Rebeca Andrade e Mayra Aguiar fazem história em Tóquio

Ginasta iniciou carreira aos 4 anos no Projeto Iniciação Esportiva de Guarulhos (SP), com treinamentos no ginásio municipal Bonifácio Cardoso, na Grande São Paulo © Ricardo Bufolin / CBG

Rebeca tornou-se a primeira mulher a conquistar medalha na ginástica artística pelo Brasil, enquanto Mayra garantiu o terceiro pódio consecutivo em Olimpíadas, algo inédito no judô brasileiro

Por Helena Sbrissia / Global Sports
29 de julho de 2021 / Curitiba (PR)

Nesta quinta-feira (29) Rebeca Andrade, de 22 anos, tornou-se a primeira brasileira a conquistar uma medalha na ginástica artística em Jogos Olímpicos. Ela garantiu a prata ao somar 57,298 pontos, ficando atrás apenas da norte-americana Sunisa Lee, com 57,433.

Judoca gaúcha foi bronze ao derrotar a sul-coreana Yoon e repetiu feitos de Londres 2012 e Rio 2016 © Júlio César Guimarães / COB

A medalha do individual geral, contudo, foi sofrida. Isso porque Rebeca tinha recebido 13,566 pontos na trave, nota que fez a comissão técnica do Brasil pedir uma revisão ao VAR pela avaliação da dificuldade. Os árbitros acataram o pedido e aumentaram a nota dela em um décimo: 13,666. A diferença entre ela e a terceira colocada, Angelina Melnikova, foi de 0,099.

Parecia, de imediato, que a ficha de Rebeca não havia caído. Mas logo veio a comemoração. A ginasta agradeceu à família e aos amigos pela conquista: “Acho que mesmo se eu não tivesse ganhado a medalha, eu teria feito história, justamente pelo meu processo para chegar até aqui. Não desistam, acreditem no sonho de vocês e sigam firmes. Dificuldades sempre teremos, mas temos de ser fortes para passar por elas. Tive pessoas maravilhosas que me ajudaram a passar por esse processo, espero que vocês tenham pessoas incríveis para ajudar a chegar no topo assim como cheguei”.

Ao som de Baile de Favela, brasileira chega ao segundo lugar no individual geral © Jonne Roriz / COB

Na madrugada desta quinta-feira (29), Mayra Aguiar já havia feito história ao ganhar a medalha de bronze na categoria até 78kg do judô. Ela não apenas se tornou a primeira brasileira a conquistar três medalhas olímpicas em esportes individuais, mas a primeira a conseguir fazer isso em três Olimpíadas seguidas: ela subiu ao pódio em Londres 2012 e no Rio 2016, também para o bronze em ambas as ocasiões.

A luta de Mayra contra a sul-coreana Hyunji Yoon foi decidida com um ippon após a brasileira levar sua adversária ao chão, imobilizando-a por 20 segundos com um kuzure-kami-shiho-gatame. A judoca era uma das maiores esperanças de medalha do Brasil e foi a responsável pelo 24º pódio do judô em Olimpíadas.

A pós 7 cirurgias e 9 meses sem treinar, judoca meio-pesado da Sogipa leva bronze em Tóquio e confirma que de longe é a maior da sua geração © Júlio César Guimarães / COB

Após receber o bronze, Mayra deu uma entrevista com lágrimas nos olhos: “Foi muito tempo de superação, foi uma cirurgia atrás da outra. E, hoje, concretizar esse ciclo com uma medalha é muito importante para mim. Acho que é a maior conquista que já tive em toda a minha carreira. Por tudo que aconteceu, por tudo que vivi, esse resultado é muito gostoso. É muito bom. Estou muito emocionada”.

As duas atletas agraciadas com medalhas nesta quinta-feira defendem clubes formadores de forte tradição: Rebeca atua pelo Flamengo e Mayra defende a Sogipa. O alto rendimento esportivo só é possível com o incentivo e a disponibilização de uma estrutura de ponta para o treinamento dos atletas – algo que ambos os clubes oferecem devido ao grande apoio recebido do Comitê Brasileiro de Clubes.

Após a desistência de Simone Biles, Rebeca deu entrevista ao canal SporTV explicando que a preparação mental é tão importante quanto a física, e que esse é um dos pontos mais trabalhados por ela e pela psicóloga do clube para o qual atua. O preparo técnico de um atleta deve ser garantido nas mais diversas esferas de sua vida para que o sucesso seja pleno – e Simone e Rebeca podem exemplificar isso muito bem.