São Paulo domina o Brasileiro Sub 13 e Sub 15; Mato Grosso do Sul é vice e Rio de Janeiro fica em terceiro

Técnica apurada e combates de alto nível nos tatamis © Anderson Neves / CBJ

Competição realizada em João Pessoa reforça o papel estratégico das classes de entrada. A amplitude geográfica e o alto nível de competitividade apontam para uma base cada vez mais sólida, conectada aos fundamentos técnicos e filosóficos do judô.

Por Paulo Pinto / Global Sports
Curitiba, 17 de outubro de 2025

O mês de outubro trouxe um calendário intenso de eventos estaduais, nacionais e internacionais e, em meio ao volume de competições, quase passou batido o registro da principal disputa das classes de entrada: o Campeonato Brasileiro Sub 13 e Sub 15.

A disputa reuniu judocas dos 27 estados © Anderson Neves / CBJ

Realizado no Ginásio Poliesportivo Ronaldão, em João Pessoa (PB), entre 2 e 5 de outubro de 2025, o torneio — que permitiu a inscrição de dois atletas por classe e categoria de peso — reuniu 1.280 judocas, distribuídos em seis áreas de competição.

Representantes dos estados na cerimônia de abertura © Anderson Neves / CBJ

O Rio Grande do Norte levou a maior delegação à Paraíba, com 72 atletas. São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro desembarcaram em João Pessoa com 71 atletas cada. Na outra ponta, Roraima competiu com 3 atletas e o Acre, com 2.

Paulo Wanderley com representantes das seleções estaduais © Arquivo

As forças do top 5

Sob nova liderança, São Paulo apresentou resultados ainda mais consistentes em João Pessoa, consolidando-se no topo e liderando o pelotão de elite. Mato Grosso do Sul mantém como diferencial a força do judô feminino, que segue entre as mais competitivas do país. Já o Rio de Janeiro volta a exibir sinais firmes de protagonismo, reposicionando-se entre as equipes mais estruturadas e competitivas do país, com base técnica em ascensão e gestão integrada entre federação e agremiações.

Judocas das classes de entrada mostraram técnica apurada e alto nível de competitividade © Anderson Neves / CBJ

A grande notícia deste Brasileiro Sub 13 e Sub 15, porém, veio das novas fronteiras do judô. As seleções de Sergipe — 4º colocado — e Amapá — 5º colocado — foram a principal sensação do campeonato, um resultado que ratifica a capilaridade da modalidade em um país continental. O judô está em expansão territorial, com novas escolas surgindo e qualificando atletas onde antes havia pouca presença competitiva — um movimento que oxigena as classes de entrada e renova o mapa técnico nacional.

Paulo Wanderley, presidente da CBJ, com parte de sua diretoria e dirigentes estaduais © Arquivo

Para se consolidar na quarta colocação, Sergipe somou seis pódios: dois ouros, uma prata e três bronzes. O Amapá fechou o top 5 com dois ouros, confirmando que o desenvolvimento técnico não está restrito aos centros tradicionais, mas se espalha pelo país — de leste a oeste e de norte a sul, — formando novas referências regionais e ampliando fronteiras.

Sequências de ashi-waza e contra-ataques mostram repertório avançado © Anderson Neves / CBJ

São Paulo, campeão geral

Campeã nos naipes masculino e feminino, a seleção paulista — capitaneada por Marco Antônio da Costa (Rato) — apresentou uniformidade técnica e somou 36 pódios:

  • Masculino: 18 medalhas (6 ouros, 3 pratas, 9 bronzes)
  • Feminino: 18 medalhas (5 ouros, 7 pratas, 6 bronzes)

Ao todo, São Paulo disputou 21 finais e somou 30% dos ouros, 28% das pratas e 42% dos bronzes — desempenho que confirma a consistência do trabalho técnico na atual gestão, alinhado à rede de mais de 1.500 professores e treinadores federados, espalhados pelos 645 municípios paulistas.

Em João Pessoa, o presidente da CBJ esteve com representantes da nova e da velha geração da arbitragem feminina © Anderson Neves / CBJ

Uniformidade técnica, trabalho coletivo

Marco Antônio da Costa, o Rato, diretor técnico da FPJudô, foi à Paraíba como chefe da delegação paulista e iniciou seu pronunciamento elogiando a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) e a Federação Paraibana de Judô pela excelente qualidade do evento. “A CBJ e a Federação Paraibana entregaram um evento de altíssimo nível, com organização exemplar e excelente padrão técnico.”

Eficiência técnica e estratégia, marcaram as lutas desta edição do brasileiro sub 13 e sub 15 © Anderson Neves / CBJ

“São Paulo foi muito bem. Na classe Sub 15, fomos campeões no masculino e terceiros colocados no feminino; já na Sub 13, conquistamos o título em ambas as classes, o que nos orgulha e envaidece bastante, pois o nível técnico estava bastante alto. As demais federações também apresentaram equipes fortes e muito bem preparadas, e quem ganha com isso é o judô brasileiro.

Henrique Guimarães presente em João Pessoa, incentivando as crianças da base © Arquivo

Rato lembrou que esta é uma competição muito importante, que sempre revela novos talentos de todas as regiões do país, especialmente do Norte e Nordeste. “São Paulo vem mostrando a força que possui nas classes de entrada e esperamos evoluir ainda mais nos próximos anos, graças ao apoio que estamos recebendo do nosso presidente, que tem priorizado o esporte em sua gestão.”

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“Não podemos deixar de destacar e agradecer o apoio — ou melhor, a parceria — que mantemos com os dojôs, clubes e academias que nos proporcionam essa qualidade e o refinamento técnico dos atletas paulistas. Dedicamos essa vitória a todos os professores que fazem parte desse processo de desenvolvimento continuado”, concluiu o dirigente.

Eficiência técnica e estratégia, marcas desta edição do brasileiro sub 13 e sub 15 © Anderson Neves / CBJ

Base forte, futuro em construção

O professor kodansha e medalhista olímpico Henrique Guimarães, presidente da Federação Paulista de Judô, comemorou o excelente resultado obtido em João Pessoa e destacou a importância de investir nas categorias de base.

Sensei Jacqueline Osana da Silva, do Judô Araucária (PR), vibra com a conquista de seu aluno © Anderson Neves / CBJ

“Vimos aqui, em João Pessoa, uma geração forte que trará muitas conquistas para o judô paulista e brasileiro. Cada vez mais atletas das classes de entrada estão participando do Campeonato Paulista de Kata, e essa vivência com os fundamentos do judô tem proporcionado uma base técnica mais sólida para os judocas do infantojuvenil e do pré-juvenil”, disse.

Disciplina e foco marcam a nova safra do judô brasileiro © Anderson Neves / CBJ

“Nossa meta é investir cada vez mais na base para garantir transições sólidas, elevando o nível técnico de forma gradual e consistente. O resultado obtido aqui mostra que estamos no caminho certo”, afirmou o dirigente paulista.

Força mental e técnica apurada, são marcas desta geração © Anderson Neves / CBJ

COMISSÃO TÉCNICA DA FPJUDÔ

CHEFE DA DELEGAÇÃO

  • Marco Antônio da Costa – Coordenador técnico FPJudô

COORDENAÇÃO-GERAL

  • Iara Tibaes – FPJudô

TÉCNICOS SUB 13

  • Suellen Chibana – Associação Chibana de Judô
  • Douglas Henrique Orsi – Sesi-SP
  • Maria Fernanda Saboo – Clube Paineiras do Morumby

TÉCNICOS SUB 15

  • Vitor Delgado – Sociedade Esportiva Palmeiras
  • Adriano Hideki Yamamoto – Associação de Judô Yamamoto
  • Eduardo Katsuhiro Barbosa – Clube Paineiras do Morumby

MEDALHAS DA FPJUDÔ POR NAIPE

  • FEMININO:     18 MEDALHAS (5 OUROS, 7 PRATAS, 6 BRONZES)
  • MASCULINO: 18 MEDALHAS (6 OUROS, 3 PRATAS, 9 BRONZES)

Mato Grosso do Sul é vice-campeão

A seleção de Mato Grosso do Sul foi vice-campeã na contagem geral de pontos, com 17 medalhas — seis ouros, três pratas e oito bronzes. Capitaneada pelo professor Diogo Rocha (Judô Clube Rocha de Campo Grande), a equipe preservou a tradicional força do estado no judô feminino, sagrando-se campeã do Sub 15 feminino.

Domínio de kumi-kata, variações de entrada e projeções limpas © Anderson Neves / CBJ

Diretor da Associação Desportiva Moura — a escola que classificou o maior número de atletas para a seleção do Mato Grosso do Sul —, o professor Marco Moura parabenizou todos os professores do estado pela conquista, que simboliza o trabalho coletivo desenvolvido nas bases.

Raphael Luiz Moura dos Santos Silva, o Juquita, coordenador técnico da base do Esporte Clube Pinheiros, comemora a conquista de Felipe Gurian Achcar, sócio do clube, campeão do Sub 15 superpesado (+81kg) © Anderson Neves / CBJ

“Ficamos muito felizes com o resultado do nosso estado, o Mato Grosso do Sul, da nossa federação, a FJMS, e principalmente com o trabalho de todos os técnicos sul-mato-grossenses. Essa é uma vitória de todos os clubes que contribuíram para esse feito. O resultado é fruto do esforço de todos os professores do nosso estado, e todos precisam ser lembrados e homenageados.”

A classe Sub 15 mostrou transições rápidas do tachi-waza ao ne-waza © Anderson Neves / CBJ

Na sequência, o sensei campo-grandense celebrou a classificação de sete alunos para as seleções de base do Brasil que disputarão o Sul-Americano e o Pan-Americano, nessa temporada ainda.

Sensei Rato e Iara Tibaes com membros da comissão técnica e atletas do sub 13 © Arquivo

“Falando especificamente do Judô Moura, ficamos muito felizes por termos atingido todos os objetivos, realizando nossos melhores sonhos. Fomos para João Pessoa com enorme expectativa e, felizmente, tudo deu certo: classificamos sete atletas para as seleções de base — quatro para o Sul-Americano de Assunção, que acontece nos dias 24 e 25 de outubro, e três para o Pan-Americano de Lima, no início de dezembro. Foi um resultado fantástico para a nossa federação, para o nosso estado e para todos os clubes do Mato Grosso do Sul. Parabenizo nossa comissão técnica e todos os técnicos do estado”, comemorou sensei Moura.

Senseis Luiz e Ana Alexandre, os atletas Lucca Alexandre e Maria Eduarda Oliveira, e o professor Marco Moura comemoram as conquistas da FJMS em João Pessoa © Arquivo

MEDALHAS DA FJMS POR NAIPE

  • FEMININO:    11 MEDALHAS (4 OUROS, 2 PRATAS, 5 BRONZES)
  • MASCULINO: 6 MEDALHAS (2 OUROS, 1 PRATA, 3 BRONZES)

 Rio de Janeiro, terceiro lugar geral

Com 19 medalhas (5 ouros, 6 pratas e 8 bronzes), o Judô Rio fechou o pódio geral em terceiro lugar. Além disso, a equipe fluminense foi vice-campeã no naipe masculino e terceira colocada no feminino.

Senseis Leandro Rafael, Rodrigo Domiciano, Raphael Hottis, Jorge Rocha, Roberto Silva, Vanessa Dynia, Yomara Angelim, André Amorelli, e Rafael Barbosa com medalhistas de ouro da equipe carioca © Arquivo

Na avaliação do professor kodansha Jeferson Vieira, vice-presidente da FJERJ, árbitro internacional FIJ A com três ciclos olímpicos e paralímpicos e coordenador de arbitragem da CBJ por quase uma década, o resultado obtido em João Pessoa é fruto da sinergia entre a federação e as agremiações filiadas.

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“O resultado alcançado pelo Rio de Janeiro no Campeonato Brasileiro Sub 13 e Sub 15 é fruto de um trabalho conjunto da federação com as agremiações filiadas. A FJERJ tem oferecido grande apoio aos clubes, principalmente na base, com projetos que facilitam a participação de todos em nossos eventos.”

Pódio do Sub 13 masculino © Arquivo

O dirigente carioca explicou que o cenário atual do judô fluminense é resultado de um trabalho construído ao longo de quase dez anos.

Pódio do Sub 13 feminino © Arquivo

“O quadro atual do Judô Rio é fruto de um projeto iniciado ainda na gestão do professor Jucinei, então presidente, ao lado do professor Leonardo Lara, ex-vice-presidente, e de mim, que à época atuava como superintendente. Nas gestões seguintes, a diretoria foi se renovando e, agora, com o professor Leonardo na presidência, seguimos mantendo a mesma política que vem impulsionando o judô carioca aos patamares que atingimos hoje. Avalio que a FJERJ é uma das poucas federações do país que possui uma gestão participativa, na qual o presidente toma decisões em conjunto com a sua diretoria. Esse modelo tem fortalecido cada vez mais o judô do nosso estado. Os resultados estão aí — estamos chegando ao topo em todas as classes. E agora, com o Sub 13 e o Sub 15, não foi diferente. Só temos a agradecer a todo o nosso corpo técnico, que vem realizando um trabalho de excelência no desenvolvimento dos nossos atletas.”

Pódio do Sub 15 feminino © Arquivo

Em seu portal, a diretoria da FJERJ – Judô Rio homenageou os dojôs e escolas que enviaram representantes para a disputa realizada em João Pessoa, contribuindo para a construção dessa campanha histórica.

Pódio do Sub 15 masculino © Arquivo

“Em João Pessoa, o time Judô Rio foi representado por 71 judocas de 18 agremiações filiadas à FJERJ, mostrando determinação e muita qualidade técnica. São elas: Umbra – Club de Regatas de Vasco da Gama (15 atletas), Clube de Regatas do Flamengo (9), Equipe Leo Lima (7), Instituto Impacto (7), Judô Comunitário Instituto Reação (7), IDEC Projeção (6), Premier Judô (5), Judô Jomar Carneiro (3), Equipe de Judô Pinheiro (1), Associação Budokan Judô Karatê Clube (2), Jequiá Iate Clube (2), Associação de Judô Hélio Rodrigues (1), Instituto Santa Cruz de Esportes (1), Judô France (1), Moutella Judô (1), Projeto Solução (1) LBV – Centro Educacional José Paiva Neto (1), e Ranniery Moreira Judô Búzios (1).”

Experiência que vira vivência e molda o judoca para a vida © Arquivo

Comissão técnica Judô Rio – FJERJ

A diretoria técnica da Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro enviou a João Pessoa uma comissão técnica formada pelos seguintes professores:

CHEFE DA DELEGAÇÃO

  • Jorge Rocha — Associação Budokan

TÉCNICOS

  • Rodrigo Domiciano — Clube de Regatas do Flamengo
  • Carolina Pereira — Instituto Reação
  • Yonara Angelim — Umbra / Vasco da Gama
  • Leandro Rafael — IDEC Projeção
  • Igor Marinho — Premier Judô
  • Raphael Hottis — Instituto Impacto
  • André Amorelli — Umbra / Vasco da Gama
  • Luana Fortes — Umbra / Vasco da Gama
  • Vanessa Dynia — DCR
  • Roberto Silva — Jequiá Iate Clube
  • Rafael Barbosa — ISC Projeção

MEDALHAS DO JUDÔ RIO POR NAIPE

  • FEMININO:    10 MEDALHAS (3 OUROS, 3 PRATAS, 4 BRONZES)
  • MASCULINO: 9 MEDALHAS (2 OUROS, 3 PRATAS, 4 BRONZES)

O Brasil que cresce nos tatamis

O campeonato brasileiro realizado em João Pessoa reforçou o papel estratégico das classes de entrada na formação do alto rendimento. A amplitude geográfica — 27 estados representados — e o alto nível de competitividade apontam para uma base cada vez mais sólida e conectada aos fundamentos técnicos e filosóficos do judô, fator decisivo na transição para as categorias pré-juvenil e infantojuvenil.

Vivência de uma competição que vira experiência para a vida © Arquivo

Mais do que revelar talentos, a competição evidenciou a pulverização geográfica do judô brasileiro, que hoje se expande de forma equilibrada por todas as regiões do país. Essa distribuição de resultados e a presença expressiva de delegações de Norte a Sul demonstram que o judô, em um país de dimensões continentais como o Brasil, consolida-se como uma das modalidades com maior capilaridade esportiva e social.

Técnicos cariocas com medalhistas do sub 15 © Arquivo

O equilíbrio técnico entre estados tradicionais e novas potências regionais confirmam que o judô nacional segue em franca evolução — sustentado por um trabalho conjunto entre federações, clubes, professores e dirigentes, que mantêm vivo o espírito formador e educativo do esporte criado por Jigoro Kano.

Para acessar a classificação individual da e a classificação geral CLIQUE AQUI.

Maê Müller com sensei Luiz Alexandre da FJMS © Arquivo

Treinadores cariocas com medalhistas do sub 13 © Arquivo

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