FPJudô propõe novos conceitos e uma visão mais ampla no ensino do judô em São Paulo

Alessandro Puglia da boas-vindas ao professor Floriano de Almeida

Os workshops de formação tratam o judô além dos limites da competição e o primeiro deles realiza-se no fim do mês no Centro de Aperfeiçoamento Técnico (CAT) da FPJudô

Judô Paulista
15 de maio de 2019
Por ISABELA LEMOS I Fotos BUDOPRESS
Curitiba – PR

Buscando lançar uma visão mais ampla sobre cada praticante e filiado, a Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizará nos dias 20 e 27 de maio o primeiro Workshop de Formação. O curso será ministrado pelo renomado professor Floriano Almeida no Centro de Aperfeiçoamento Técnico (CAT) da FPJudô.

O workshop será realizado em todas as delegacias regionais com o intuito de identificar as principais mudanças no ensino da modalidade, de forma que a federação consiga estabelecer uma referência e normatizar a prática em todo o Estado. Essa referência abrangerá os fundamentos, uchi-komis, ukemis e vários tipos de iniciação procurando instituir, num segundo momento, um padrão básico de ensino.

Delegados regionais e dirigentes que participaram do encontro com o professor Floriano em Hortolândia (SP)

O professor kodansha Floriano Almeida explica que esta iniciativa visa a desenvolver o judô de São Paulo de forma mais homogênea. Para ele, nenhuma região deve ter um judô mais forte que o das outras. “Ao contrário, a modalidade deve ser forte como um todo e, para tanto, devemos lançar um olhar mais amplo e ensinar o judô de forma mais padronizada”, diz.

“Só vamos conseguir atingir este objetivo por meio de uma normatização de metodologias e processos. O que se faz no sub 9, sub 11 e sub 15 e nas demais classes faz parte da construção de um atleta de alto rendimento, mas o judô não pode ficar focado apenas na competição. Não existe apenas o judoca competidor. Há um leque gigantesco de opções que devem ser consideradas desde a iniciação. Precisamos ver a evolução no longo prazo e pensar na formação do praticante até a faixa preta, e não apenas até a próxima competição. Havendo este processo de formação do judoca até obter a faixa preta e graus superiores, ele poderá progredir de forma mais clara, objetiva – ou até menos traumática – e estabelecer livremente se será professor, competidor, técnico, árbitro ou simplesmente um praticante que estará no judô a vida toda”, esclarece.

Joji Kimura e Francisco de Carvalho discutem detalhes do projeto que inicia este mês da 1ª DRJ Capital

Uma visão mais socioeducativa

O professor kodansha destaca que os workshops pretendem despertar uma visão do judô além da competição. Isso porque, caso seja ensinado com foco apenas no lado competitivo, o praticante pode perder o interesse pelo judô prematuramente, se perceber que não terá espaço no rendimento.

“Por exemplo, um professor fala para seu aluno de 8 anos que vai treiná-lo para ser campeão. Entretanto, quando tiver 12 e perder a primeira competição, aquela criança – que já era judoca – poderá abandonar a modalidade e perderemos um praticante que no futuro poderia ser um bom árbitro ou técnico. Vamos perder um praticante que já estava inserido em nosso cenário. A ideia é fazer esse processo de ensino respeitando a vocação do praticante, que pode querer ser faixa-preta, campeão, professor ou outro profissional (como médico e advogado), mas eternamente ligado à prática do judô”, explica o professor.

O presidente da Federação Paulista de Judô, Alessandro Puglia reitera a linha de raciocínio do sensei Floriano e informa que estes workshops ocorrerão paulatinamente nas 16 delegacias regionais, buscando oferecer um conhecimento mais amplo do judô como esporte de formação, e não apenas de competição.

“Para nós, o Floriano é uma referência e provou isso a vida toda sendo um excelente formador. Essa possibilidade de ele estar em contato com os professores e passar sua visão de ensino é extremamente importante. Ele propõe exatamente aquilo que o judô prega, valorizando a natureza e a aptidão de cada praticante. Os tempos mudaram e, pedagogicamente falando, temos de ter a sensibilidade de mostrar o judô em todas as suas vertentes, e não apenas como rendimento. Nossa proposta é passar um pouco do conhecimento que ele detém e a visão dele sobre o judô para todos professores do Estado”, detalha o dirigente.

Mostrando-se preocupado com as constantes mudanças da área técnica, o presidente da FPJudô explica que, após a realização dos workshops em todas as 16 DRJs, a coordenação técnica da federação avaliará a possibilidade de criar uma referência de ensino para o Estado dentro desta visão mais ampla e atual da modalidade.

Floriano de Almeida detalha os princípios que norteiam sua pesquisa aos delegados regionais

Joji Kimura, coordenador técnico da FPJudô, enfatiza a necessidade de ser implantada uma metodologia de treinamento mais homogênea, que alcance todas regiões de São Paulo.

“A ideia da educação continuada na área técnica da federação paulista é estabelecer uma homogeneidade e talvez até criar uma metodologia de treinamento nas categorias de base. Esperamos que o professor Floriano inicie um trabalho homeopático e de formiguinha, buscando as informações que nos permitam estabelecer um roteiro para melhorar a nossa condição técnica no médio e no longo prazo, principalmente com os atletas da seleção principal. Nossa proposta é disseminar nas pequenas entidades do interior uma formatação mais padronizada na metodologia de treinamento”, explica o coordenador técnico.

Enaltecendo a iniciativa da coordenação técnica e desejando que a ação encabeçada pelo sensei Floriano estabeleça um ponto de convergência entre praticantes, aficionados e o alto rendimento, Francisco de Carvalho Filho dá boas-vindas e deseja sucesso ao projeto.

“O judô em sua origem não foca o alto rendimento, e sim o desenvolvimento humano. Acho esta proposta do professor Floriano bastante interessante porque demanda ampla reflexão sobre o trabalho que vem sendo feito há décadas por todos os professores. Por si só, o resultado desta reflexão nos remeterá a outro estágio, e o meu desejo é que este processo seja o ponto de partida para um novo momento no judô paulista e brasileiro”, acredita o presidente de honra da FPJudô.

Os professores Floriano de Almeida e José Gildemar delegado da 9ª DRJ ABC avaliando as vantagens de implantar educação continuada na área técnica da FPJudô

Informações sobre o primeiro Workshop de Formação

Datas: 20 e 27 de maio

Horário: 18h às 21h

Local: Rua Airosa Galvão, 45, bairro Água Branca – São Paulo, SP – Centro de Aperfeiçoamento Técnico (CAT)

Vagas: Há 40 vagas disponíveis para professores faixas-pretas e 30 para judocas faixas-marrons acima da classe sub 18.
Taxa: R$ 55,00

As inscrições devem ser enviadas para o e-mail fpj@fpj.com.br e serão aceitas até todas as vagas serem preenchidas.

A Federação Paulista de Judô tem o apoio da Ajinomoto do Brasil, Original Tatamis, Shihan Kimonos e Adidas. Por meio das 16 delegacias regionais o judô paulista congrega mais de 10 mil atletas federados, e o judô está presente em 482 municípios. Anualmente a FPJudô credencia mais de 1.500 técnicos que atuam nas competições estaduais e nacionais.