18 de novembro de 2024
Técnicos paulistas avaliam tropeço e lembram que é preciso humildade para aprender com os erros
Mesmo totalizando 17 medalhas, a seleção paulista terminou na terceira colocação e não manteve hegemonia na classe sênior
Campeonato Brasileiro de Judô Sênior 2018
14 de outubro de 2018
Por PAULO PINTO I Fotos ARQUIVO/FPJUDÔ e TATI AMAYA
São Paulo – SP
Nesta semana a Confederação Brasileira de Judô realizou o Campeonato Brasileiro Sênior, que reuniu no Centro Pan-Americano de Judô 291 judocas de 26 Estados. Além do título, os atletas que foram à Bahia buscavam pontos no ranking nacional e uma vaga na seleção principal em 2019.
A seleção paulista foi a Lauro de Freitas formada por atletas das principais equipes de judô do Estado: Associação Desportiva São Caetano, SESI-SP, Esporte Clube Pinheiros, Sociedade Esportiva Palmeiras, Judô Praia Grande, Secretaria de Esportes de São José dos Campos e Clube Paineiras do Morumby.
No primeiro dia de disputa os paulistas garantiram vaga em dez finais e em oito disputas de bronze, o que poderia proporcionar um resultado histórico para o Estado, mas não foi isto que aconteceu. São Paulo não manteve a mesma pegada da fase classificatória e perdeu sete das dez finais disputadas. Na briga pelo bronze os paulistas venceram sete dos oito confrontos.
Muita gente ficou surpresa com a queda de rendimento do time paulista, mas a verdade é que os Estados do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro estão colhendo os frutos do excelente trabalho que desenvolvem nos tatamis.
Paridade técnica
Em 2017 São Paulo foi campeão geral totalizando dez medalhas, sendo quatro de ouro, quatro de prata e duas de bronze. Os gaúchos foram vice-campeões com a mesma quantidade de medalhas de ouro e prata, mas um bronze a menos que os adversários paulistas.
Na mesma temporada os cariocas chegaram na terceira colocação, totalizando dois ouros, duas pratas e três bronzes, superando os mineiros, que recentemente perderam um certo espaço na briga por títulos e medalhas nas competições nacionais. Em 2017, por exemplo, a seleção mineira ficou em nono lugar, sem nenhum ouro. Já nesta temporada Minas Gerais reagiu e apresentou desempenho muito superior.
Enganam-se aqueles que acreditam que na classe sênior os paulistas ainda mantêm distância de seus adversários diretos: gaúchos e cariocas. E este é o melhor cenário possível para o judô brasileiro, quando pensamos em desenvolvimento técnico e competitividade. Quanto maior for a disputa interna, mais preparados estarão nossos judocas para competir no cenário internacional.
Técnicos paulistas avaliam desempenho da equipe
Andréa Oguma, técnica do Esporte Clube Pinheiros e da seleção paulista sênior feminina, aprovou o desempenho da equipe paulista feminina.
“Faço uma avaliação positiva do desempenho da equipe feminina. Na verdade, conquistamos oito medalhas, sendo duas de ouro, uma de prata e cinco de bronze. Só não medalhamos em duas categorias, porém foram derrotas para atletas muito fortes e que subiram ao pódio”, disse Andrea.
Falando especificamente sobre hegemonia, a técnica preferiu enfatizar a paridade existente hoje no naipe feminino.
“É difícil falar sobre hegemonia. No ano passado, por exemplo, ficamos em terceiro lugar na classificação geral do feminino. Todos sabem que a classe sênior, principalmente a feminina, guarda grande equilíbrio entre os Estados e até mesmo entre as equipes mais fortes do País. Os grandes clubes de judô reúnem atletas muito fortes, que integram as seleções brasileiras da base até à categoria principal”, explicou a técnica paulista.
Falando sobre expectativas, Andréa encerrou destacando mais uma vez o nivelamento técnico das principais equipes do País.
“Claro que sempre esperamos mais e mais medalhas de ouro. Nosso objetivo é sempre a busca da vitória, mas felizmente hoje a disputa nacional é muito acirrada e todas as equipes têm atletas com muita qualidade. Temos categorias como o meio-leve (52kg) e o leve (57kg), por exemplo, que reuniam seis ou sete meninas com resultados expressivos que as credenciavam a chegar em primeiro lugar. Claro que sempre podemos melhorar, e é isso que vamos buscar, analisando com tranquilidade os resultados e o desempenho das atletas, sem esquecer de avaliar também o desempenho das nossas adversárias”, concluiu.
Luís Carlos de Farias, o Guapo, técnico da Secretaria de Esportes de São José dos Campos e da seleção paulista sênior masculina, avaliou positivamente o desempenho masculino.
“No geral a equipe foi bem e chegou às finais de sete categorias. Conquistamos nove medalhas, sendo uma de ouro, seis de prata e duas de bronze. Alguns atletas lutaram muito bem no primeiro dia da competição, mas não tiveram o mesmo desempenho no dia seguinte. A adrenalina baixou e não conseguiram manter o ritmo. Isto acontece e faz parte da disputa”, avaliou Guapo.
Sobre a velha hegemonia paulista, Luís Carlos acredita que nas próximas competições as coisas voltarão ao normal e São Paulo ocupará o lugar mais alto do pódio.
“Por toda a história e tradição que São Paulo acumula, ainda somos o Estado com os melhores judocas do Brasil. Não ter vencido o campeonato brasileiro é normal, e já aconteceu outras vezes. Criamos grande expectativa pelo fato de termos chegado a várias finais e acho que alguns atletas sentiram a pressão. Infelizmente eles não repetiram o desempenho e não chegamos em primeiro lugar. Agora é focar a próxima temporada e trabalhar muito”, ponderou o técnico.
Guapo lembrou que a seleção paulista voltou para casa com muitas medalhas e que é preciso ter humildade para aprender com os erros cometidos.
“Voltamos da Bahia com 17 medalhas e este é um resultado extremamente expressivo. Sobre o futuro, tenho certeza de que esta experiência negativa certamente fará com que alguns pontos sejam revistos e São Paulo voltará a ser campeão nos próximos eventos nacionais. Tropeços acontecem e temos de ter humildade para aprender com eles”, concluiu Guapo.
Dirigentes analisam a campanha
Na avaliação de Alessandro Puglia, a equipe defendeu bravamente o Estado de São Paulo, e, com um pouco mais de maturidade e treino, certamente esta geração resgatará a tradição paulista nos tatamis.
“Agradeço a todos que participaram direta e indiretamente deste grupo, e isto inclui os professores de cada atleta, familiares e colegas de clube em que treinam no dia a dia. Vimos muita gente nova e com pouca experiência. Acredito que com maior vivência e mais treino atingiremos nossos objetivos”, previu o presidente da FPJudô.
Francisco de Carvalho Filho lembrou que o judô brasileiro está evoluindo e considerou esta renovação bastante positiva. “Além dos três primeiros colocados, o Distrito Federal faturou dois ouros e um bronze, Minas Gerais conquistou um ouro, três pratas e seis bronzes, e o Mato Grosso do Sul obteve um ouro e uma prata. Quanto maior for a disputa interna, mais fortes seremos para brigar por medalhas no World Tour da Federação Internacional de Judô. São Paulo não perdeu nada. Todos nós ganhamos na competitividade. Se na próxima temporada a FPJudô quiser recuperar o primeiro lugar, terá de trabalhar muito mais do que neste ano, e é justamente esta alternância de forças que aumentará cada vez mais o nosso poderio técnico”, enfatizou o presidente de honra da Federação Paulista de Judô.
Os campeões brasileiros seniores da equipe bandeirante desta temporada são: Amanda Santos (44kg/São Caetano), Samanta Soares (78kg/Pinheiros) e Rafael Buzacarini (100kg/Paineiras).
Conquistaram medalhas de prata: Eleudis Valentim (52kg/Pinheiros), Mike Pinheiro (55kg/São Caetano), Jonathan Freitas (60kg/SESI), Lincoln Neves (73kg/São José), Gabriel Oliveira (90kg/Pinheiros), Gabriel Souza e Jonas Inocêncio (+100kg/Pinheiros).
Os judocas que venceram a disputa de bronze são: Tawany Silva (52kg/Praia Grande), Ketelyn Nascimento (57kg/Palmeiras), Ellen Santana (70kg/Palmeiras), Giovanna Fontes (78kg/SESI), Sibilla Faccholli (+78kg/Pinheiros), Kainan Pires (66kg/Pinheiros) e Vinicius Panini (81kg/Pinheiros).