20 de novembro de 2024
Após 50 dias à frente da área técnica, Rato anuncia inovações na FPJudô
Com uma abordagem prática e inovadora, o professor Marco Antônio da Costa reforça a conexão entre técnicos, atletas e gestão, visando a fortalecer o judô paulista em todas as suas divisões.
Por Paulo Pinto / Global Sports
Curitiba, 22 de novembro de 2024 / Curitiba. PR
Judoca altamente técnico, que integrou a seleção brasileira com brilho por 12 anos e foi aluno destacado pelo professor kodansha hachi-dan (8º dan) Orlando Sator Hirakawa, Marco Antônio da Costa, o Rato, não poderia assumir a coordenação da área técnica da FPJudô de forma negligente ou sem comprometimento. Como Profissional de Educação Física (CREF 01993-P/SP), ele mostra, nesta segunda entrevista como dirigente, que sua gestão se pauta por eficiência e inovação.
Completados 50 dias no cargo, o professor Rato fez um balanço otimista e esclarecedor sobre os primeiros desafios e os avanços já conquistados.
“Quero começar lembrando que estamos falando única e exclusivamente da área técnica, setor que comando ao lado do professor Marco Aurélio Uchida”, esclareceu Rato. “Não desmereço o trabalho de quem nos antecedeu, embora as coisas estivessem caminhando um pouco devagar, especialmente no que diz respeito ao retorno para nossos filiados – atletas, técnicos e membros das comissões técnicas. Resolvemos em dois dias algumas questões que estavam pendentes há oito anos. Resumindo: ninguém mais fica sem resposta na área técnica. Nosso compromisso é atender as pessoas como gostaríamos de ser atendidos.”
“Nossa proposta é construir pontes que aproximem os técnicos de nós e nos conectem à realidade deles. Juntos, somos o principal segmento da área esportiva.”
Sobre os avanços, Rato destacou um questionário enviado recentemente a todos os professores e técnicos para identificar os principais problemas na relação com a federação. O prazo para preenchimento e envio termina em 27 de novembro, e no dia 1º de dezembro será realizado um encontro presencial e virtual para definir metas e solucionar as questões apresentadas.
“Nossa proposta é construir pontes que aproximem os técnicos de nós e nos conectem à realidade deles. Juntos, somos o principal segmento da área esportiva”, afirmou. “Esperamos que, após esse encontro, possamos formar um time coeso, focado no desenvolvimento técnico do judô paulista, baseado em reciprocidade e inovação.”
Internamente, Rato destacou o ritmo acelerado das ações da gestão. “Já definimos várias inovações que em breve serão anunciadas para a temporada 2025. Algumas ainda não podem ser divulgadas, mas posso adiantar que teremos duas grandes competições inéditas no calendário esportivo.”
Além disso, reuniões semanais estão sendo realizadas para planejamento técnico e discussão de metas. Um dos pontos mais frequentes nos debates tem sido a logística das competições, que sofrerá ajustes significativos.
Ao falar sobre os aspectos positivos que mais o impressionaram, Rato foi enfático ao elogiar o apoio recebido do sensei Marco Aurélio Uchida.
“A FPJudô já possui uma estrutura excelente, na qual tudo funciona muito bem. Não será necessário mudar nada, apenas acrescentar novos elementos para agilizar os processos. Sensei Joji Kimura e o professor Uchida têm estilos de trabalho diferentes do meu, e, por eu ser mais acessível, técnicos e professores sentem-se mais à vontade para conversar comigo. Isso também se deve ao fato de eu ter atuado ao lado deles recentemente como técnico.”
Rato destacou ainda sua gratidão ao sensei Uchida. “Ele me deu total apoio e, em pouco tempo, me colocou a par de todo o funcionamento da área técnica estrutural da FPJudô. Sou muito grato por isso.”
Inovações
Além dos dois novos eventos esportivos no calendário, a diretoria da FPJudô já definiu que realizará cursos presenciais na capital e no interior, de forma itinerante, abrangendo todas as delegacias regionais. No entanto, o ponto mais marcante dessa nova gestão é a abordagem diferenciada nas funções da coordenação técnica, que historicamente se concentrava mais na estrutura administrativa da entidade, deixando em segundo plano o segmento competitivo.
Sensei Rato destacou que as futuras seleções responsáveis por representar o Estado em competições nacionais não serão negligenciadas.
“Entendo que um trabalho contínuo e focado nas seleções paulistas pode levar o judô estadual a novo patamar. Uma das nossas ideias é realizar encontros mensais, ou até mesmo quinzenais, reunindo os campeões e vices de cada classe de entrada para treinos. O ideal é que os técnicos também participem, pois será uma oportunidade de alinharmos nossa visão e trabalharmos juntos. Precisamos estar mais próximos uns dos outros.”
A FPJudô mantém hoje quatro divisões: escolar, aspirantes, graduados e veteranos. Para o dirigente, essas divisões precisam interagir mais, fomentando a evolução técnica de maneira natural e sustentável.
“O ideal é, sempre que possível, unir os grupos. Quero muito promover isso. Por exemplo, integrar o treino do sênior ao do veterano, ou do sub 18 ao sênior. Fazer com que os mais jovens segurem no judogi de atletas mais fortes e experientes, diminuindo a distância técnica entre eles. Isso é fundamental.”
Rato relembrou sua própria experiência e a do presidente Henrique Guimarães quando jovens: “Na nossa época, treinávamos com a seleção principal. Levávamos vários tombos no randori, mas, na semana seguinte, já caíamos menos. Esse aprendizado nos tornava mais resilientes. Hoje, os treinos são muito segmentados por categorias, e isso cria um grande hiato. Quando o atleta chega ao sub 21, ele percebe que não teve o preparo necessário desde a base. Para quem busca o alto rendimento, é essencial treinar com quem tem mais experiência, enfrentando desafios reais para crescer”.
Estados da Região V
Durante a gestão anterior, o Centro de Excelência do Judô, em São Bernardo do Campo, sediou um treinamento que reuniu atletas de alto rendimento das federações do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Rato demonstrou apoio a essa iniciativa e prometeu trabalhar para que esses treinamentos sejam retomados.
“Sou totalmente a favor desse tipo de intercâmbio, inclusive com a possibilidade de São Paulo levar suas equipes principais para outros Estados. Não estamos falando apenas de treinos, mas de um momento em que atletas de diferentes gerações se reúnem para compartilhar experiências, confraternizar e alinhar objetivos com amigos e adversários que encontrarão ao longo da vida esportiva. Esses treinos fortalecem não só os atletas, mas também os técnicos, promovendo uma interação muito importante.”
Keisei no Michi
Ao ser questionado sobre o Keisei no Michi – o primeiro projeto acadêmico-profissionalizante da modalidade no Brasil – que não está sob a tutela direta da Coordenação Técnica da FPJudô, Rato foi direto e reto.
“Sua observação é muito oportuna e você está certo. Enquanto todos os eventos ou módulos dos outros setores do judô paulista estão sob a direção de coordenadores das respectivas áreas, o Keisei no Michi estava sendo administrado por uma pessoa que não faz parte da gestão técnica. Nesta semana mesmo questionei por que a terceira turma do curso não se realizou neste ano, e fui informado que a mesma não aconteceu em função da intervenção. Vou tratar disso diretamente com o professor pós-doutor Alexandre Drigo, responsável pela criação e direção do curso e afirmo que em 2025 o curso voltará com força total. Participei da primeira turma e sei da importância social desse projeto, que profissionaliza jovens instrutores por meio do judô. Não podemos permitir que um programa dessa envergadura seja negligenciado.”
Criado em 2022, o Keisei no Michi – Caminhos da Formação – faz parte do processo de profissionalização do judô paulista. Desenvolvido pela FPJudô em parceria com o CREF4/SP e sua Câmara de Luta, o projeto é uma ação técnica apoiada pela Comissão Científica da federação, com respaldo institucional da diretoria, presidência e conselheiros.