Sensei Sator Hirakawa comemora o fim da intervenção no judô paulista

Um dos grandes formadores de atletas do Brasil, o professor Hirakawa lamentou o processo de intervenção em São Paulo e elogiou os membros que compõem a chapa Avança Judô.

Por Paulo Pinto / Global Sports
19 de setembro de 2024 / Curitiba, PR

Nascido em Presidente Venceslau (SP) em 19 de maio de 1946, o professor kodansha hachi-dan (8º dan) Orlando Sator Hirakawa começou sua trajetória nos tatamis durante a adolescência, sob a orientação de uma das maiores lendas do judô brasileiro, o professor kodansha Yoshio Kihara, considerado o mestre dos mestres no País.

Radicado em São José dos Campos (SP) e reconhecido como um dos mais renomados formadores de atletas nas últimas décadas, o sensei Orlando Sator Hirakawa compartilhou sua visão sobre o atual cenário do judô paulista em uma entrevista exclusiva à revista Budô.

Formador

Antes, vale destacar alguns dos judocas formados no dojô da família Hirakawa que se sobressaíram no cenário esportivo. Entre eles estão Rafael Macedo, medalhista de bronze por equipes mistas nos Jogos de Paris 2024, campeão mundial júnior em Fort Lauderdale 2014, medalhista de bronze nos Mundiais de Tóquio 2019 e Budapeste 2021, além de tetracampeão Pan-Americano; Fulvio Miyata, medalhista de bronze no Mundial de Paris 1997, bicampeão Pan-Americano de Judô em 1996 e 1998, e atual técnico do Minas Tênis Clube; Marco Antônio da Costa, o Rato, um dos principais atletas de sua geração; Leandro Cunha, o Coxinha, vice-campeão mundial em Tóquio 2010 e Paris 2022, campeão dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara 2011 e representante do Brasil em várias edições dos Jogos Olímpicos; Carlos Bortole, o Dedão, que integrou a seleção brasileira por um longo período; Milton Minoru Takahashi, atleta talentoso que teria integrado a seleção se não tivesse optado pelos estudos; Rogério Kenji, que também optou pelos estudos; além de Elessandro de Lima e o renomado coordenador técnico do Clube Paineiras do Morumby, Carlos Kira Yamazaki, entre outros.

Na volta de Paris, Rafael Macedo foi ao dojô do professor Hirakawa para mostrar a medalha olímpica conquistada graças aos ensinamentos do seu sensei © Arquivo

FPJudô hoje

Com a eleição da Federação Paulista de Judô marcada para dia 30, o sensei Hirakawa fez uma avaliação positiva do grupo que conduziu a intervenção e celebrou o retorno à normalidade da entidade.

“Felizmente, o interventor cumpriu seu papel e suas promessas, conduzindo o processo de maneira eficiente e devolvendo a administração da nossa federação às mãos de judocas que certamente darão novo rumo ao judô do Estado de São Paulo.”

Ao avaliar os membros da chapa Avança Judô, o professor Hirakawa expressou confiança no grupo, afirmando que, caso sejam eleitos, os vice-presidentes oferecerão um suporte significativo ao novo presidente.

Marco Antônio da Costa, o Rato, com seu sensei em evento da FPJudô © Arquivo

“Tenho plena convicção de que os professores Osvaldo Hatiro Ogawa, Takeshi Yokoti e Raul de Mello Senra Bisneto darão total apoio ao professor Henrique Carlos Serra Azul Guimarães. São dirigentes experientes e com profundo conhecimento na gestão da nossa entidade.”

“Quanto à presidência em si, o dirigente pode mudar, mas o judô paulista sempre permanecerá na vanguarda da modalidade, graças ao inestimável legado dos imigrantes japoneses. Eles não apenas introduziram o judô em São Paulo, mas também trouxeram consigo uma filosofia de vida e disciplina que transcende o esporte, moldando o caráter e os valores de várias gerações. Com uma base sólida construída ao longo de décadas, essa herança cultural e esportiva foi fundamental para que São Paulo se consolidasse como o principal centro do judô no País, mantendo viva a tradição japonesa de respeito, ética e busca incessante pela excelência técnica e moral.

Membros da família Hirakawa com alunos no Open Corinthians 2024 © Arquivo

Sobre a chapa Renova Judô, sensei Hirakawa ressaltou a falta de experiência necessária para a gestão da entidade. “São pessoas conhecidas, mas, quando se trata de liderar uma federação do porte da FPJudô, é preciso mais conhecimento. A federação é alimentada pelas associações e professores que transmitem o saber, e essa operação envolve números expressivos e grande habilidade para garantir que tudo aconteça da melhor forma possível e no tempo adequado.”

Ao refletir sobre a intervenção, sensei Hirakawa foi direto: “Infelizmente, não sabemos ao certo o que desencadeou este processo, que considero lamentável e extremamente prejudicial. No entanto, o fato é que, felizmente, a intervenção se encerrará com o pleito do dia 30 de setembro. Com isso, o judô paulista certamente retomará seu caminho de grandes conquistas e vitórias importantes”, concluiu sensei Hirakawa.