20 de junho de 2025

A seleção da Geórgia foi, indiscutivelmente, a grande sensação do Campeonato Mundial Sênior OTP Bank 2025, disputado em Budapeste. Com um desempenho avassalador, os georgianos roubaram a cena e protagonizaram momentos históricos, culminando na conquista inédita do título por equipes mistas e na quarta colocação geral no quadro de medalhas das disputas individuais — com um ouro, duas pratas e um bronze.
Emoção crescente a cada nova disputa da final © Emanuele Di Feliciantonio / FIJ
No centro dessa campanha inesquecível está Eteri Liparteliani. A judoca da categoria até 57kg conquistou o título mundial individual e, dois dias depois, voltou aos tatamis para liderar sua equipe na final contra a Coreia do Sul, garantindo o quarto ponto da decisão e a medalha de ouro coletiva. Com isso, tornou-se a única atleta da competição a conquistar dois ouros em Budapeste — um feito raro que eleva ainda mais seu nome entre os grandes do judô mundial.
A campanha da Geórgia nas categorias individuais confirmou a força do país no cenário global. Sob comando técnico de Lasha Gujejiani, a equipe chegou a três finais: Liparteliani Eteri sagrou-se campeã na divisão leve feminina, Tato Grigalashvili conquistou a prata nos meio-médios, Guram Tushishvili foi vice-campeão entre os pesados, e Luka Maisuradze garantiu o bronze no peso médio.
Lasha Gujejiani, técnico da Geórgia © EJU
A ascensão da Geórgia é resultado de um processo técnico consolidado. Até 2010, o país figurava apenas entre os coadjuvantes do circuito da Federação Internacional de Judô (FIJ), terminando aquele Mundial na 35ª colocação. Mas o salto de qualidade veio a partir de 2018, quando os georgianos ficaram com o vice-campeonato geral. Desde então, a equipe masculina se manteve entre as potências: 2º lugar em 2019 e 2021, 4º lugar em 2022, 3º em 2023 e agora 4º novamente em 2025 — agora com o diferencial de contar com uma mulher no topo do pódio.
Na disputa decisiva por equipes mistas, Geórgia e Coreia do Sul, ambas estreantes em finais desta categoria, protagonizaram uma das finais mais empolgantes dos últimos anos. Combate após combate, a torcida georgiana tomou conta da Arena Papp László e impulsionou os judocas em uma performance coletiva marcada por raça, técnica e garra.
O último ponto foi conquistado por Lasha Bekauri, campeão olímpico em Tóquio 2020, que confirmou o título com um ippon relâmpago de o-uchi-gari — selando a vitória por 4 a 1 e coroando a histórica campanha georgiana.
Com uma população de apenas 3,7 milhões de habitantes, a Geórgia ostenta uma das culturas de luta mais enraizadas do mundo. Após séculos sob o domínio de impérios como o Otomano, o Persa e o Russo, o país declarou sua independência em 1990 e encontrou no judô uma das expressões mais fortes de sua identidade nacional. Desde então, o esporte tornou-se política de Estado, com investimento contínuo em centros de excelência, renovação técnica e apoio aos atletas de base.
O técnico Lasha Gujejiani não escondeu a emoção após a conquista. “Estou muito, muito feliz. Obrigado a todos, à FIJ por esta organização impecável. A Geórgia é campeã mundial! Este é o nosso estilo: lutamos até o fim, com coragem e coração.”
A Geórgia, é a atual campeã europeia de equipes mistas © EJU
Giorgi Atabegashvili, vice-presidente da Federação Georgiana de Judô (FGJ), reforçou o peso simbólico do feito inédito e histórico.
“Tentamos por oito anos conquistar essa medalha desde que as equipes mistas foram instituídas pela FIJ. Hoje, o sonho se realizou. Temos verdadeiros heróis nesta equipe, e esta vitória é a prova do trabalho coletivo, da persistência e da paixão pelo judô.”
Equipe da Geórgia no pódio © Tamara Kulumbegashvili
Pódio por equipes mistas
🥇 Geórgia
🥈 Coreia do Sul
🥉 Alemanha
🥉 Japão
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