18 de novembro de 2024
XXXIII Campeonato Paranaense de Karatê-dô Tradicional abre calendário esportivo da FKTPr
Em novo formato, competição estadual leva cerca de 230 atletas de 15 agremiações a São José dos Pinhais e institui a prática do lixo zero nos torneios oficiais
Por Paulo Pinto / Global Sports
30 de março de 2023 / Curitiba (PR)
Com o apoio da Secretaria de Esporte e Lazer da Prefeitura de São José dos Pinhais, a Federação de Karatê Tradicional do Paraná (FKTPr) realizou o XXXIII Campeonato Paranaense de Karatê-dô Tradicional, que reuniu cerca de 230 atletas de 15 agremiações no Centro de Esportes São Marcos, de São José dos Pinhais (PR).
Compareceram à cerimônia de abertura dirigentes da FKTPr como Jean Laure Edoardo de Oliveira, presidente da entidade; Ricardo Luís Buzzi, diretor técnico; Adeir Gomes, diretor de arbitragem; Antônio Carlos Walger, diretor de graduação; e Carlos Augusto Negrão Huy, tesoureiro.
Na abertura dos trabalhos, após dar boas-vindas a todos, Jean Oliveira explicou que a alteração no formato da disputa visa a melhorar a qualidade dos eventos da FKTPr e elevar o nivel técnico dos karatecas paranaenses de todas as faixas etárias.
“Dividimos a competição para melhorar a qualificação dos nossos atletas e árbitros. Neste novo formato, os faixas-verdes e acima disputam o campeonato estadual. Os karatecas da faixa laranja para baixo disputam o campeonato regional, no dia seguinte, usando a mesma estrutura. Com isso aumentamos a qualidade das duas competições e há melhor aproveitamento técnico tanto para os atletas quanto para os árbitros.”
No conjunto, o dirigente entende que houve mais dinâmica e qualidade na competição. “A arbitragem do karatê tradicional é bastante criteriosa, e neste formato tivemos mais tempo para realizar as lutas que, por envolverem apenas faixa-verdes e acima, oferecem maior qualidade. O andamento e o desenvolvimento de competição também são mais longos e, consequentemente, o aproveitamento é melhor.”
Na sequência o professor Ricardo Buzzi adiantou parte das competições já definidas nos âmbitos estadual, nacional e internacional. “Hoje iniciamos o calendário esportivo da FKTPr desta temporada e desejo que todos tenham excelente performance e atinjam seus objetivos. Em breve a seleção paranaense iniciará seus preparativos, já que teremos o Campeonato Sul-Sudeste de Karatê, o Campeonato Brasileiro de Karatê e o Campeonato Pan-Americano de Karatê Tradicional, que provavelmente será promovido no Brasil, e possivelmente em Curitiba, tendo em vista a realização do Campeonato Mundial em 2024. Desejo boa competição a todos e que possam levar boas lembranças do evento para suas casas.”
Dirigentes aprovam novo formato
Adeir Gomes, experiente diretor de arbitragem da FKTPr, explicou por que aprova a nova configuração da competição. “Esta nova formatação que o campeonato paranaense adotou, com faixas-verdes e acima, o tornou mais atrativo para o público, para as transmissões em canais de comunicação e, principalmente, bem menos cansativo para os árbitros e atletas. É claro que culturalmente existem resistências às mudanças, contudo, acreditamos que as vantagens deste novo formato logo serão percebidas e o apoio surgirá”, afirmou.
Ricardo Luís Buzzi, diretor técnico da FKTPr, entende que é preciso buscar opções que impulsionem o crescimento da modalidade, e a nova fórmula da competição vai ao encontro deste objetivo.
“Propusemos este novo formato porque sempre estamos analisando e reanalisando todos os eventos e todas as formas como vimos conduzindo a federação e como foi conduzida no passado. E, se desejamos mudanças e melhorias, temos de produzir mudanças e melhorias. Se continuarmos fazendo as mesmas coisas, vamos obter sempre os mesmos resultados. Sabemos que isso causa um certo desconforto em alguns professores e presidentes de associações, porque tudo que é novo causa desconforto. Mas temos certeza de que este novo projeto dos eventos vai acabar trazendo melhores resultados para os associados e melhores resultados técnicos, de deslocação e de logística. Estamos bastante confiantes e queremos contar com a colaboração dos de todos para tornarmos a nossa modalidade cada vez mais dinâmica e atrativa”, disse Buzzi.
“Em relação à duração da competição, acho que podia ter sido mais curta; ela foi um pouquinho além do que havíamos previsto, mas é preciso lembrar que foram dados intervalos para o arranjo das quadras e mais tempo para os árbitros, para que pudessem estar sempre muito atentos à competição. Mas acho que numa próxima vez teremos mais agilidade. Vamos sugerir que a direção de arbitragem estabeleça horários de pausa nos tatamis para não extrapolar o horário previsto. Mas acredito que estes ajustes serão constantes, pois, como já disse, mudar demanda mudanças”, avaliou o diretor técnico da FKTPr.
Para Carlos Augusto Negrão Huy, tesoureiro da entidade, o atual modelo de campeonato estadual, com faixas-verdes e acima, proporciona uma competição de alto nível, facilitando a seleção dos atletas que irão compor a seleção paranaense.
“Além disso, viabiliza um trabalho de melhor qualidade para o corpo de arbitragem, pois as competições terminam mais cedo. Quando o campeonato se estende muito – e às vezes vai noite adentro –, o cansaço dos árbitros pode comprometer o resultado ou a avaliação de uma luta, já que se exige total atenção e foco para arbitrar de forma justa e igualitária, pontuando e identificando erros e acertos dentro das quadras. Quando o árbitro está cansado pode haver falhas no julgamento e na interpretação de uma técnica, alterando o resultado, algo tremendamente injusto.”
O dirigente explicou que a nova fórmula favorece também os iniciantes, que podem competir de forma mais justa e igualitária, sofrendo menor pressão, no campeonato regional, aberto a todas as faixas e idades. “Isso possibilita uma competição de alto nível, com um trabalho de excelente qualidade tanto para os atletas quanto para os árbitros. A base é a porta de entrada para os atletas que almejam o mundo das competições, de forma a adquirirem gradativamente experiência e maturidade para as competições estaduais, nacionais e até mesmo internacionais. Entendo que um maior cuidado com esta classe de praticantes é muito importante.”
Bom nível técnico
Adeir Gomes avalia que o nível técnico do karatê apresentado pelos atletas nesta fase do campeonato estadual estava muito acima de qualquer outra etapa anterior. “Temos uma nova safra de atletas, e eles vêm para escrever seus nomes na história do karatê-do tradicional no Paraná. No cenário atual, vemos que as equipes se fortalecem e crescem tecnicamente, e o objetivo é justamente esse: fomentar um karatê-do tradicional unido e forte. Quem não participar certamente ficará para trás, e nós, como federação, não desejamos isso; ao contrário, queremos o nosso Estado forte.”
Como diretor de arbitragem, o professor Adeir entende que sua equipe está se fortalecendo. “Neste ano ainda teremos mais dois cursos de aperfeiçoamento para nossos árbitros, juntamente com a classificação estadual. A ideia é que nos próximos campeonatos homologados todos os árbitros participantes tenham classificação.”
Técnico das seleções do Paraná e do Brasil, Ricardo Buzzi considera aceitável o nível técnico para o primeiro evento do ano.
“Acho que, como primeiro campeonato estadual do ano, o resultado é satisfatório. Em algumas categorias o nível não foi tão alto, mas em outras esteve bem adequado, principalmente na feminina, com muitas competidoras. Acredito que nos próximos torneios teremos mais atletas, pois no começo do ano o pessoal ainda está meio descapitalizado, tentando organizar os deslocamentos e buscando apoio junto ao poder público. Com mais competidores, os dois próximos eventos do campeonato estadual terão nível técnico melhor.”
Lixo zero
Uma importante inovação acorreu neste primeiro evento da temporada: a campanha lixo zero, que, segundo Carlos Augusto Negrão Huy, deverá ser mantida em todos os eventos da FKTPr.
“Aproveitamos a oportunidade para desenvolver uma ação educativa e de cidadania, promovendo a limpeza do ginásio, a exemplo daquilo que os japoneses realizam no dia a dia e em grandes eventos, como os Jogos Olímpicos, deixando as arquibancadas limpas. Estamos incutindo essa ideia em todos os atletas, e o nosso objetivo é levar esta iniciativa a todos os eventos na nossa federação. Esperamos que essa ação germine e dê frutos”, detalhou o dirigente.
Representante dos atletas
Fernanda Carreiro de Oliveira, uma das atletas mais laureadas da competição, avaliou positivamente o modelo utlizado pela FKTPr, bem como a campanha lixo zero.
“Este novo formato elevou o nível técnico da competição e a tornou mais rápida, permitindo que os árbitros descansassem e não ficassem tão fadigados. Pode não parecer, mas isso dá um retorno muito positivo em termos de arbitragem. Sobre a separação das categorias, achei muito legal. A princípio a pensamos que dois dias de evento seriam cansativo, mas não foram.”
Outro ponto muito positivo apontado pela atleta foi a limpeza do ginásio. “Nós sempre tivemos esse cuidado com o lixo, mas neste campeonato a questão foi muito mais enfatizada. Recolher o lixo, limpar o ginásio e deixá-lo exatamente como o encontramos é uma atitude muito legal, além de ser algo pedagógico e exercício de cidadania. O karatê não é apenas competição, tem o budô, o dô, coisas que nós levamos para a vida.”
A multimedalhista concluiu dizendo que o saldo da primeira competição estadual da temporada é muito positivo. “Reputo que a federação, enquanto entidade de gestão da modalidade, está realizando um excelente trabalho no sentido de fortalecer e expandir o tradicional em todo o Estado e para que o karatê faça, cada vez mais, parte da vida dos seus praticantes.”
Nesta edição do campeonato paranaense, Fernanda Carreiro competiu em cinco categorias e teve 100% de aproveitamento. Ela conquistou quatro medalhas de ouro no kata individual, fukugo, kata equipe e kumitê equipe, e uma de prata no enbu.
Participaram do Campeonato Paranaense 2023 as agremiações: Associação Ichiban de São José dos Pinhais, Academia Bodhidharma de Curitiba, Dojô Soares de Goioerê, Dento Dojô de Curitiba, Dojô Ichigek de Guarapuava, Carollo Kan de Curitiba, Dojô Kakushi de Palmital, Dojô Fernandes de Curitiba, Associação Taeru kan de Campina Grande do Sul, Shuri Dojô de Carambeí, Associação AKCL de Apucarana, Associação ACKT de Cianorte, Associação Takai de Mauá da Serra, Dojô Respect de Curitiba e Instituto Hagakure de Karatê-Dô Shotokan de Maringá.
AKCL de Apucarana, a campeã
Nos tatamis, a Associação de Karatê Caminho Livre (AKCL) de Apucarana, comandada pelo renomado professor Expedito Borges, um dos pioneiros em projetos sociais do karatê no Brasil, foi a campeã, totalizando 424 pontos.
O resultado ratifica a força do interior paranaense no karatê tradicional. Das cinco primeiras colocadas nesta edição, apenas uma é da capital.
A vice-campeã geral, com 414 pontos, foi a Associação Taeru kan de Campina Grande do Sul, comandada pelo grande professor Nelson Santi. Uma importante referência técnica da modalidade, por mais de uma década sensei Nelson comandou a seleção brasileira de karatê tradicional.
No terceiro lugar, a Associação Ichiban de São José dos Pinhais totalizou 346 pontos. Comandado pelo sensei Jean Laure Edoardo de Oliveira, presidente da FKTPr, medalha de bronze em fukugo no Mundial da Eslovênia (2022), o dojô são-joseense tem-se destacado pela qualidade técnica dos seus representantes.
Liderado pelo conceituado professor Marcelo Alessandro Pereira, o Instituto Hagakure de Karatê-Dô Shotokan de Maringá chegou à quarta colocação ao totalizar 332 pontos, seguido pela Carollo Kan, única equipe da capital entre as cinco primeras. Comandada pelo laureado professor Guilherme Carollo e sua equipe de faixas-pretas, a agremiação curitibana totalizou 313 pontos.
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