20 de novembro de 2024
Vinicius Erchov, a cara de uma oposição arrogante, perdida no tempo e vazia de propostas
Devido ao seu passado e histórico carregados de marcas, a melhor contribuição que o candidato a 1º vice-presidente poderia oferecer ao seu grupo seria retirar-se da chapa Renova Judô.
Por Paulo Pinto / Global Sports
28 de junho de 2024 / Curitiba (PR)
Apesar de todo o transtorno causado ao judô de São Paulo nos últimos quatro anos, o processo arquitetado fora do Estado com o apoio interno de dois ou três professores insatisfeitos com o cenário político da modalidade apresenta um quadro positivo e disruptivo. Nesse processo, grande parte dos atores com pretensões políticas pôde expor suas posições e pretensões. Fica claro que, a partir de agora, o nível da gestão ascenderá ainda mais rapidamente, projetando a FPJudô no mundo esportivo.
Contudo, para que o diálogo cresça e surta a transformação necessária, é preciso que o conteúdo das propostas seja no mínimo razoável e baseado em situações concretas e factíveis. Não é com suposições, ilações e até mesmo mentiras que se constrói uma plataforma política capaz de alavancar uma campanha realizada por professores que nada sabem e conhecem sobre os meandros da gestão.
Não é possível edificar um projeto político esportivo da mesma forma que se faz na política partidária, na qual mentir e flertar com o populismo gera votos e resultados surpreendentes. A política esportiva demanda certo nível de conhecimento, preparo e principalmente vivência administrativa, coisa que nenhum dos quatro candidatos da chapa Renova Judô possui.
Projeto juvenil
Basta assistir aos vídeos produzidos pelo candidato a vice do Renova Judô para constatar o grau de imaturidade e desconhecimento jurídico esportivo de Erchov, que irresponsavelmente fala em ampliação dos direitos e envolvimento dos judocas paulistas nas votações da Federação Paulista de Judô. Exibindo elevado grau de amadorismo e de leviandade, o candidato promete permitir que os faixas-pretas san-dans com cinco anos de atividade tenham direito a voto. “A nossa ideia é universalizar mais a eleição e fazer com que mais pessoas se sintam donas da FPJudô e envolvam-se na vida política dela”, assegura Vinicius.
Ou seja, sem o menor pudor, Erchov promete mudar a estrutura política do desporto nacional, que limita exclusivamente aos clubes e agremiações federados o direito de votar e ter poder de decisão sobre os destinos das modalidades. É muita inocência acreditar em tamanha bobagem.
Outro tiro no pé de Erchov é sugerir que os judocas participem mais intrinsecamente do processo político da modalidade. Mergulhado em seu afã de tornar-se alta personalidade hierárquica no cenário judoísta paulista, Erchov não percebe que judoca não quer saber de política, e sim ter o judô como prática, lazer e estilo de vida. São profissionais liberais, engenheiros, médicos, empresários e toda sorte de homens e mulheres, crianças e jovens que veem no judô uma fonte de prazer. Eles querem apenas praticar judô e não fiscalizar a gestão.
Outra proposta de campanha no mínimo infantil é a regionalização das prioridades, algo que já existe desde o início da década de 1970, quando o professor Katsuhiro Naito deflagrou o processo que foi amplamente aprimorado por seu sucessor, o professor Sérgio Adib Bahi. Bahi, por ter sido o coordenador da iniciativa, a alavancou ainda mais por meio das delegacias regionais quando assumiu a gestão. A quem Erchov pretende impressionar com suas novas ideias, velhas e usadas?
Setor financeiro
As propostas para a área financeira mostram com todas as letras que o candidato do Renova Judô vive em outro planeta. Achando que descobriu a América, Vinícius sugere que a cada quatro meses sejam realizados pequenos balanços patrimoniais, visando a permitir a verificação das contas da entidade.
Com essa fala, Erchov admite, sem o mínimo pudor, que desconhece totalmente as práticas realizadas na gestão do professor Alessandro Puglia, nas quais a exposição da movimentação financeira se fez de forma online e diária. Ou seja, todas as operações financeiras foram realizadas por meio de instituições bancárias, com o devido lançamento de cada movimentação. Desde 2021, a FPJudô é auditada por empresas independentes e idôneas, contratadas para fiscalizar toda a atividade financeira da entidade. Além disso, a entidade utiliza o Sistema de Gestão ERP, que impede a realização de fraudes e registra toda a movimentação financeira para auditoria. Vinícius precisa entender que a comunidade não deve ser molestada ou envenenada com preocupações que tiram o sono dele. A auditoria da FPJudô é feita por meio de mecanismos modernos, por empresas que comprovam a responsabilidade jurídica sobre os serviços que prestam.
O que faltou ao professor Erchov foi a iniciativa de acompanhar todo este processo, ao qual ele se opõe sistematicamente, pois este foi o compromisso que assumiu com pessoas que vivem fora do Estado, mas mantêm os olhos e as garras voltados para a Federação Paulista de Judô.
“O Renova Judô é hoje uma instituição que aglutina professores que defendem um determinado pensamento, mas este grupo está tão preparado para assumir a administração da maior entidade do judô no Brasil, que até o portal do Renova Judô, que deveria reunir e consolidar as propostas e pensamento dos seus líderes, está fora do ar há mais de um mês, em pleno auge da campanha.”
Erchov aponta o dedo e acusa a nova equipe de gestores que assumiu em 2021, da mesma forma que já ataca os interventores que desde 1º de março têm-se desdobrado para reconduzir a FPJudô à normalidade que foi rompida justamente por ele e seus pares.
Vinícius fala tanto em gestão e administração, mas se esquece de que o Renova Judô é hoje uma instituição que aglutina vários professores que defendem um determinado pensamento e outro modelo de gestão. Este grupo está tão pronto e preparado para assumir a administração da maior entidade da modalidade do Brasil, que até mesmo o portal do Renova Judô, que deveria reunir e consolidar as propostas e pensamento dos seus líderes, está fora do ar há mais de um mês, em pleno auge da campanha. E é esta gente que se propõe a alavancar o judô bandeirante como organização e instituição.
Sobre a revisão de taxas, não vou me alongar muito, mas sugiro apenas que Erchov faça uma simples consulta a entidades congêneres, como a Federação Paulista de Jiu-Jitsu e a Federação Paulista de Karatê. Além de populista, esta fala confronta sua própria afirmação de que a gestão deve ser profissionalizada. É muito fácil atirar pedras, quero ver descobrirem fontes de arrecadação para impulsionar o projeto.
Vinicius também cita a diferenciação de taxas para projetos sociais, fingindo não saber que a gestão Puglia criou uma nova divisão para atender justamente a esta faixa de entidades. Nada de novo foi dito ou apresentado, a não ser arremedos de iniciativas que já existem e suprem plenamente as necessidades dos filiados.
Outra fala bastante contraditória refere-se à obrigatoriedade de um candidato a faixa preta ter de trabalhar nos eventos. Há mais de 30 anos atuando no cenário, avalio que a FPJudô age de forma absolutamente correta nesse aspecto, pois toda essa vivência questionada pelo professor Vinícius é de suma importância no processo de aprimoramento técnico de um candidato a sho-dan. Penso até que esta experiência deveria transcorrer em tempo maior, o que certamente agregaria conhecimento e qualidade ao currículo dos candidatos.
Valores zero
Irônico, arrogante e mesmo sabendo que do outro lado existem pessoas extremamente capacitadas e que merecem respeito, Vinicius sugere que o grupo Avança Judô não possui projeto. Este sempre foi o perfil de um professor que jamais compreendeu e assimilou princípios simples e básicos do judô como o reiho, a etiqueta – aspecto essencial do judô que enfatiza o respeito pelos outros, pelo dojô e pela tradição do judô.
Como se fosse um ativista da política partidária, Vinicius apenas critica sem mostrar novos caminhos, ignorando que os professores que o conhecem sabem quem ele é e o que representa. Lamentavelmente, Erchov não exibe bom histórico, deixando marcas negativas profundas por onde passou, o que deveria fazê-lo respeitar mais seus adversários, que não carregam manchas curriculares semelhantes às dele.
Isso passa pelo dojô do seu sensei, onde não é bem visto e muito menos bem-vindo; pelo TJD da Federação Paulista de Judô, órgão que já o condenou com pena severa; e pelo fato de morar e ter seu dojô em São Paulo e, inexplicavelmente, ter recebido sua graduação de kodansha, por meio da Federação Baiana de Judô. Sem contar demandas de cunho pessoal que não nos cabe pormenorizar aqui.
“Este sempre foi o perfil de um professor que jamais compreendeu e assimilou princípios simples e básicos do judô como o reiho, a etiqueta – aspecto essencial do judô que enfatiza o respeito pelos outros, pelo dojô e pela tradição do judô.”
Obcecado pelo poder, numa eventual vitória de Sumio, o professor Vinícius provavelmente transformaria a gestão num inferno até que Tsujimoto renunciasse e deixasse o caminho aberto para ele comandar o judô paulista. Agora, fechem os olhos e imaginem, apenas por 30 segundos, o judô paulista sendo comandado por ele.
Bastaria ao professor Erchov uma dose mínima de humildade e respeito a seus pares e adversários para não termos de chegar ao ponto de lembrar do seu passado lamentável, que faz do seu nome uma péssima escolha para formar uma chapa composta por professores com o histórico grandioso, como Sumio Tsujimoto e Bahjet Kassen Hayek. Por isso, reiteramos que a maior contribuição que o candidato a 1º vice-presidente poderia oferecer ao seu grupo político seria retirar-se da chapa Renova Judô.
Comentários finais
Nossa matéria buscou expor de maneira contundente as fraquezas e inconsistências das propostas do candidato Vinicius Erchov, evidenciando um despreparo notório para ocupar um cargo de tamanha responsabilidade na Federação Paulista de Judô. O nosso tom crítico é sustentado por exemplos concretos que demonstram falta de conhecimento, planejamento e respeito às práticas já estabelecidas.
Erchov parece desconhecer as nuances da gestão esportiva, propondo mudanças irreais e inexequíveis que não agregam valor à modalidade. Sua postura crítica sem apresentar soluções viáveis revela uma abordagem superficial e populista, típica de quem não possui uma compreensão profunda das necessidades e desafios da instituição.
O histórico de comportamento e as circunstâncias de sua ascensão hierárquica no judô paulista lançam dúvidas sobre sua capacidade de liderá-lo de maneira ética e eficiente. Nossa matéria sugere apenas que a saída de Erchov da chapa Renova Judô seria um ato de humildade e de grande valia para a integridade do seu grupo e da modalidade como um todo.
A crítica construtiva é essencial para o crescimento e, ao levantar questões importantes, esta matéria contribui para um debate mais qualificado e para a escolha de lideranças realmente comprometidas e preparadas para conduzir o judô paulista ao seu pleno desenvolvimento.
Acredito que todos nós viemos à vida para aprender e crescer. Tudo que damos, recebemos de volta e em dobro. O que oferecemos ao mundo, seja bondade, amor ou generosidade, retorna para nós de forma multiplicada. Plantar boas ações traz colheitas abundantes!