No último dia de disputa individual, Esporte Clube Pinheiros salva o Brasil no mundial de judô da Hungria

Mais combativa, Bia jogou a francesa e impôs um ippon com osae-komi (c) Mayorova Marina

Após sete dias de competição, a seleção brasileira finalmente marcou presença no pódio com os bronzes das pesos-pesados Beatriz Souza e Maria Suelen Altheman.

Campeonato Mundial de Judô 2021
Por PAULO PINTI
12 de junho de 2021 / Curitiba (PR)

Após sete dias de competição, neste sábado (12) finalmente o Brasil pôde vibrar com a presença de dois medalhistas no Campeonato Mundial de Judô da Hungria. Na disputa da categoria pesada (+78kg), Bia Souza e Maria Suelen fizeram ótima campanha e conquistaram as medalhas de bronze. Rafael Silva (+100kg) lutou pelo bronze, porém acabou derrotado.

O torneio continua neste domingo (13) com a competição por equipes mistas. Tradicionalmente o Brasil marca presença nos pódios por equipes e os fãs do judô verde e amarelo certamente viverão fortes emoções amanhã.

Quinze seleções disputarão essa fase: Brasil, Japão, Ucrânia, Rússia, Mongólia, França, Holanda, Cuba, Alemanha, Coreia, Cazaquistão, Geórgia, Hungria, Uzbequistão e International Judo Federation.

Maria Suellen demorou para compreender que finalmente havia vencido a rival cubana © Jensen Lars Moeller

Primeiro pódio

A jovem Beatriz Souza (23) fez uma campanha espetacular e debutou nos pódios mundiais. Na fase classificatória a judoca do Esporte Clube Pinheiros imprimiu ritmo forte ao derrotar a francesa Lea Fontaine, a croata Ivana Maranic e a tunisiana Nihel Cheikh Rouhou, todas jogando de wazari. Na semifinal, Bia acabou derrotada pela japonesa Tomita Wakaba e foi para a disputa do bronze contra a francesa Júlia Tolofua, em quem aplicou o ippon de osae-komi que garantiu a sua primeira medalha em mundiais da classe sênior.

A contratação da jovem peso-pesado fez parte de um planejamento minucioso de renovação do clube, logo após os Jogos do Rio, visando a Paris 2024, que já floresceu em 2020/2021. O departamento de judô do Pinheiros montou nova comissão técnica, comandada por Sumio Tsujimoto e Douglas Vieira, assessorados por excelente equipe multidisciplinar. Juntos ganharam o tetracampeonato consecutivo (2016 a 2020) do Troféu Brasil masculino e feminino, além dos Grands Prix mistos de 2020 e 2021.

Com a participação do sensei Douglas Vieira por muitos anos na seleção de base da CBJ, foi possível desenvolver o trabalho coordenado entre o clube e a seleção, que manteve os pesos-pesados Rafael Silva e Maria Suelen Altheman e colocou na seleção que estará no mês que vem em Tóquio atletas como Eduardo Yudi, Eric Takabatake, Gabriela Chibana, além da jovem Larissa Oliveira, egressa das seleções de base.

O pódio do peso-pesado com a japonesa Sarah Asahina (campeã), e Beatriz Souza e Maria Suelen Altheman (terceiras colocadas). A japonesa Wakaba Tomita não participou da cerimônia de premiação em função da lesão no último combate © Di Feliciantonio Emanuele

Dobradinha verde e amarela

Na segunda disputa de bronze estava outra peso-pesado pinheirense, a experiente Maria Suelen Altheman, que literalmente atropelou a tradição da rival cubana Idalys Ortiz para assegurar seu lugar no pódio e carimbar o passaporte para Tóquio.

Suelen iniciou a disputa no torneio com vitórias tranquilas sobre a ucraniana Yelyzaveta Kalanina e a húngara Mercedesz Szigetvari. Nas quartas de final, a atleta foi superada pela japonesa Tomita Wakaba e reiniciou a busca da medalha na repescagem, na qual superou a tunisiana Cheikh Rouhou, que acabou desistindo por lesão. No confronto decisivo pela medalha, Maria Suelen enfrentou a cubana Idalys Ortiz e um retrospecto negativo de 17 derrotas para a cubana. No entanto, a brasileira não se intimidou e conquistou a vitória no golden score.

Entre os homens, na categoria +100kg, Rafael Silva chegou à luta decisiva e por muito pouco não conquistou a terceira medalha para o Brasil e para o Clube Pinheiros. Na fase classificatória Baby derrotou o cubano Andy Granda, impondo três shidôs no rival. Na sequência venceu o sul-coreano Kim Sungmin e o ucraniano Yakiv Khammo, por ippon. A boa sequência do brasileiro acabou na semifinal, quando foi superado pelo japonês Kageura Kokoro, por hanso-kumake. Na disputa da medalha de bronze, o brasileiro encarou o holandês Roy Meyer e não conseguiu manter o ritmo da manhã. Visivelmente cansado, Baby acabou superado no golden score.

O Brasil ainda contou com outro peso-pesado nas lutas masculinas. O mato-grossense David Moura, do Instituto Reação (RJ), começou a competição vencendo o turco Cemal Ergodan, porém acabou caindo nas oitavas de final diante do finlandês Martti Puumalainen. Além da eliminação no mundial de judô, o atleta está praticamente fora da briga por uma vaga olímpica, já que Baby obteve resultado melhor no torneio.

Clube Pinheiros mantém a escrita nos tatamis

Com seis atletas já garantidos, entre os 13 que serão inscritos pelo Brasil (46%), o Esporte Clube Pinheiros forma a base do time olímpico do judô que disputará medalhas em Tóquio.

Mesmo com as alterações realizadas no comando da comissão técnica, que a partir de março de 2021 passou a ser capitaneada pelos ex- atletas do clube Tiago Camilo e Leandro Guilheiro, a equipe pinheirense permanece forte e com certeza manterá o renomado clube da capital paulista entre as melhores estruturas de judô do País e do mundo.

A chave da disputa por equipes mistas