02 de dezembro de 2024
Vice-presidentes da EJU falam sobre diversidade na gestão do judô
Pela primeira vez na história da União Europeia de Judô (EJU), duas mulheres ocuparão cargos de vice-presidente: Catarina Rodrigues, será responsável pela área de Esportes, e Kristiina Pekkola, que atuará na área de Educação.
Por Rafael Khalatyan / Inside the Games
1º de dezembro de 2024 / Curitiba, PR
A portuguesa Catarina Rodrigues foi eleita vice-presidente da União Europeia de Judô durante o 76º Congresso Ordinário da EJU, realizado na semana passada em Budapeste, na Hungria, ocasião em que foi anunciado o novo Comitê Executivo para os próximos quatro anos. Rodrigues assumirá a pasta de Esportes, contribuindo diretamente para o desenvolvimento técnico da modalidade no continente.
Já a sueca Kristiina Pekkola, presidente da Federação Sueca de Judô, foi eleita vice-presidente com a responsabilidade primária de liderar a área de Educação. Além disso, Pekkola também será a representante da EJU junto à Comissão de Educação e Kata da Federação Internacional de Judô (FIJ), ampliando sua atuação em nível global.
Com sua experiência à frente da Federação Sueca de Judô, Pekkola já acumula conquistas significativas na promoção da diversidade nos países nórdicos. Para ela, a diversidade é essencial para a evolução e o progresso do judô.
“Ter modelos a seguir incentiva as mulheres mais jovens a se tornarem treinadoras, líderes e a trabalharem dentro da estrutura organizacional. É positivo que o Comitê Executivo tenha diferentes pontos de vista, experiências e práticas. Só o fato de estar na sala e dialogar já é uma forma de educar a todos”, destaca Pekkola.
Por sua vez, Rodrigues, ex-atleta internacional e medalhista mundial por Portugal, trilhou um caminho distinto até alcançar a sua posição na EJU. Sobre igualdade de gênero, ela admite que, inicialmente, não estava tão atenta ao tema, pois seu progresso na carreira aconteceu de forma gradual, sem uma percepção clara das desigualdades.
“Fui convidada pelo Comitê Olímpico de Portugal para fazer parte da Comissão de Mulheres no Esporte. No começo, eu não estava tão envolvida, mas, quando você começa a olhar para isso com mais atenção, percebe o quanto ainda precisamos avançar nesse processo. Essa mudança não acontece em uma ou duas gerações”, reflete Rodrigues.
Assim como Pekkola, Rodrigues enfatiza a importância de modelos femininos no judô. “Se nossas atletas virem, durante os eventos, que existem diferentes opções de carreira — não apenas como árbitras ou treinadoras, mas também em posições de gestão —, acho que isso é muito relevante. Além disso, estamos vendo cada vez mais mulheres arbitrando e treinando, inclusive liderando equipes masculinas, o que considero extremamente importante”, acrescenta.
Rodrigues também reforça que a igualdade de gênero é um aspecto fundamental no esporte e afirma que o judô é uma modalidade que pode se orgulhar de ser pioneira nessa questão, com a mesma premiação em dinheiro e o mesmo número de categorias para homens e mulheres.
“Estamos fazendo nossa parte e dando o melhor em nossa área, e isso está sendo reconhecido. Não queremos ocupar essas posições apenas porque somos mulheres. Ao mesmo tempo, fico feliz em saber que não existem barreiras que impeçam mulheres qualificadas de assumir essas funções”, conclui Rodrigues.