Rickson Gracie detalha vida após descobrir Parkinson: “Mudou muito”

Rickson Gracie vivencia a essência do jiu-jítsu invisível © Reprodução/Instagram

Podcast Mundo da Luta recebe lenda do jiu-jitsu para falar de lançamento do seu novo livro, onde detalha seu enfrentamento com a doença: “Tive que usar as ferramentas do guerreiro espiritual.”

Por Combate.com
27 de novembro de 2024 / Curitiba, PR

A edição #310 do Mundo da Luta é especial. A lenda Rickson Gracie deu uma entrevista especial no podcast com a apresentação da comentarista Ana Hissa, além das participações do produtor Zeca Azevedo e do editor Carlos Antunes. Maior lutador de jiu-jitsu da história e um dos expoentes da família Gracie, Rickson falou sobre o lançamento de seu novo livro: “Conforto na escuridão: O poder do jiu-jítsu invisível”. Ele revela como seus aprendizados no mundo da luta lhe fortalecem na batalha contra a doença de Parkinson recém-descoberta, e que inspirou o novo livro.

“A ideia foi que, com a história da minha vida, depois dessa biografia (no livro anterior chamado “Respira”), faltou que eu fui diagnosticado com Parkinson e estou passando uma fase, digamos assim, evolutiva da minha vida. E eu gostaria de passar para as pessoas a maneira como tento resolver os meus problemas. Todos nós temos problemas, todos nós temos oponentes, seja físico, seja espiritual, seja mental, e para preservar a minha saúde mental, a minha fisicalidade no melhor nível possível, e o meu campo espiritual, tive que usar as ferramentas do guerreiro espiritual que explico no livro.

Aos 65 anos, Rickson lança seu segundo livro. Em 2021 ele publicou um livro mais biográfico chamado “Respire: uma vida em movimento”. Em junho de 2023, numa entrevista ao canal de Kyra Gracie, ele tornou pública a doença. Rickson ressalta que a decisão do anúncio veio em função da vontade de compartilhar como tem encarado a doença.

“Fui diagnosticado talvez um ano antes dessa minha entrevista com a Kyra. Achei melhor abrir para o mundo porque não existe a necessidade de esconder nada, e não me sinto mal com relação a esse enfrentamento, me sinto inclusive bem. Estou usando todas as ferramentas que aprendi durante a minha vida de artista marcial na aplicação desse novo oponente. Estou aplicando as minhas técnicas e o que acredito de jiu-jitsu invisível para certificar que meu jiu-jitsu, que a minha ideia, a minha perspectiva, a minha panorâmica do problema possa ser resolvida. Se não for resolvida por fora, vai ser resolvida por dentro, já está resolvida dentro do meu coração.

Fisicamente, Rickson ressaltou que hoje tem mais limitações por conta da doença, mas ressalta que isso não lhe tirou a felicidade de viver. Ele faz de outro jeito, ou aceita que já fez o suficiente do que não pode mais fazer.

“Minha vida mudou completamente, mudou muito. Hoje em dia não tenho mais a capacidade atlética de interagir, de brincar, de ser responsivo na parte técnica, de tentar passar uma guarda, essa coordenação me está falhando, então não tenho a capacidade de surfar do jeito que eu surfava, de treinar do jeito que treinava. Mas isso não tirou de mim a felicidade de continuar seguindo meu propósito, que é orientar as pessoas de forma que eles se tornem artistas marciais. Então, continuo dando aula, do meu jeito, com as minhas possibilidades, a professores do mundo inteiro que vêm ter aula comigo, para ensinar para os alunos essa parte invisível. Estou muito feliz e tenho muito a agradecer na minha vida e não penso naquelas coisas que perdi. O que perdi de fisicalidade durante a minha vida fiz em dobro, talvez dez vezes mais do que deveria ter feito, ou seja, já fiz o que tinha que fazer durante toda a minha vida, não preciso continuar estrangulando as pessoas, enforcando, raspando, montando, isso já fiz muito. Agora preciso que as pessoas entendam que existe um outro lado que vai facilitar as pessoas que não gostam de lutar”, expôs o ícone da família Gracie.

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