Com quatro ouros, duas pratas e dois bronzes, Brasil faz campanha histórica nos Jogos Paralímpicos de 2024

Equipe que fez campanha histórica © Arquivo

Com oito pódios, o judô contribuiu para o recorde histórico de medalhas do Brasil em Paris, colocando o país entre as cinco principais potências do desporto paralímpico mundial e assegurando a liderança absoluta na modalidade.

Por Paulo Pinto / Global Sports
8 de setembro de 2024 / Curitiba, PR

O Brasil encerrou os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 com a melhor campanha de sua história, consolidando sua condição de potência mundial. O País acumulou 85 medalhas, sendo 25 de ouro, 26 de prata e 38 de bronze, resultado que lhe garantiu a quinta colocação no quadro geral, atrás apenas de China, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Holanda.

Judô campeão geral

Com quatro ouros, duas pratas e dois bronzes, o judô paralímpico brasileiro liderou o quadro de medalhas da modalidade, superando tradicionais potências, como Ucrânia, China, Japão e Cazaquistão. Esse desempenho mostra que o trabalho árduo dos professores que comandam o judô no Comitê Paralímpico Brasileiro e o investimento contínuo no esporte paralímpico estão dando frutos.

Alana Maldonado e o técnico do CPB, Jaime Bragança © Marcello Zambrana/CPB

O Brasil, que já vinha se destacando em edições anteriores, reafirmou sua liderança no judô paraolímpico. Ao todo, oito judocas brasileiros subiram ao pódio, reforçando a posição do País como referência na modalidade. Confira o desempenho dos judocas que fizeram história em Paris.

Ouro paulista

Alana Maldonado (ouro – até 70kg, J2): Paulista de Tupã, Alana garantiu seu segundo ouro paralímpico, vencendo a chinesa Yue Wang. Ela já havia conquistado uma prata no Rio 2016 e um ouro em Tóquio 2020, tornando-se a maior medalhista do judô paralímpico brasileiro.

Gigante na lapidação de talentos, o técnico Alexandre Garcia conduz Alana Maldonado após a conquista do ouro © Alexandre Schneider/CPB

Por ser a número 2 do ranking mundial, Alana entrou diretamente na fase semifinal, assim como sua adversária da final. Antes, porém, a judoca do Time Ajinomoto derrotou a japonesa Kasuza Ogawa numa luta que começou equilibrada; mas, quando faltavam 27 segundos para o fim, ela encaixou um ippon, garantindo uma vaga na final.

Na disputa pelo ouro, a brasileira entrou com muita determinação, tomando a iniciativa e mal permitindo que a chinesa fizesse o kumi-kata e encaixasse golpes. Faltando 3min24s, a judoca de Tupã derrubou a adversária, e o wazari foi confirmado após a verificação por vídeo. Um minuto depois, ela conseguiu outro wazari e fechou a luta, consolidando seu nome na história.

Rebeca Silva, medalha de ouro no +70kg, do J2 © Marcello Zambrana/CPB

Outro ouro paulista

Rebeca Silva (ouro – acima de 70kg, J2): A judoca de São Bernardo do Campo conquistou seu primeiro ouro paralímpico em Paris, derrotando a cubana Sheyla Hernandez Estupinan.

Sua vitória marca a ascensão meteórica na carreira, já que Rebeca vinha sendo destaque em competições internacionais. Na final, a atleta de 23 anos venceu a cubana no osae-komi, depois de ter jogado a adversária caribenha de wazari.

Arthur Cavalcante da Silva, medalha de ouro no -90kg no J1 © Marcello Zambrana/CPB

Antes, na semifinal, Rebeca perdia para a italiana Carolina Costa por wazari quando, faltando apenas dois segundos, conseguiu reverter com osae-komi e venceu a luta. Antes, nas quartas de final, venceu a azeri Dursadaf Karimona, por ippon.

Ouro potiguar

Arthur Cavalcante da Silva (ouro – até 90kg, J1): Com uma atuação determinante, Arthur venceu o britânico Daniel Powell na final, garantindo o ouro em Paris. Ele já era considerado uma promessa do judô paralímpico e consolidou sua posição como um dos grandes nomes do esporte.

Willians Silva de Araújo, medalha de ouro no +90kg do J1 © Marcello Zambrana/CPB

Líder do ranking paralímpico, o potiguar Arthur Silva confirmou o favoritismo na sua categoria. Foram três lutas vencidas por ippon. Arthur começou a campanha derrotando Turgun Abidiev, do Uzbequistão, nas quartas de final. Na semifinal, conseguiu um Wazari e depois um ippon contra o turco Yasmin Cinciler. Na decisão, derrotou o britânico Daniel Pawell.

Com 32 anos e natural de Natal, no Rio Grande do Norte, em Paris Arthur conquistou a sua primeira medalha paralímpica, mas em seu currículo constam conquistas expressivas como a medalha de prata nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023; outra prata nos Jogos Mundiais da IBSA 2023; e o bronze no Mundial de Baku 2022.

Brenda Freitas, medalha de prata no -70kg do J1 © Marcello Zambrana/CPB

Ouro paraibano

Willians Silva de Araújo (ouro – acima de 90kg, J1): Com uma carreira marcada por medalhas em grandes competições, Willians garantiu seu primeiro ouro paralímpico em Paris vencendo o moldavo Ion Basoc.

Na soma das três lutas que fez, permaneceu apenas 2min03s nos tatamis. O tempo regulamentar de uma luta, se ela não for decidida por ippon, é de quatro minutos. Na estreia, obteve a vitória sobre Yerlan Utepov, do Uzbequistão, em apenas 15 segundos. Na semifinal, projetou Ganbat Dashtseren, da Mongólia, em 37 segundos. Na decisão, chegou ao ouro sobre Ion Basoc, da Moldávia, em apenas 1min11s.

Érika Zoaga, medalha de prata no +70kg do J1© Marcello Zambrana/CPB

Natural de Riachão do Poço, na Paraíba, Araújo havia conquistado a medalha de prata nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Campeão mundial em 2023 é o atual líder do ranking.

Prata carioca

Brenda Freitas (prata – até 70kg, J1): Em sua estreia paralímpica, Brenda conquistou a medalha de prata, mostrando grande evolução e determinação. Sua performance em Paris indica que ainda há muito a ser visto de sua trajetória no judô.

Em combate contra a chinesa Li Liu, marcado pela interferência da arbitragem de vídeo, a carioca Brenda Freitas conseguiu projetar a adversária no início da luta. No primeiro momento, a marcação foi de ippon, entretanto, o lance foi revisto e a pontuação retirada. A chinesa passou a atacar mais e conseguiu um wazari, pontuação que também foi retirada após revisão e a luta foi para o golden score.

Marcelo Casanova, medalha de bronze no -90kg do J2 © Marcello Zambrana/CPB

Liu conseguiu novo wazari, e a pontuação foi confirmada, dando a medalha de ouro à chinesa. Brenda já vinha de bons resultados na carreira, como o ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago, no ano passado.

Prata sul-mato-grossense

Érika Zoaga (prata – acima de 70kg, J1): Erika foi uma das grandes surpresas do judô paralímpico em Paris. Com uma trajetória de superação, ela conquistou a medalha de prata e se destacou pelo seu espírito de luta e garra.

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Com 36 anos, e natural de Guia Lopes da Laguna, no Mato Grosso do Sul, Érika é a quinta colocada do ranking e perdeu a decisão para a ucraniana Anastasiia Harnyk, líder do ranking e favorita ao ouro, por ippon. Na campanha, venceu a venezuelana Danitza Alcala na estreia e, na semifinal, a turca Nazan Akin Gunes.

Bronze gaúcho

Marcelo Casanova (bronze – até 90kg, J2): O gaúcho Marcelo voltou ao pódio em Paris, garantindo o bronze numa categoria extremamente difícil e disputada. Sua experiência e técnica foram fundamentais.

Rosicleide Silva de Andrade, medalha de bronze no -48kg do J1 © Marcello Zambrana/CPB

O judoca de Caxias do Sul, na disputa da medalha, derrotou por wazari o italiano Simone Canizalli. Na estreia, tinha vencido o britânico Evan Molloy e, na semifinal, acabou derrotado pelo francês Helios Latchoumanaya.

Bronze potiguar

Rosicleide Silva de Andrade (bronze – até 48kg, J1): Rosicleide conquistou o bronze em Paris, aumentando seu currículo de medalhas em competições internacionais. Com uma atuação sólida, ela potencializou a força do judô paralímpico feminino brasileiro.

É importante lembrar que a estreante judoca potiguar venceu a disputa do bronze por ippon contra a argentina Rocio Ledesma Dure, depois de abrir o placar com um wazari. A medalha obtida em Paris é a conquista mais importante da carreira da judoca, que foi ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023 e prata no Mundial de Baku em 2022.

Técnicos e comissão técnica

É essencial destacar aqueles que, atuando nos bastidores, transformaram o judô paralímpico brasileiro na maior potência mundial da modalidade.

No Comitê Paralímpico Brasileiro, a comissão técnica é liderada pelos professores Alexandre Garcia e Jaime Bragança, responsáveis pelas equipes feminina e masculina, respectivamente. Contando com o suporte dos auxiliares técnicos Adriano Gomes Serrão de Freitas e Anne Talitha, essa equipe de treinadores desempenha um papel crucial no sucesso dos atletas.

O time multidisciplinar, que garante a preparação física e o bem-estar dos atletas, é composto por Roger Fonseca (preparador físico), Rafael Júlio Francisco de Paulo (fisioterapeuta) e Henrique de Lazzari Schaffhausser (médico). A professora Ana Cláudia Gomes de Souza realiza o importante trabalho de identificar e preparar os talentos que surgem nas categorias de base, contribuindo para a continuidade do sucesso do judô paralímpico no Brasil.

Vale reconhecer também o importante trabalho realizado pelos treinadores dos medalhistas em Paris:

  • Rosicleide Andrade e Arthur Silva (RN) – Técnicos Silvanio França e Tibério Maribondo.
  • Marcelo Casanova (RS): Sensei Geovani Cruz, do Recreio da Juventude.
  • Alana Maldonado (SP): Felipe Pedra, da Sociedade Esportiva Palmeiras.
  • Erika Zoaga (MS): Anne Talitha Silva, Fundação de Desporto e Lazer do MS.
  • Rebeca Silva (SP): Carlos Hayashida, da A.R.C.D. São Bernardo.
  • Willians Araújo e Brenda Freitas (RJ) – Antônio Júnior do Instituto Benjamin Constant.

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