Ono e Gjakova, o artista e a estreante unem-se no topo do pódio no terceiro dia do judô em Tóquio

Shohei Ono e Nora Gjakova campeões olímpicos do peso leve © Sabau Gabriela / IJF

O terceiro dia de disputa do judô teve direito à presença de Thomas Bach, presidente do COI; Marius Vizer, presidente da FIJ; e Yasuhiro Yamashita, presidente do Comitê Olímpico do Japão na arena Budokan

Fonte IJF
27 de julho de 2021 / Curitiba (PR)

Sob o olhar de Yasuhiro Yamashita Marius Vizer e Thomas Bach cumprimentam-se diante da Nippon Budokan Arena © Sabau Gabriela / IJF

No terceiro dia de competição do judô, Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), chegou durante a apresentação do último bloco e foi recebido por Marius Vizer, presidente da Federação Internacional de Judô (FIJ). Além deles, também estava presente a lenda japonesa dos tatamis Yasuhiro Yamashita, presidente do Comitê Olímpico do Japão e da All Japan Judo Federation.

Bach foi saudado por vários campeões olímpicos, incluindo os três primeiros japoneses desta edição do evento e membros da equipe de refugiados, com os quais ele teve o prazer de interagir antes de entrar na arena Nippon Budokan.

Thomas Bach, presidente do COI e Marius Vizer, presidente da FIJ na tribuna da Nippon Budokan Arena © Di Feliciantonio Emanuele

Gjakova, a estreante

No feminino, a vitória de Nora Gjakova, do Kosovo, sobre a francesa Sarah Cysique surpreendeu, já que se esperava que a medalha de ouro fosse conquistada por uma das atletas japonesas ou até mesmo pela canadense Jessica Klimkait.

Dois estilos estavam em confronto assim que o primeiro hajime ecoou na Nippon Budokan Arena. Com seu forte kumi-kata canhoto, Cysique parecia impor seu poderio rapidamente, apesar de seu tamanho menor. Fazendo um forte kuzushi buscando desequilibrar Gjakova com sua enorme capacidade de mover-se rapidamente da direita para a esquerda, a francesa, contudo, cometeu um erro que lhe custou o título.

Shohei Ono joga Lasha Shavdatuashvili na final © Di Feliciantonio Emanuele

Na tentativa de projetar, Cysique mergulhou de cabeça, o que é proibido. O árbitro interrompeu a luta e pediu a confirmação do vídeo replay e dos supervisores. O erro foi óbvio e Cysique foi punida com hansoku-make (desclassificação).

Com a desclassificação, Cysique ficou com a medalha de prata, enquanto Gjakova conquistou o segundo título para o Kosovo, um resultado incrível para o país da península dos Balcãs. É um resultado que recompensa o tremendo trabalho realizado por uma pequena equipe de pessoas apaixonadas pelo judô.

Sarah Cysique e Nora Gjakova fazem o kumi-kata © Di Feliciantonio Emanuele

“Não foi a luta mais bonita, mas não importa; o mais importante era vencer. Quero agradecer a Majlinda. Ela começou o caminho, apoiou a todos nós. Sem ela, nem eu nem Distria teríamos conquistado o ouro”, foram as palavras de Gjakova após vencer.

Majlinda Kelmendi declarou: “Eu vi todas as lutas dela hoje. Desde a primeira eu previ que seria o dia dela”. O técnico Driton Kuka também comemorou, explicando que o Kosovo é um país pequeno, mas uma grande nação do judô.

Os dirigentes Bach e Vizer ladeados pelos campeões de Tóquio, Hifumi Abe (66kg), Uta Abe (52kg) e Takato Naohisa (60kg) © Di Feliciantonio Emanuele

Shohei Ono, o artista

A 13ª posição no ranking mundial está longe de mostrar o talento de Shohei Ono, que participa de poucas provas, mas, quando o faz, faz bem e conquista medalhas de ouro com enorme facilidade. Na final da chave dos 73kg ele se deparou com Lasha Shavdatuashvili, da Geórgia, que tem em seu currículo duas medalhas olímpicas: ouro em Londres 2012 e bronze, no Rio 2016.

O pódio olímpico do peso leve feminino © Sabau Gabriela / IJF

De um lado tínhamos a calma encarnada do campeão japonês, estável como uma rocha. Do outro lado, tínhamos um guerreiro incrível que não estava ali para jogar cartas, mas para vencer o melhor judoca do mundo na atualidade. Parecia que não era apenas ganhar o título que importava para ambos, mas ser protagonista na mais dura batalha realizada nos tatamis de Tóquio e vencer de forma bonita.

“Shohei Ono é o melhor judoca que já vi na minha vida. Ele é a combinação perfeita de força, precisão e técnica.”

Após ser decretada a vitória ao japonês e antes de deixar os tatamis, Ono e Shavdatuashvili mostraram o profundo respeito que nutrem um pelo outro. Só então, fora do shiai-jo, um sorriso discreto apareceu no rosto de Shohei Ono. Ele é bicampeão olímpico e nada parece poder detê-lo. No futuro, mais pinturas são esperadas do artista da arte suave.

Em entrevista, Ono Shohei disse: “Quando ganhei meu primeiro título olímpico eu era jovem. Hoje, depois de anos derrotando todo mundo, posso dizer que não foi fácil. Também estou muito feliz porque durante todos esses anos consegui ficar na mesma categoria de peso, e isso é uma importante conquista”.

O pódio olímpico do peso leve masculino © Sabau Gabriela / IJF

Kosei Inoue, que fez história nos tatamis e hoje é técnico da seleção japonesa, fez uma declaração sobre o judoca bicampeão olímpico dos pesos leves. “Shohei Ono é o melhor judoca que já vi na minha vida. Ele é a combinação perfeita de força, precisão e técnica.”

Lasha Shavdatuashvili disse: “Estou um pouco decepcionado, claro, mas Ono é o melhor judoca da atualidade. Ele nunca comete erros. No final, isso é judô e somos iguais, cada um com as mesmas oportunidades. Vence o melhor. O meu caminho para a final foi difícil, mas sempre confio em mim e jamais vou desistir”.