CBK inova ao analisar as características e potencialidades dos atletas no sul-americano

Pela primeira vez a comissão técnica da Confederação Brasileira de Karatê utilizou o sistema Dartfish, um software de videoanálise que auxilia no treinamento e aprimoramento técnico dos atletas

Karatê do Brasil
02/05/2018
Por PAULO PINTO I Fotos ANA PAULA CARDOSO/CBK
Guayaquil – Equador

Na semana passada o Brasil conquistou o tricampeonato sul-americano de karatê, e para construir este resultado extremamente expressivo a Confederação Brasileira de Karatê (CBK) foi a Guayaquil com uma das maiores equipes da competição: 112 atletas das categorias de base e da seleção principal, dez técnicos, uma médica, oito árbitros e dois dirigentes.

Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Curaçao, Equador, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela participaram do campeonato, realizado de 23 a 28 de abril no Coliseu Voltaire Paladines, em Guayaquil, no Equador.

Após o desembarque da delegação no Equador, a diretoria técnica da CBK reuniu todos os professores e técnicos que compõem a seleção brasileira para apresentar uma síntese do trabalho desenvolvido pela comissão técnica visando à conquista do tricampeonato e William Cardoso, diretor técnico da CBK, explicou o motivo desta ação inédita.

Atletas, comissão técnica, árbitros e dirigentes do Brasil em Guayaquil

“Após a apresentação da equipe, chamamos toda a delegação para expor o trabalho feito no preparo técnico e tático da seleção brasileira. Foi um momento muito interessante, no qual pudemos reunir a comissão técnica com os professores que foram a Guayaquil acompanhar seus atletas. Mostramos as características, potencialidades e dificuldades dos karatecas que iriam representar o Brasil no campeonato e pudemos esclarecer dúvidas e posicionar nosso trabalho junto aos professores formadores”, detalhou o dirigente.

“Fazendo uma análise mais abrangente desta iniciativa, penso que abrimos portas para que os professores formadores passem a trocar informações e participem de alguma forma do processo de evolução e maturação de seus atletas. É uma ação inovadora que visa a inserir os professores no processo evolutivo dos seus alunos no cenário internacional”, avaliou o diretor técnico.

William Cardoso afirmou que a cada ano o nível técnico da competição continental evolui e mostra crescimento.

“O campeonato sul-americano exibiu um nível técnico altíssimo. A cada ano acontece uma evolução muito expressiva nos países da América do Sul. Basta observar que vemos hoje países como Bolívia e Paraguai com medalhas de ouro e de prata, ou seja, disputando finais. Neste ano tivemos a presença inédita do Panamá e de Curaçao, países convidados que também disputarão os Jogos Sul-Americanos, e ambos exibiram excelente nível técnico”, disse o gestor técnico da CBK, que detalhou a utilização do novo sistema estatístico.

“O sul-americano foi a última competição antes dos Jogos Sul-Americanos e todos os países usaram a disputa para acertar as equipes para a o torneio que se realizará em Cochabamba, na Bolívia, de 26 a 29 maio. Em todos combates das classes sub 21 e sênior nossa comissão técnica utilizou o sistema Dartfish para captação das imagens que serão analisadas na avaliação estatística qualitativa e quantitativa. Este sistema foi disponibilizado pelo Comitê Olímpico do Brasil, visando ao preparo da seleção brasileira para Tóquio 2020.”

Em Guayaquil foram disputadas 61 categorias de classes e pesos, das quais 45 são da base e 16 pertencem da classe sênior. “Um aspecto muito interessante é que nas 61 categorias o Brasil fez dobradinhas em sete categorias da base e uma na classe sênior. Não conseguimos medalhar em apenas 12 categorias: quatro do kata da base, quatro do kumitê da base e em quatro do sênior”, comemorou o dirigente brasileiro.

William Cardoso enfatizou a importância da conquista da classe sênior, que após 18 anos quebrou um dos tabus mais antigos da seleção brasileira.

“Uma observação muito importante que comprova o crescimento técnico do karatê brasileiro diz respeito ao kata sênior, no qual há muito tempo nosso País não conquistava medalhas de ouro nos dois naipes. Desde 2000 o Brasil não era campeão no masculino e feminino, e este ano o Williames Souza (BA) e a Nicole Yonamine (SP) foram campeões. Não temos dados estatísticos anteriores a 2000, mas foi uma conquista emblemática e muito comemorada pela comissão técnica do kata”, assinalou Cardoso.

O dirigente lembrou que em Guayaquil a seleção brasileira da base também classificou cinco karatecas para o Torneio de Umag, na Croácia, evento classificatório para os Jogos Olímpicos da Juventude.

“Além de ajustar a equipe sênior para os Jogos Sul-Americanos, o campeonato sul-americano foi classificatório para os atletas da categoria júnior (16/17 anos) que pretendem disputar os Jogos Olímpicos da Juventude. Os atletas selecionados que disputarão o torneio classificatório em Umag, em junho, são: Carolaini Pereira, Anna Prezzoti, Carlos Silva, Lucas Bezerra e Giovani Salgado. Coincidentemente a classe júnior foi a que obteve o melhor retrospecto em Guayaquil. Das nove categorias de peso, conquistamos seis ouros, uma prata e dois bronzes, ou seja, obtivemos 100% de aproveitamento.”

O diretor técnico da CBK encerrou falando sobre os próximos passos da seleção brasileira de karatê da base.

“O próximo compromisso da seleção de base será o Campeonato Pan-Americano, em agosto, no Rio de Janeiro, na Arena Carioca do Parque Olímpico. Todos os medalhistas das categorias de base do campeonato sul-americano garantiram vaga para essa disputa, desde que se mantenham em suas respectivas categorias no tocante à idade. Para os atletas que não subiram ao pódio, realizaremos a seletiva 3 em Joinville, Santa Catarina, e esperamos chegar ao pan-americano com uma equipe gigantesca”, concluiu o dirigente.