Temer corta Bolsa Atleta pela metade, tira contribuição a jovens e preserva investimento na elite

Michel Temer será lembrado pelos esportistas, como o presidente da República que implodiu o investimento na base e ignorou as futuras gerações de esportistas

De saída e no último dia útil do ano, governo reduz em quase 60% número de beneficiados

Programa Bolsa Atleta
28 de dezembro de 2018
Por GLOBOESPORTE.COM I Foto CESAR ITIBERÊ/PR
São Paulo – SP

No último dia útil do ano, o governo Michel Temer (MDB) publicou no Diário Oficial da União a lista de contemplados do Bolsa Atleta de 2018 – e que receberão o incentivo no próximo ano pelos resultados obtidos em 2017. E a divulgação é dramática para o esporte nacional. A União decidiu cortar o orçamento do programa praticamente pela metade em relação aos anos anteriores – na comparação com 2014, 2015 e 2016, por exemplo, a queda é de quase 60%.

A portaria, de número 381, foi assinada pelo ministro do Esporte Leandro Cruz. De acordo com o Ministério do Esporte, o investimento no Bolsa Atleta será de R$ 53,6 milhões em 2018, valor muito inferior aos repasses de exercícios passados, que geralmente superavam R$ 150 milhões. Ainda segundo a pasta, serão patrocinados 3.058 atletas, dos quais 2.097 de modalidades olímpicas e 961 de paralímpicas. A lista de contemplados pode ser vista aqui. Em 2014 foram 6.667 e em 2016, 7.223. O auge do investimento ocorreu em 2013, com liberação de R$ 183 milhões para o programa.

Em média, o número de bolsistas do programa girava em torno de 6.000 a 7.000 por ano, mas esse contingente deve sofrer uma redução significativa. O corte deve afetar, sobretudo, atletas mais jovens da categoria “estudantil” e “base”, que recebem R$ 370 mensais – as outras categorias são “nacional” (R$ 925), “internacional” (R$ 1.850), “olímpica/paralímpica” (R$ 3.100) e “pódio” (R$ 5 mil a 15 mil).

O governo Temer já havia reduzido o aporte de recursos no Bolsa Atleta nos dois últimos anos e dirigido os valores somente a competidores de modalidades olímpicos – algo que foi na contramão do que a União havia feito nos mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Apesar de sacrificar os jovens, a bolsa se manteve intacta para os atletas da elite do esporte nacional. Competidores das categorias mais ao topo da pirâmide, justamente aqueles que disputam Campeonatos Mundiais e Jogos Olímpicos, não terão corte. Estes, porém, em geral têm outras fontes de financiamento e não dependem do subsídio federal.

O Bolsa Atleta foi criado em julho de 2004 e regulamentado em janeiro de 2005. Em seus 13 anos de existência, distribuiu mais de R$ 1 bilhão a atletas do país.