Rafaela Silva se reinventa e conquista o bicampeonato no mundial de judô de Tashkent

Na final, o uchi-mata de Rafaela Silva fez Haruka Funakubo (JAP) voar © Tamara Kulumbegashvili / IJF

Com o ouro de Rafaela e o bronze de Daniel Cargnin em Tashkent, Brasil salta para a terceira colocação no quadro de medalhas, atrás apenas de Japão e Mongólia

Por Paulo Pinto / Global Sports
8 de outubro de 2022 / Curitiba (PR)

Reunindo 571 atletas de 82 países de cinco continentes, o Campeonato Mundial Sênior de Tashkent, em seu terceiro dia, ofereceu muita alegria aos milhões de fãs do judô no Brasil, que puderam ver, mais uma vez, o ressurgimento de Rafaela Silva, um dos maiores talentos dos tatamis.

O pódio do peso leve feminino com Rafaela Silva / BRA (1ª), Haruka Funakubo / JAP (2ª), Jessica Klimkait / CAN (3ª) e Enkhriilen Lkhagvatogoo / MGL (3ª) © Tamara Kulumbegashvili / IJF

Mostrando extremo poder de superação, após a suspensão dos Jogos de Tóquio, por doping, a judoca carioca que defende o Clube de Regatas Flamengo sagrou-se neste sábado (8) bicampeã mundial sênior (57kg) em Tashkent. E para completar a rodada especial para o judô verde e amarelo, o gaúcho Daniel Cargnin, da Sogipa, também subiu ao pódio ao conquistar a medalha de bronze do peso leve (73kg).

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Para chegar ao seu segundo título mundial (o primeiro havia sido em 2013, no Rio de Janeiro), Rafaela teve de reinventar-se. Só voltou a competir no fim de 2021, após ter ficado dois anos suspensa por conta de um doping. Mas na volta ao Word Tour da FIJ ela já vinha colecionando bons resultados, como a prata e o bronze nos grand slams da Hungria e da Geórgia.

Na disputa do bronze, Cargnin faz um contragolpe de ko-uchi-gari e vence o italiano Manuel Lombardo © Tamara Kulumbegashvili / IJF

Mas, para levar o ouro, a judoca do Flamengo teve um caminho extremamente duro. Foram cinco lutas, quatro ippons e um wazari. Após as vitórias tranquilas nas duas primeiras rodadas contra Nilufar Ermaganbetova (Uzbequistão) e Ivelina Ilieva (Bulgária), nas quartas de final ela encarou a ucraniana Daria Bilodid, bronze em Tóquio nos 48kg, que neste ciclo migrou para o peso leve. Na semifinal Rafaela, superou a israelense Timna Nelson-Levy, atual campeã europeia e número 1 no ranking mundial.

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Na final contra a japonesa Haruka Funakubo, número 5 do WRL, Rafaela encontrou muita dificuldade e teve até de se defender de um osae-komi. Faltando apenas 30 segundos, a brasileira encaixou um uchi-mata perfeito, mas assim como já havia acontecido na semifinal contra a israelense, a arbitragem assinalou apenas um wazari. Com a vitórias nas mãos e a vasta experiência adquirida, Rafaela apenas controlou a luta e comemorou a sua tão trabalhada e sonhada volta por cima, aos 30 anos.

O pódio do peso leve masculino com Tsogtbaatar Tsend-Ochir / MGL (1º), Soichi Hashimoto / JPN (2º), Daniel Cargnin / BRA (3º) e Hidayat Heydarov / AZE (3º) © Tamara Kulumbegashvili / IJF

Cargnin crava mais um pódio

Na sequência do ouro de Rafaela veio um estreante de categoria leve para assegurar mais uma medalha para o Brasil no Campeonato Mundial de Tashkent 2022.

Depois de conquistar o bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 na categoria até 66 kg, Daniel Cargnin subiu para o peso leve (73kg) e disputou o seu primeiro mundial no novo peso.

Para chegar ao bronze o gaúcho teve de passar por adversários duros, como os medalhistas olímpicos Rustam Orujov, do Azerbaijão (prata no Rio 2016), e Lasha Shavdatuashvili, da Geórgia (ouro em Londres 2012, bronze no Rio 2016 e prata em Tóquio). Na disputa do bronze contra o italiano Manuel Lombardo ele fechou a fatura com um contragolpe de ko-uchi-gari, que acertadamente foi anotado pela arbitragem como ippon.

A conquista de Daniel Cargnin encerrou um jejum de cinco anos do Brasil sem medalhas masculinas em mundiais de judô (as últimas haviam sido a prata de David Moura e o bronze de Rafael Silva, na Hungria, em 2017).

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