02 de dezembro de 2024
Descontrolado, Sílvio Acácio afronta e busca denegrir o Instituto Kodokan do Brasil
Dirigindo-se ao embaixador do Japão no Brasil e ao Instituto Kodokan de Tóquio, o presidente da CBJ busca invalidar tudo que o IKB realizou nos últimos 40 anos pelo judô brasileiro
Hansoku-make
12 de março de 2019
Por PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS e ARQUIVO
Curitiba – PR
Revelando despudoradamente que não foi forjado para o cargo que ocupa e evidenciando que algo de muito grave acontece em seu cérebro, Sílvio Acácio Borges enviou ofício fundamentado em inverdades para autoridades japonesas, atacando, denegrindo e tentando invalidar tudo que imigrantes japoneses honrados e desprovidos de interesses pessoais fizeram e fazem pelo judô do Brasil há décadas.
Fundado em 2 de março de 1979 pelo icônico professor kodansha kyuu-dan (9º dan) Shuhei Okano, nos últimos 40 anos o Instituto Kodokan do Brasil (IKB) tem feito o elo entre judocas de renome do Brasil e o Instituto Kodokan de Tóquio, criado em maio de 1882 pelo shihan Jigoro Kano, hoje presidido por Haruki Uemura.
Nos últimos anos o Instituto Kodokan de Tóquio tem desenvolvido numerosas ações com entidades como a Federação Paulista de Judô (FPJudô) e Confederação Brasileira de Judô (CBJ), realizando cursos e workshops predominantemente em São Paulo, Estado que congrega maior número de praticantes.
É importante lembrar que todas essas iniciativas no Brasil tiveram participação e apoio do IKB que, além de intermediar a outorga de graus a proeminentes professores kodanshas brasileiros, ajuda a entidade japonesa a promover ações específicas em nosso País.
Apenas para pontuarmos a importância do IKB no desenvolvimento técnico do judô verde e amarelo, lembramos que em 2015 este instituto levou a São Paulo uma comitiva composta pelas maiores autoridades mundiais do kata, incluindo membros do Instituto Kodokan e chefiada pelo próprio presidente da entidade japonesa, Haruki Uemura. Em 2017 a federação de judô de Tóquio enviou o renomado professor Sekine para ministrar curso em São Paulo. Também nesse ano o Brasil iniciou o envio de professores brasileiros ao Japão na busca de maior conhecimento técnico. Em 2018 outro grupo voltou àquele país, e estas iniciativas foram patrocinadas pelo governo do Japão e intermediadas pelo IKB.
Ainda em 2018 iniciou-se o programa mais ambicioso do judô brasileiro, o projeto que pretende incluir a modalidade nas escolas públicas do nosso País. Por meio do consórcio Sport for Tomorrow, a agência esportiva do governo do Japão, e a atuação decisiva do Instituto Kodokan do Brasil, em 2019 o Japão enviou novamente o professor Hirotaka Okada para ministrar o workshop de capacitação para o ensino do judô em âmbito escolar.
No ano passado o grupo de professores japoneses liderados por Okada sensei atuou apenas em São Paulo, mas neste ano a comitiva passou por Bauru, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba atendendo assim pouco mais de 900 professores de judô nos três Estados.
Erro gravíssimo com consequências imprevisíveis
No período em que a comitiva passou pelo Rio de Janeiro, lamentavelmente o presidente da CBJ protagonizou uma das maiores gafes do judô nacional, destratando e humilhando um membro do IKB que estava a serviço do consórcio Sport for Tomorrow, que é um braço do governo do Japão.
Todos já conhecem os desdobramentos causados por este ato insano do dirigente brasileiro e a comoção que tomou conta da comunidade judoísta, pega de surpresa por mais este ato inconsequente do dirigente nacional.
Não satisfeito e buscando transferir a culpa do ato tresloucado que havia cometido, Sílvio Acácio Borges emitiu o ofício 48/19, intitulado Posicionamento da CBJ em relação ao IKB, e o enviou para o embaixador do Japão no Brasil, para o Kodokan Kokusai, o departamento internacional do Instituto Kodokan de Tóquio, e os presidentes estaduais que o elegeram para o cargo.
Em mais um de seus rompantes de soberba, o presidente da Confederação Brasileira de Judô redigiu um manifesto irresponsável, irrefletido e inconsequente, atacando e buscando claramente desqualificar uma entidade que há 40 anos é dirigida por pessoas que – ao contrário dele, que recebe altíssimo salário do Comitê Olímpico do Brasil – se dedicam ao judô graciosamente. Os membros do IKB são profissionais liberais, empresários ou executivos que amam a modalidade e, ao contrário do presidente da CBJ, trabalham pelo judô filantropicamente.
“Diante dos frequentes atos de interferências e desrespeito protagonizados pelo Instituto Kodokan do Brasil (IKB) com esta entidade, informamos que o IKB não está autorizado e não tem autonomia no território nacional para responder ou falar em nome do judô.”
Em sua carta-denúncia dirigida a Akira Yamada, embaixador do Japão no Brasil, Sílvio Acácio Borges declarou:
“A CBJ se sente extremamente honrada em trabalhar conjuntamente com esta embaixada no desenvolvimento e na difusão do judô em nosso país, principalmente no que se refere ao projeto do judô nas escolas.
Por efeito de normas estatutárias a CBJ é a entidade que tem a prerrogativa de representar oficialmente o judô nacional perante toda a nossa comunidade, o Comitê Olímpico do Brasil, o Governo Federal (Secretaria Especial de Esporte) e a Federação Internacional de Judô.
Sendo assim, diante dos frequentes atos de interferências e desrespeito protagonizados pelo Instituto Kodokan do Brasil (IKB) com esta entidade, informamos que o IKB não está autorizado e não tem autonomia no território nacional para responder ou falar em nome do judô.
Neste sentido, venho respeitosamente solicitar que Vossa Excelência possa considerar a CBJ e os colaboradores por ela indicados como os únicos interlocutores oficiais para os assuntos relacionados com a nossa modalidade.
Informamos ainda que desenvolvemos o judô dentro dos 27 estados brasileiros e o IKB não está inscrito em nenhuma de nossas federações filiadas. Em verificação recente constatou-se uma irregularidade documental da entidade, o que a impede de qualquer filiação.”
“O IKB não está inscrito em nenhuma de nossas federações filiadas. Em verificação recente constatou-se uma irregularidade documental da entidade, o que a impede de qualquer filiação.”
Sem se preocupar com a gravidade dos fatos por ele cometidos quando da visita da comitiva japonesa à CBJ ou com as acusações falsas que mais uma vez está fazendo, o presidente da confederação mentiu desavergonhadamente ao afirmar que os professores kodanshas septuagenários e octogenários que comandam o Instituto Kodokan do Brasil estavam interferindo e desrespeitando a CBJ.
Gostaríamos de saber qual foi o ato ou, até mesmo, a falta grave cometida pelos dirigentes do IKB. O que melindrou tanto o dirigente nacional, a ponto de buscar agora destruir a reputação do instituto? Será que foi o fato de terem acatado suas ordens de não receber um membro do IKB na sede da CBJ, ou será que foi o fato de este ato repugnante ter sido divulgado amplamente para toda a comunidade judoísta?
Parece que o douto, letrado e erudito presidente da CBJ desconhece o grau de educação e honradez que constitui o caráter dos judocas japoneses. Numa simples canetada Sílvio Acácio Borges acusou pessoas ilibadas como os professores Shuhei Okano (SP), Takanori Sekine (SP), Mitio Harada (MS), Ney de Lucca Mecking (PR), César Progetti Paschoal (MS), João Rocha (MS), Willian Akio Mitsunaga (MG), Chiaki Ishii (SP), Osvaldo Simões (RJ), Odair Borges (SP), Aron Barbosa de Oliveira (AM), Rafael Borges (SP), Icracir Rosa (SC), Eudes Monteiro (RN) e Takeshi Miura (DF), todos membros do IKB, de interferirem, desrespeitarem a CBJ e conspirarem contra ela.
Notem que os representantes do IKB no Distrito Federal e em Santa Catarina são membros da Comissão Nacional de Graus da CBJ, com o agravante de que o catarinense é presidente da CNG e sócio do presidente da CBJ numa empresa privada.
É estarrecedor constatar como o presidente da CBJ dispara contra tudo e contra todos, aleatoriamente, sem se importar com as consequências de seus atos impensados.
O IKB não é e nem poderia ser filiado a CBJ, ou em qualquer outra entidade porque é filiado no Instituto Kodokan de Tóquio e representa aquela entidade no Brasil. Além de mentir acintosamente em seu ofício, Sílvio Acácio busca inverter a escala hierárquica da modalidade.
Ao acusar subliminarmente o IKB de ser lesivo e ilegal, ao afirmar que descobriu irregularidades documentais do Instituto Kodokan do Brasil, o líder máximo do judô brasileiro busca desqualificar uma entidade verdadeiramente filantrópica, que, diferentemente da CBJ, busca fomentar o desenvolvimento técnico do judô brasileiro, olhando eminentemente para os professores e para a base.
Como um professor escolar suspeito de ser funcionário fantasma no município de Guaramirim (SC), e que está sendo investigado pelo Ministério Público de Santa Catarina, pode cometer tamanha leviandade, maculando a imagem de professores com extensas e brilhantes folhas de serviços prestados ao judô do Japão e do Brasil?
Paradoxo absurdo
O que mais impressiona é que, 48 horas antes de tudo isto acontecer, a comitiva japonesa capitaneada pelo IKB foi recebida com todas as honras e pompas pelos dirigentes fluminenses, e no domingo realizou workshop para mais de 180 faixas pretas e professores kodanshas na Arena Carioca 3, no Parque Olímpico da Barra.
Em São Paulo cerca de 520 professores participaram de workshop semelhante realizado na capital e em Bauru. Por último, em Curitiba, 154 professores assistiram à palestra promovida pelo governo do Japão, consórcio Sport For Tomorrow, Instituto Kodokan do Brasil, Federação Paranaense de Judô e Prefeitura de Curitiba.
Na hora de planejar, organizar e realizar todos estes eventos o Instituto Kodokan do Brasil serviu aos interesses da CBJ. Após a realização dos importantes workshops o IKB virou uma entidade clandestina que ameaça os interesses da CBJ e seu presidente?
Desrespeitando a embaixada e o consulado do Japão
O desrespeito e o despreparo deste dirigente são tão grandes que até a embaixada e o consulado do Japão foram negligenciados por Sílvio Acácio Borges.
Um membro da comitiva do IKB relatou que, atendendo ao pedido da embaixada do Japão, o consulado japonês do Rio de Janeiro organizou um jantar no sábado à noite para a comitiva formada pelos membros do Sport for Tomorrow, representantes do Instituto Kodokan do Brasil, da FJERJ e da CBJ.
“Quando chegamos ao restaurante, Yoshitaka Hoshino, cônsul-geral do Japão, e a consulesa Aki Endo já estavam à nossa espera, e a primeira pergunta do diplomata japonês foi sobre a presença do presidente da CBJ. Informamos que o dirigente não compareceria ao encontro”, explicou o membro do IKB, que ainda revelou mais detalhes do mal-estar causado pelo presidente da CBJ.
“Visivelmente transtornado e descontente com a informação, o cônsul-geral pegou um papel no qual estavam os nomes dos convidados e riscou o do dirigente da confederação brasileira. Depois, durante o jantar, mostrou nitidamente toda a sua indignação e decepção com a falta de comprometimento e respeito expressada pelo dirigente máximo do judô brasileiro”, disse.
Quebra da tradição que transpassa décadas
Luiz Iwashita (FPrJ), Francisco de Carvalho Filho (SP), Alessandro Puglia (SP) e Paulo Wanderley Teixeira (ex-presidente da CBJ) sempre mantiveram excelente relacionamento com instituições de ensino japonesas e o governo do Japão, por meio das embaixadas e consulados instalados no Brasil, assim como com o Instituto Kodokan de Tóquio e o Instituto Kodokan do Brasil. Mas Sílvio Acácio parece não valorizar a tradição de relação harmoniosa e ajuda mútua que sempre pautou a relacionamento do judô brasileiro com o japonês, e neste cenário o IKB sempre exerceu protagonismo.
Vale lembrar que os próximos Jogos Olímpicos se realizarão em Tóquio e que, antes mesmo de outras modalidades, a seleção brasileira de judô foi recebida de braços abertos pela cidade de Hamamatsu.
Somente nos cinco últimos anos, milhares de judocas brasileiros de todas as idades, níveis e graduação foram atendidos e beneficiados por ações que envolvem o Instituto Kodokan do Brasil.
É premente que todo judoca repudie esta atitude que, além de eventualmente estar causando um problema diplomático, poderá criar enormes problemas na relação entre o Instituto Kodokan e as entidades com as quais tradicionalmente se relaciona no Brasil.
O ardiloso dirigente brasileiro foi falar mal de professores japoneses para dirigentes e professores do Japão que os conhecem há décadas. Muito provavelmente, fundamentado em toda a genialidade que possui, o presidente Sílvio deve ter certeza de que os japoneses acreditarão nele.
Além de toda vergonha causada, tememos que esta aventura insana de Sílvio Acácio Borges, em território nipônico, acabe custando caro ao Brasil e ponha fim ao ambicioso projeto que busca incluir o judô na rede pública de ensino fundamental do nosso País.