17 de novembro de 2024
Encontro dos kodanshas paulistas reúne 69 professores no auditório do Centro de Excelência Esportiva
No encontro foi apresentado o Keisei no Michi, projeto que possibilitará aos jovens mais chances de atuação no campo de trabalho com o judô
Por Paulo Pinto / FPJCOM
22 de julho de 2022 / Curitiba (PR)
Com o apoio da Prefeitura e da Secretaria de Esportes e Lazer de São Bernardo do Campo, a Federação Paulista realizou no sábado (16) o encontro dos professores kodanshas paulistas de 2022.
No evento que levou 69 professores ao auditório do Centro de Excelência Esportiva a diretoria da FPJudô pormenorizou grande parte dos projetos em execução e iniciativas implementadas atualmente pelos diversos setores da entidade.
Autoridades políticas e esportivas marcaram presença no encontro realizado anualmente pela federação paulista, entre as quais Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJudô; Alex Mognon, secretário de Esportes e Lazer de São Bernardo; Nelson Leme da Silva Junior, presidente do CREF4/SP; Weber Matias, coordenador de esportes do Estado de São Paulo; Arnaldo Luiz Queiróz Pereira, secretário-geral da FPJudô; Sérgio Barrocas Lex, vice-presidente da FPJudô; Fernando Ikeda Tagusari, coordenador executivo da FPJudô; Marco Aurélio Uchida, coordenador técnico da FPJudô; Luís Alberto dos Santos, coordenador de cursos da FPJudô; Alexandre Janotta Drigo, presidente da Comissão Científica da FPJudô; e vários delegados regionais.
Os professores kodanshas paulistas foram representados na mesa de honra por três renomados mestres kyuu-dan (9º dan): Michiharu Sobabe, Celestino Seiti Chira e Chiaki Ishii, primeiro medalhista olímpico do judô brasileiro.
Alessandro Puglia agradeceu a presença de todos e em especial ao sensei Sérgio de Almeida Pessoa, que há mais de duas décadas reside no Canadá mas mantém relacionamento estreito com a Federação Paulista de Judô.
“Iremos apresentar hoje a todos vocês os caminhos adotados por nossa gestão no sentido de modernizar e dinamizar o judô paulista, para manter a nossa entidade sempre alguns passos à frente das demais. Entre outros temas importantes destaca-se o keisei no michi, projeto que planeja e define a carreira dos futuros professores de judô. Chegamos até aqui seguindo o modelo implantado no início do século passado pelos imigrantes japoneses, mas entendemos que chegou a hora de reformular tudo, até mesmo vislumbrando transformar nossos professores em profissionais bem remunerados e com direito a requerer uma aposentadoria digna na terceira idade”, disse Puglia. Ele lembrou ainda que o projeto conta com a participação ativa e a chancela do Conselho Regional de Educação Física do Estado de São Paulo.
O segundo palestrante foi o professor san-dan Arnaldo Queiroz, secretário-geral da FPJudô, que resumiu as principais ações que embasam o dia a dia da federação paulista, que está prestes a completar 65 anos e, segundo ele, é uma das mais pujantes do esporte olímpico do Brasil.
“Assumimos em setembro de 2021 e uma das nossas primeiras ações foi contratar a RSM Auditoria, conceituada empresa internacional para que tivéssemos melhor entendimento dos processos internos e melhorar a formatação dos nossos registros. Hoje a FPJudô só faz recebimentos por meios bancários. Assim, cada real que entra e que sai tem destino e origem devidamente registrados.”
O secretário-geral anunciou a criação de uma espécie de Zempo paulista, denominado Miray, por meio do qual prestadores de serviços em TI integrarão as informações contábeis e financeiras das 16 delegacias em um só servidor, interligadas ao portal do judô paulista no site da federação. A plataforma gerenciará o relacionamento com os judocas, permitindo, por exemplo, inscrições online e acompanhamento das competições por meio de chaves em tempo real, além de acesso a informações sobre rankings e históricos de atletas e de associações e clubes.
“Após estudos realizado por uma comissão especial aprovamos a criação do conselho de administração e atualização da legislação esportiva vigente. Isso nos permitirá ter acesso a leis de incentivo ao esporte para custear projetos, os quais já são planejados por meio de empresa especializada.”
Queiroz falou também sobre o novo portal, que está em constante evolução não só na sua forma, mas também no conteúdo, privilegiando sempre notícias e informações sobre as atividades da federação. Foi criado um banco de fotos, usando a plataforma Flickr, na qual já foram postadas milhares de fotos dos principais eventos. A FPJudô contratou uma agência de marketing digital segmentando marketing, comunicação e jornalismo para a produção de conteúdo informativo do judô paulista.
E informou que o evento em curso era um teste para transmissões ao vivo das principais competições, lembrando que nesta semana foi inaugurada a loja virtual de roupas casuais no site da federação, uma parceria com a Alluri Sports, que desenvolveu uma coleção exclusiva.
Em seguida, Alex Mognon enfatizou a força que a parceria entre a Prefeitura de São Bernardo do Campo e a Federação Paulista de Judô adquiriu em menos de um ano.
“Recebi o convite para este encontro e, apesar de o mesmo não estar diretamente ligado ao lazer ou ao esporte, fiz questão de comparecer, pois enquanto gestor público eu preciso estar a par dos projetos e das iniciativas que nossos parceiros desenvolvem. Confesso que estou surpreso com as novidades apresentadas e com as perspectivas traçadas para um futuro próximo da modalidade, passando por todos os setores da entidade”, disse Mognon.
“Todo fim de semana o judô oferece uma grata surpresa para nossa cidade, mas ontem tivemos um treinamento de campo com a seleção sub 18 de Quebec e os judocas do Centro de Excelência Esportiva. Esperávamos que viessem 100 judocas e recebemos quase 500. Mas não é a quantidade que importa e sim a energia que emanava daquele dojô e a qualidade do treino oferecido. Esses números e índices mostram que estamos no caminho certo, mas nada disso seria possível se não fosse a importante parceria que desenvolvemos com a FPJudô, uma entidade séria que busca sempre construir laços com São Bernardo. Por isso afirmo a vocês que tudo que o judô necessitar e estiver ao nosso alcance, estaremos fazendo, pois temos a certeza de que tudo isso vai deixar um legado não apenas para esta cidade, mas para todo o Estado”, concluiu o secretário de Esportes e Lazer de São Bernardo.
O professor Fernando Ikeda Tagusari iniciou sua exposição citando uma frase célebre do shihan Jigoro Kano: “Não há nada sob o sol maior que a educação. Ao educar um indivíduo e inseri-lo na sociedade de sua geração, dá-se uma contribuição que se estenderá por centenas de gerações futuras”.
Na sequência Ikeda apresentou o projeto Keisei no Michi, ressaltando a importância da base construída pelos professores kodanshas. “Tenho a grata satisfação de conversar com todos e percebo que uma grande preocupação deles é como esse legado será passado para as gerações futuras e o que será feito para que o conhecimento não se deturpe ao longo do tempo. Por isso formaremos profissionais capacitados, aliando o conhecimento tradicional do judô e todas suas especificidades ao conhecimento científico, melhorando a qualidade das aulas e, a longo prazo, elevando o nível do ensino e a prática do judô paulista.”
Aluno do professor Massao Shinohara, o coordenador executivo da FPJudô explicou que, apesar de ser novo, deve o fato atuar hoje na gestão na federação paulista justamente ao trabalho desenvolvido pelos professores kodanshas. “Além do respaldo técnico, o que me deixa seguro para atuar neste projeto é poder contar com a colaboração de todos os professores, seja por meio do exemplo, seja pelo conhecimento tradicional do judô.”
“O projeto Keisei no Michi tem a tradução literal “caminhos da formação”, pois, assim como o judô, ele trilha uma história na busca da excelência na prestação de serviços para a população.”
Mostrando que sua formação foi forjada no ‘Dô’ (caminho), Nelson Leme iniciou seu discurso demonstrando gratidão por participar de um evento voltado para os professores kodanshas, uma classe que, como Francisco de Carvalho sempre dizia, é a reserva moral e ética do judô.
“Eu só estou aqui hoje porque tive no meu caminho professores como Uadi Mubarac, Luiz Carlos Mubarac, Paulo Mubarac, Odagil Pessoa e Jaime Polido. O meu caminho, e o de todos nós, foi trilhado, ou melhor, construído por todos que nos antecederam. Evoquei seus nomes porque foram eles que me ensinaram a cair e levantar. Caso contrário eu não estaria diante de tantos professores que protagonizaram a história contemporânea do judô paulista, brasileiro e mundial. Podem estar certos de que estar aqui, entre os senhores, é motivo de muito orgulho.”
Quanto à parceria do CREF4 com a federação, Nelson Leme disse que é uma continuidade de sua gratidão, lembrando que já conversara com o Chico do Judô muito tempo atrás sobre este mesmo objetivo de estabelecer laços para acelerar o processo de profissionalização do professor de judô.
“Lamentavelmente ele já não se encontra entre nós, mas certamente está, de alguma forma, aprovando esta parceria, que é firme, forte e justa. Quando viajo o Brasil inteiro, em todas as federações estaduais de judô e em todos os conselhos regionais me perguntam como é esta parceria. Minha resposta é sempre a mesma: nós temos de ter humildade suficiente para aceitar o novo e, em relação à parceria especificamente, quem pode responder é a FPJudô. Agradeço a receptividade e saibam que é um enorme prazer estar aqui com todos vocês.”
Alexandre Janotta Drigo, presidente da Comissão Científica da FPJudô e um dos principais pilares do projeto Keisei no Michi, destacou aspectos relacionados ao futuro da profissão de professor de judô.
“Sinto-me honrado em apresentar o projeto Keisei no Michi para tão seleto grupo de professores kodanshas do nosso Estado. O projeto tem a tradução literal relacionada a “caminhos da formação”, pois, assim como o judô, ele trilha uma história na busca da excelência na prestação de serviços para a população. O projeto começa no curso de formação de instrutores que focará principalmente nos nossos jovens, mas se estenderá em diversos ramos de formação, como a de técnicos esportivos, professores para o ambiente escolar, treinadores para o sistema paralímpico e o prática do judô na perspectiva de saúde e lazer”, detalhou Drigo.
“Nesse sentido, destaco a parceria com o Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região (CREF4/SP), que chancela os nossos certificados. É importante ressaltar que a Federação Paulista de Judô, por definição, é uma entidade representativa do esporte no âmbito estadual, relacionando-se com secretarias de esporte nos âmbitos federal, estadual e municipal, com o Comitê Olímpico do Brasil e a Confederação Brasileira de Judô. Já o Conselho de Educação Física é uma entidade trabalhista com ênfase na profissão, cuja ação estende-se a outros setores do poder público. Embora a educação física trate de esportes, o CREF4 é uma entidade que transcende esse aspecto.”
Como exemplo, Drigo citou a negociação com o poder público para abertura das academias como atividade essencial durante a pandemia e para vacinação prioritária de profissionais de educação física. “Nesse sentido, o reconhecimento pelo conselho é uma valorização dos futuros professores de judô egressos desses cursos. Por fim, ressalto que o projeto assume que o judô transforma vidas a partir de uma formação que busque, além da capacitação, a compreensão das diversas possibilidades de trabalho que possam transpor os limites das áreas já consolidadas, possibilitando aos nossos jovens mais chances de atuação no campo de trabalho com o judô. Dessa forma, torço para que a cada posto de trabalho que possa ser exercido por alguém do judô nós possamos capacitar um profissional para ocupa-lo da forma mais competente e ética possível.”
Consultor da Comissão Científica, o professor Osvaldo Hatiro Ogawa, ex-presidente da FPJudô, também falou sobre o projeto Keisei no Michi, explicando que serão montados quatro módulos para formação de monitores, instrutores e futuros professores.
“Minha função e do sensei Luís Alberto será falar sobre os fundamentos kihon e kisô, história do judô, história do Japão, história do judô no Brasil, a cultura e a educação japonesa. Precisamos entender e compreender como era o Japão no período em que o judô foi criado.”
A cultura japonesa, enfatizou Ogawa, é padronizada pelo kata. “No Japão tudo é kata. A educação japonesa é kata. Tudo que fazemos no Japão é kata. Maneira de andar, maneira de sentar, maneira de comer, tudo é kata. Aí vem o randori, que é a prática da aprendizagem do kata. Muitos acham que o shiai é luta, competição, mas está errado. O shiai é para ver como o praticante aproveitou o aprendizado do kata e do randori.”
Luís Alberto dos Santos, presidente da Comissão Especial de Lutas do CREF4/SP, espera que a parceria do judô paulista com o CREF4/SP eleve a modalidade a um novo patamar. “Começo fazendo um agradecimento aos professores Nelson Leme, Alessandro Puglia e Alexandre Drigo, por me indicarem para participar de tão importante projeto e presidi-lo. Lembrando que tudo ao nosso redor muda, se transforma diariamente, como parte do processo de desenvolvimento social que todos nós almejamos. Não podemos pensar o judô da forma como foi concebido há quase 150 anos. Precisamos inovar e criar soluções que nos permitam atender o público de forma cada vez mais adequada e profissional. Tenho convicção de que esta parceria nos permitirá estabelecer novas metas e atingir grandes objetivos”, previu o coordenador de cursos da FPJudô.
Participantes do encontro
Ademir Raimundo Machado, Alessandro Panitz Puglia, Anderson Dias de Lima, Antônio Carlos da Silva Mesquita, Antônio Honorato de Jesus, Antônio Roberto Coimbra, Antônio Ruas Júnior, Antônio Tadeu Tardelli Uehara, Argeu Maurício de Oliveira Neto, Artêmio Caetano Filho, Belmiro Boaventura da Silva, Bento Emanoel Aleixo, Celestino Seiti Shira, Chiaki Ishii, Cláudio Calasans Camargo, Eder Fonzar Granato, Eduardo Freire da Silva, Everson Freitas Campante, Fernando Catalano Calleja, Fernando da Cruz, Henrique Serra Azul Guimarães, Hissato Yamamoto, Jair Nunes de Siqueira, Jairo Rodrigues de Andrade Filho, Giro Aoyama, João David de Andrade, Jorge Siqueira, José Divam Ramos, José Gomes de Medeiros, José Gildemar Carvalho, José Paulo da Costa Figueiroa, José Sinésio Vanzella, Júlio César Jacopi, Júlio Takashi Kawaguchi, Kenzo Matsuura, Leandro Alves Pereira, Leonel Yoshiki Matsumoto, Luís Alberto dos Santos, Luiz Yoshio Onmura, Marcos Francisco da Silva, Marilaine Ferranti Antonialli.
Mário Shigueru Yamasaki, Massanori Yanaguimori, Massakatsu Akamine, Mercival Daminelli, Michiharu Sogabe, Milton Ribeiro Correa, Odair Antônio Borges, Orlando Sator Hirakawa, Osvaldo Hatiro Ogawa, Paulo Alvim Ferraz Muhlfarth, Paulo Ricardo Castellanos Souza, Pedro Edson Neri de Paiva, Raul de Melo Senra Bisneto, Rioiti Uchida, Rubens Pereira, Sadao Fleming Mulero, Samir Guedes Salomé, Sérgio Antônio de Almeida Pessoa, Sérgio Barrocas Lex, Severino José de Sena, Setuo Takahashi, Sidnei Paris, Sílvio Tardelli Uehara, Sumio Tsujimoto, Takeshi Yokoti, Vânia Ishii, Wagner Antônio Vettorazzi, Wilmar Terumiti Shiraga, Yoshihiro Sakashita e Yoshiyuki Shimotsu.
A Federação Paulista de Judô tem apoio da Ajinomoto do Brasil, Original Tatamis, Shihan Kimonos, MKS/Adidas e Budokan Kimonos. Por meio das suas 16 delegacias regionais a entidade congrega mais de 10 mil atletas federados e está presente em 282 municípios do Estado de São Paulo. Anualmente a FPJudô credencia cerca de 1.500 técnicos e 950 árbitros, que atuam em competições regionais, estaduais, nacionais e internacionais. O Governo do Estado de São Paulo e a Prefeitura de São Bernardo do Campo são apoiadores másteres da entidade.
Clique AQUI e confira a pasta de fotos desse evento no portal da Federação Paulista de Judô.