19 de dezembro de 2024
Treinamento de campo leva mais de 180 judocas a Araras
Evento foi comandado pelos medalhistas olímpicos Henrique Guimarães e Luiz Yoshio Onmura e pelo professor Osvaldo Hatiro Ogawa
Por Paulo Pinto / FPJCOM
18 de outubro de 2022 / São Paulo (SP)
Cumprindo a proposta de reformulação técnica do judô estadual, na sexta-feira passada (14) a coordenação técnica da Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou o quinto treinamento de campo da temporada, integrado à fase final do Campeonato Paulista de Judô Aspirante, no Ginásio de Esportes Nélson Rüegger, em Araras.
Com apoio da Secretaria Municipal de Esportes e da Prefeitura de Araras o evento reuniu aproximadamente 180 técnicos e atletas numa uma aula extremamente rica e fundamentada nos aspectos técnicos e filosóficos pregados pelo Instituto Kodokan.
O treinamento de campo de Araras foi ministrado pelos professores kodanshas Osvaldo Hatiro Ogawa, Luiz Yoshio Onmura e Henrique Guimarães. Ogawa é hachi-dan (8º dan), ex-presidente da FPJudô e neto do mestre Ryuzo Ogawa, fundador do Hombu Budokan Judô e profundo conhecedor dos hábitos e costumes da cultura japonesa, especialmente das tradições do Instituto Kodokan.
Luiz Yoshio Onmura, medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Los Angeles (1984), formou-se nos tatamis do dojô da Vila Sônia, conduzido pelo saudoso professor kodansha juu-dan (10º dan) Massao Shinohara. Detém grande conhecimento das técnicas e dos fundamentos, além de excelente didática na transmissão dos detalhes dos 40 movimentos do gokyo-go.
Henrique Carlos Serra Azul Guimarães, medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996), conquistou dois bronzes nos Jogos Pan-Americanos de Mar del Plata (1995) e Santo Domingo (2003). Aluno do sensei Akira Yamamoto, da Associação de Judô Santana, Henrique é hoje o coordenador-geral do Centro de Excelência Esportiva de São Bernardo do Campo.
Marcelo Fuzita, técnico do Centro de Excelência Esportiva de São Bernardo do Campo, foi a Araras para atuar como uke e para auxiliar na coordenação geral do treinamento de campo. O ex-atleta da seleção brasileira foi muito elogiado pela predisposição e o comprometimento no ensinar e detalhar as técnicas apresentadas no encontro.
Este foi o quinto e último treinamento de campo realizado pela coordenação técnica da FPJudô nesta temporada. O primeiro treinamento de campo realizou-se no dia 15 de maio, em São Bernardo do Campo, acoplado ao Campeonato Paulista Sub 18.
O segundo treinamento de campo da temporada ocorreu integrado ao Open Ajinomoto Aspirante, no Ipanema Clube de Ribeirão Preto, e cerca de 75 técnicos e atletas participaram do encontro.
O terceiro treinamento de campo foi o mais expressivo da temporada, levando 450 judocas a São Bernardo do Campo para treinar com atletas de Quebec, Canadá, que vieram ao Brasil disputar o Desafio São Paulo vs. Canadá.
O quarto treinamento de campo levou mais 300 judocas a Aguaí, disseminando assim muita informação e conhecimento sobre o judô para os jovens da Região Norte do Estado de São Paulo. O treinamento de campo foi integrado ao Campeonato Paulista sub 13 e sub 15, realizado no ginásio Domingão.
Treinamento de campo
O presidente da FPJudô, Alessandro Puglia, saudou todos os professores e os judocas que foram a Araras um dia antes da competição para participar do treinamento de campo e aprender um pouco mais de judô.
“Todos nós, enquanto professores e formadores, temos o dever de estudar e aprender sempre um pouco mais. Faço um agradecimento aos professores pelo trabalho em prol de um maior desenvolvimento técnico do judô em nosso Estado. Neste ano conseguimos levar este tipo de treinamento para cinco regiões do Estado de São Paulo, mas no próximo ano pretendemos fazer um pouco mais.”
Entre os professores mais graduados identificamos os senseis Hatiro Ogawa, Luiz Onmura, Henrique Guimarães, Alessandro Panitz Puglia, Sidnei Paris, Sérgio Barrocas Lex, Kanefumi Ura, Marco Aurélio Uchida, Marcos Mercadante, Marcelo Fuzita, Kleybe Souza, Rodolfo Matias, Júlio Takashi Kawaguchi, Sidnei Paris Júnior, Danilo Pietrucci, Milton da Costa Júnior, Luís Fernando Carvalho Silva, André Luiz Zanobia, Matheus Mercadante, Ricardo Yukio Koga, Vinicius Curtolo, Ana Júlia Maceno, Milton da Costa Júnior, Luís Fernando Carvalho Silva, Ricardo Yukio Koga, Alexandre Santos, Eliseu Leme, Caio Mizael, Breno Caetano, Thiago Ferreira e Sabrina Araújo.
Após a abertura do encontro o professor Marcelo Fuzita, técnico do Centro de Excelência Esportiva de São Bernardo do Campo, comandou o aquecimento que precedeu a apresentação dos aspectos técnicos do treinamento de campo de Araras.
Na sequência, Ogawa mostrou algumas variantes de ukemi, nominadas da forma adotada pelo Instituto Kodokan – técnicas como ushiro-ukemi, queda para trás; ushiro-mawari-ukemi, queda de rolamento para trás; yuko-ukemi, queda lateral para a direita e para a esquerda; yuko-mawari-ukemi, queda de rolamento lateral para a direita e para a esquerda; mae-ukemi, queda frontal; mae-mawari-ukemi ou zempoo-mawari-ukemi, queda de rolamento frontal.
Na prática o treino de campo foi bastante produtivo e atingiu as metas propostos pelos organizadores. “Pudemos mostrar a forma correta de executar cada uma das técnicas e a forma correta de nominá-las”, disse Ogawa.
O segundo palestrante foi o professor Luiz Yoshio Onmura, que discorreu sobre técnicas de ashi-waza. A coordenação técnica da FPJudô programou este treinamento, relativo a técnicas de perna, devido à importância que têm nas competições, já que delas se originam muitas sequências de golpes. “Muitas vezes o judoca entra com o-uchi-gari para fazer um harai-goshi ou ko-uchi-gari e, sem um bom conhecimento de ashi-waza, esta transição se torna muito mais difícil ou até mesmo impossível. Inicialmente faremos uchi-komi sombra das principais técnicas de ashi-waza”, disse.
Em seguida o professor Onmura dissecou o o-uchi-gari, mostrando a importância da postura e da posição correta do corpo, dos ombros, dos pés e das pernas na execução de cada técnica para a obtenção do desiquilíbrio necessário sobre o adversário – detalhes que determinam o vencedor de cada combate.
Outra técnica trabalhada foi o ko-uchi-gari, e Onmura começou falando da importância de acertar os passos. “Temos de acertar os passos e, principalmente, acertar o tempo em que o adversário colocará o pé; e antes de firmarmos o pé temos de fazer a puxada de perna.” O sensei destacou também a necessidade de a perna de base estar ligeiramente flexionada e a cabeça voltada para onde o adversário será projetado.
Foram trabalhados ainda os principais detalhes do o-soto-gari e, por último, realizou-se uma movimentação utilizando as três técnicas aprimoradas, com o objetivo de abrir espaço para cada atleta entrar com seu tokui-waza, ou seja, com sua técnica principal. “Quem consegue dominar bem estas três técnicas – ou outras de ashi-waza – consegue abrir o espaço necessário para entrar com seu golpe principal e finalizar o combate.”
Logo após houve treinamento de sombra (tandoku renshu), e o quinto e último treinamento de campo encerrou-se com a apresentação de Henrique Guimarães.
Após abordar aspectos técnicos, de forma bastante objetiva Henrique Guimarães falou aos professores sobre a necessidade de respeitar as limitações etárias de cada praticante, evitando assim a construção de mini competidores que certamente terão seu tempo no dojô abreviado e uma vida de competidor extremamente curta.
“É muito importante que se façam os uchi-komis no dia a dia de forma progressiva e criteriosa. Não é da noite para o dia que se consegue formar um atleta. É premente que tanto os pais quanto os professores compreendam que os pequenos judocas precisam de tempo para primeiro assimilar as técnicas para depois desenvolvê-las, conforme suas habilidades motoras permitam.”
O medalhista olímpico também explicou que existem crianças com 10 anos que dominam muito bem as técnicas de mão e braço (te-waza), enquanto outras não apresentam esta capacidade nesta faixa etária. “Da mesma forma, vemos crianças com igual idade dominando técnicas de mão (te-waza), quadril (koshi-waza) e pernas (ashi-waza) simultaneamente. Cada criança possui seu tempo de amadurecimento e temos de respeitar a natureza de cada uma delas.”
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