas aquáticas, nado artístico, natação, pentatlo moderno, saltos ornamentais, vela, vôlei de praia e wrestling.
“Temos tudo que é preciso para dar continuidade ao treino, independente do que venha pela frente, dos objetivos. A segurança que temos aqui é que o que fazemos, seguindo todos os protocolos de segurança, é o ideal. Ajuda tanto no corpo, no físico quanto no mental, no psicológico”, completou o nadador que ficou com a prata na Travessia da Ilha da Madeira (Portugal), em setembro.
Os atletas precisaram mudar a rotina. Sempre na chegada ao Centro de Treinamento é preciso passar pela triagem, aferir a temperatura, responder ao questionário sobre possíveis sintomas ou contato com outras pessoas que tiveram o diagnóstico de coronavírus. Além disso, é preciso usar máscara enquanto não se está em atividade e o álcool gel com frequência.
“Já estamos adaptados a esse sistema. Chegamos cinco minutos antes para poder fazer tudo isso, mas é necessário porque só assim conseguimos manter nossa rotina normal de treino. Eu acredito que esses protocolos devem continuar porque é para manter nossa saúde, nossa segurança. Não tivemos nenhum problema com covid nesse período, tudo está andando bem, controlado”, disse Allan.
Depois dos quatro meses, o CTTB está na fase 3 do “Protocolo de retorno do Centro de Treinamento Time Brasil”, disponibilizado dentro do “Guia para a prática de esportes olímpicos no cenário da covid-19”. Agora são permitidos grupos de até 80 pessoas por turno, com controle de acessos e deslocamentos nas instalações esportivas. Atividades de contato ainda não são permitidas, mas já estão sendo realizadas avaliações para fins de monitoramento de performance no Laboratório Olímpico (LO), mediante autorização da diretoria do COB e gerência do Laboratório.
Quem passou por uma reavaliação no LO foi o halterofilista Fernando Reis. Em fevereiro, ele fez medições pós-cirúrgicas e constatou uma desproporção de 30% entre a perna esquerda e a direita. Os resultados dos novos testes foram animadores.
“Faz seis meses que comecei a fazer muito trabalho de fisioterapia e fortalecimento. E o equilíbrio de força entre as pernas está cada vez mais próximo, com uma redução superior a 50% na desproporção”, explicou o atleta de 30 anos, que vive atualmente em Miami (EUA).
Além da reabertura do CT Time Brasil, o COB segue com a Missão Europa, que em novembro, vai ultrapassar a marca de 200 atletas treinando no Velho Continente. No quinto mês de operação da Missão Europa, estão confirmadas as participações da ginástica de trampolim, pentatlo moderno, tiro esportivo e wrestling, chegando a 22 modalidades participando da ação.
O COB também segue dando apoio aos treinamentos de outros atletas que estão no exterior e auxiliando diversas ações, em parceria com as confederações, de treinamento e participação em competições.