A origem do judô de Mato Grosso do Sul é eminentemente japonesa

Camila Gebara Nogueira, vice-campeã mundial sub 21

Repetindo o fenômeno cultural que ocorreu no Paraná, a história do judô de Mato Grosso do Sul começou no Japão, mas passou por São Paulo

JUDÔ ESTADUAL
16/02/2018
Por PAULO PINTO I Fotos ARQUIVO FJMS e BUDÔPRESS
Curitiba – PR

Muitas vezes nos surpreendemos com a qualidade e o refinamento técnico dos atletas sul-mato-grossenses na simples execução do kumi-kata ou do nage-waza. No entanto, em longa conversa com César Augusto Progetti Paschoal, presidente da Federação de Judô de Mato Grosso do Sul, descobrimos que, além da origem japonesa, a história do judô do Estado tem raízes em São Paulo. O contexto histórico do judô sul-mato-grossense foi apresentado pelo sensei Roberto Mitio Harada, que catalogou dados ao longo do tempo.

No dia 11 de outubro de 1977 o então presidente general Ernesto Geisel assinou a Lei Complementar № 31 dividindo Mato Grosso e criando o Mato Grosso do Sul. A data virou marco de independência dos sulistas em relação à capital Cuiabá. Enquanto alguns ainda condenam as forças separatistas, outros argumentam que a divisão serviu para impulsionar o desenvolvimento de ambos os Estados. Contudo, o judô existia na região Sul, antes mesmo de se tornar um Estado.

Hideki Yoshida foi o primeiro professor de judô a chegar a Campo Grande, em 1946. Profundo conhecedor da sua cultura, deu aulas de judô, jiu-jitsu, canto, língua e dança japonesa na União Atlética Campo-Grandense.

Professores da década de 1960 Italívio Bonfim, Nélson Arazawa, João Shimabukuro, Durval Rente, Paulo da Silva e Ibrahim Zaher

Os primeiros praticantes foram Kiyonori Shimabukuro, Seitoku Ishikawa, Kosin Tibana, Yoshinori Oshiro, Shinco Sotoma, Massao Nakasato, Maurício Tibana, família Tokubaru (Toshiharu, Yoshinari e Shoiti Kito) num dojô que media 10m x 8m. Apesar de não ser formado – naquela época era muito difícil encontrar alguém com conhecimentos de arte japonesa –, o sensei Yoshida deixou sua marca.

A evolução da modalidade passou por altos e baixos, idas e vindas de professores (como Massao Nakasato, Kocho Yamashiro e Sussui Nakamura), até que em 1956 Maurício Tibana, com 23 anos, foi convidado para reorganizar o judô local e enviado a Araçatuba (SP) para treinar com sensei Massao Mori, delegado regional da FPJudô na 5ª DRJ Noroeste e ligado à Associação de Faixas Pretas do Brasil. Além da permissão, sensei Mori forneceu assistência técnica para Maurício Tibana retomar o judô em Campo Grande de 1956 a 1969. Com ele outros senseis se dedicaram ao ensino.

Em 1957, com a vinda do professor Yoshio Kihara, kodansha shichi-dan (7º dan), para o Brasil, Massao Mori foi o articulador das ações administrativas e técnicas entre Campo Grande e São Paulo. Outro fato importante foi a contratação do professor Shigueaki Noguchi, que estava em Glória de Dourados e participou como primeiro técnico de Campo Grande no 1º Campeonato Noroestino de Judô na cidade de Guararapes (SP) com os seguintes atletas: Noguchi, Mauricio Tibana, Toshiyuki Fukutsi, Shinco Sotoma e Yoshinori Oshiro.

César Augusto Progetti Paschoal, presidente da Federação de Judô de Mato Grosso do Sul

Em 1958 foram graduados os primeiros faixas pretas do Estado de Mato Grosso: Maurício Tibana, Yoshinori Oshiro, Toshiyuki Fukutsi. Mesmo tendo outras profissões e não sobrevivendo do judô, eles se empenharam para desenvolver o esporte na região, conquistando grandes companheiros nesse mesmo objetivo, como João Kiokatsu Shimabukuro, Durval Medeiros, Noboru Kato, Yasuzi Kato, Carlos Hada, Italívio Bonfim, Daniel Reis, e outros.

Em 1965, chegou do Japão o professor Takei, que abriu uma escola de judô na rua 7 de Setembro e era também um massagista muito conceituado e de grande capacidade de cura ortopédica.

Nessa época, com o intuito de expandir o judô pelo Estado, alguns professores receberam a incumbência de fundar dojôs em várias cidades, como mostra o quadro abaixo.

Campo Grande Cuiabá Corumbá Dourados Ponta Porã
Maurício Tibana

Yassunobu Okumoto

Toshiyuki Fukutsi

João Shimabukuro

Durval Medeiros

Noboru Kato

Yasuzi Kato

Carlos Hada

Daniel Reis

Shinco Satoma

Hisashi Omichi

Yoshiaki Shibuta

Edmundo Curvo

Ilsso Sinohara

Mário Katayama Tsuneo Takamura

Eisei Fujinaka

Italívio Bonfim

Américo Moriyama

Tooru Mima

Paulo Hiroshi Matsubara

A grande vitrine do esporte na região, naquela época, eram os Jogos Noroestinos, de esportes amadores, que envolviam as cidades em torno da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Outra disputa importante era o Campeonato da Alta Noroeste, que abrangia municípios da região de Bauru até Corumbá, um certame exclusivo de judô. É importante lembrar que naquela época as competições eram usadas para promover a graduação dos judocas.

Letícia Menino, um dos grandes talentos do MS em transição para o sankaku-gatame

Em 1968, sensei João Shimabukuro fundou a Associação Mifune de Judô em Campo Grande, um passo importante para a fundação de uma federação. A Mifune era uma entidade em que diversos senseis davam aula, além de vários professores convidados de fora do Estado. Apoiando e incentivando uns aos outros, todos tinham sua profissão e se doavam pelo amor de estar num dojô e não por dinheiro. Conviviam como se fossem uma grande família, receptiva a novos membros.

Em outubro de 1969, foi escolhida a primeira diretoria provisória da Federação Mato-Grossense de Judô, cujo presidente era Maurício Tibana. Outro evento importante foi a vinda do professor Takanori Sekine, que durante um mês ministrou aulas de judô aos faixas pretas de Campo Grande, colaborou na criação da FMTJ e coordenou o primeiro Campeonato Estudantil de Judô.

Em 1971 Campo Grande recebeu a visita de importantes dirigentes do judô nacional: Katsuhiro Naito, presidente da FPJudô; Hiroshi Yamamoto e Ikuo Onodera, membros da comissão técnica da FPJudô; e Antônio Alves da Federação Guanabarina de Judô; comandados por Augusto Cordeiro, da Confederação Brasileira de Pugilismo (o judô ainda era um departamento da CBP).

Nas quartas de finais do Campeonato Brasileiro Sênior, Hernandes Santos (MS) encaixa este o-soto-gari no paulista Luiz Lima e avança para a semifinal e conquista o ouro

Naquela época muitos atletas estavam destacando-se, entre eles Bernardo Oshiro, Celso Gouveia, Paulo, Ibrahim Zaher, Elias Saliba, cabo Hélio de Lima, Pedrão de Dourados, Edmundo Curvo e outros.

Vários professores vieram posteriormente e deram grande colaboração ao judô, entre os quais Romeu Pires, Terazaki, Manao Nimomia, Nélson Arazawa, Ikuo Onodera, Chiaki Ishii, Takanori Sekine, Hiroshi Yamamoto, Satoru Nukarya, Yoshinori Okumoto, Rui Gibin Lacerda, Miguel Suganuma, Setsuo Takahashi e Massao Shinohara. Com isso o judô pôde expandir-se ainda mais para outras cidades.

Em agosto de 1973 chegou de São Paulo o sensei Roberto Mitio Harada, com 26 anos e já graduado faixa preta 3º dan, formado em Educação Física em Bauru (SP), técnico desportivo em judô pela USP e com estágio no Japão na Universidade Tokai e Instituto Kodokan com o professor Sumiyuki Kotani (9º dan). Harada veio contratado para ministrar aulas de judô na Universidade Estadual de Mato Grosso (hoje UFMS) no curso de Educação Física e Prática Desportiva.

João Batista da Rocha, ex-presidente da FJMS

Como a federação do Mato Grosso tinha sido fundada em 1972, com sede em Cuiabá, Harada empenhou-se com Maurício Tibana para criar uma nova entidade com sede em Campo Grande e a primeira diretoria da FJMS foi composta por Massao Tadano, presidente; Raul José de Carvalho, 1º vice-presidente; capitão Bibiano de Oliveira, 1º secretário; Gentil Zocante, 1º tesoureiro; e Roberto Mitio Harada, diretor técnico.

Em 1975 já havia diversos lugares para praticar a modalidade em Campo Grande, como o Judô Clube do SESI, a universidade estadual, Associação Nipo Brasileira e Associação Mifune. Em Dourados funcionava a Associação Risei Kano, e mais tarde a Associação Judokan. Em Corumbá existia a Academia de Judô Kodokan. Em Glória de Dourados havia o dojô do sensei Pedro Tsutumi. Foi quando Maurício Tibana passou o comando do judô da região para Roberto Harada.

Em Cuiabá funcionavam a Academia de Judô e Cultura Física de Cuiabá, Associação Edmundo Curvo, Judô Clube SESI e mais tarde a associação criada por Fenelon Oscar Muller, pai de David Moura, atual vice-campeão mundial dos pesos pesados. Fenelon foi o primeiro mato-grossense a participar de certames internacionais. O sensei Manao Nimomia havia mudado de Campo Grande para Rondonópolis, próspera cidade mato-grossense.

Os judocas sul-mato-grossenses César Paschoal, João Rocha e Amadeu Júnior

Com a divisão do Estado, em 1977, o Sul voltou a ficar sem representação e os senseis que já atuavam naquela região retomaram a batalha para fundar a federação do Estado de Mato Grosso do Sul.

No ano de 1979 foi fundado o Judô Clube Rocha, do professor João Batista da Rocha, e em 1980 o Judô Clube Zendokan, do professor Roberto Mitio Harada, em Campo Grande. Logo em seguida, surgiram dojôs em Maracaju e Três Lagoas, com os professores José Fernando de Campo e Valdecir Sanches, respectivamente.

Finalmente em 23 de setembro de 1980 a Federação de Judô de Mato Grosso do Sul foi fundada com uma peculiaridade única na época: a partir da legalização da entidade, para dar aula os professores tinham de possuir no mínimo o ni-dan (2º dan) e, para ser responsáveis por associações de judô, teriam que possuir também o nível superior com graduação em Educação Física. Assim iniciou a história da FJMS.

Há mais de uma década o MS desponta como grande celeiro do judô feminino, produzindo excelentes atletas como a vice-campeã mundial Camila Gebara Yamakawa e a campeã olímpica da juventude Layana Colman

Na entrevista com o dirigente sul-mato-grossense César Augusto Progetti Paschoal notamos forte presença da mesma coalizão que uniu japoneses e brasileiros em meados do século passado em torno da proposta de difundir e popularizar a arte do judô no Estado de Mato Grosso do Sul.

A semente plantada por Hideki Yoshida em Campo Grande, em 1946, germinou, cresceu e tornou-se uma árvore que vem produzindo frutos em todas as regiões do Estado, exibindo um talento forjado na qualidade e na habilidade técnica de seus antepassados.

Camila Gebara e Ellen Furtado, na final do peso pesado do Brasileiro Sênior

A Federação de Judô de Mato Grosso do Sul possui hoje 32 clubes e associações filiadas, 2.500 judocas federados e cerca de 5.500 praticantes.

Entrevista com o presidente

Nascido em 4 de junho de 1966 em Presidente Prudente (SP), César Augusto Progetti Paschoal, presidente da Federação de Judô de Mato Grosso do Sul, mudou-se para o Campo Grande aos 13 anos e posteriormente tornou-se cidadão campo-grandense, reconhecido pela Câmara Municipal.

Advogado há 25 anos, César Paschoal é faixa preta yon-dan (4º dan) e seu tokui-waza é o tai-otoshi. Eleito duas vezes para ocupar a vice-presidência da FJMS, o dirigente está em seu terceiro mandato à frente da entidade. Mas antes de assumir funções na diretoria ocupou vários cargos da administração. Foi árbitro aspirante a FIJ, diretor de arbitragem, advogado, presidente do TJD por 12 anos, diretor de secretaria e palestrante em direito esportivo.

Professor Alessandro Nascimento, o Buiu na seletiva de base

Como chegou à presidência da FJMS?

Comecei no judô em março de 1983 e fui convidado pelo professor João Rocha para participar da diretoria da entidade em abril de 1994. Eu era árbitro, diretor de secretaria, advogado e presidente do TJD-FJMS. Ele contou que tinha planos para fazer o judô crescer ainda mais no Estado, e que esperava meu apoio e sacrifício. Seriam anos e anos de planejamento e execução de um trabalho incessante, mas com resultados. Aceitei o desafio e passei a atuar como árbitro para conhecer melhor a área técnica do judô. A visão dos árbitros é mais racional, enquanto a dos técnicos é mais emotiva. Entrei de cabeça entre a razão e a emoção. Passei a estudar o comportamento de todos à minha volta, e tinha até anotações pessoais. Li muito sobre liderança e poder, e descobri que o poder é extremamente perigoso e deve ser dominado, preferencialmente com a ajuda de pessoas experientes, senão o fracasso é inevitável. A ordem por aqui é que um presidente não fique muito tempo no posto, devendo articular a transição para que outra pessoa oxigene a entidade com novos planos e novas ideias.

Quais são os principais clubes do Estado?

Por menor que sejam, cada clube possui particularidades e importância específica no processo de desenvolvimento da modalidade. Não queremos, absolutamente, que um ou dois clubes se destaquem demais e impeçam que outros, de menor expressão, cresçam. Todos têm a mesma oportunidade, mas logicamente há um ranking, e aqueles que trabalham com maior quantidade de atletas irão extrair a qualidade necessária para serem os primeiros. Em 2017 adotamos um complexo sistema de ranking que estabeleceu os quatro melhores da capital e os quatro melhores do interior. Definimos o representante de cada grupo que será contemplado com um intercâmbio internacional que ocorrerá ainda este ano, com a aquiescência da CBJ. Em 2018 adotaremos um sistema de ranking também para os árbitros, para que em 2019 alguns possam experimentar um intercâmbio internacional, nem que seja para assistir a um grande evento. Tudo subsidiado pela FJMS.

Camila Vitória Ponce é um dos destaques da nova geração do Judô do Mato Grosso do Sul

Quais professores promovem maior fomento da modalidade?

Todos os professores promovem o fomento do judô, mas só podem sentar na cadeira de técnico aqueles que são profissionais de educação física, devidamente inscrito no CREFI/MS, ou que seu auxiliar-técnico seja acadêmico de Educação Física. Essa imposição existe há muitos anos. O ex-presidente João Rocha é conselheiro do CREFI/MS e não abre mão desta medida, e nem eu. Entendemos que maior capacitação dos nossos professores resulta no engrandecimento do judô em todo o Estado.

Quais professores deflagraram o processo de formação de atletas para o alto rendimento?

Quando a FJMS foi fundada, uma das sábias decisões foi a de que nossos atletas sempre deveriam participar dos eventos nacionais. Jamais deixamos de disputar qualquer campeonato promovido pela CBJ, preferencialmente com equipe completa nos dois naipes. Isso desencadeia grande competição interna, e nossas seletivas geralmente são muito fortes. Nossos representantes sempre chegam com muita força e confiança nos eventos nacionais e internacionais. Desde a nossa fundação perseguimos a excelência no alto rendimento. Os primeiros dirigentes foram competidores natos, como Roberto Mitio Harada, João Rocha e Amadeu Júnior, e plantaram sementes que hoje dão frutos na formação técnica, como os professores Igor Rocha e Alessandro Nascimento, técnicos de grandes atletas da atual geração da base nacional. Novos técnicos estão surgindo no Estado, principalmente no interior, e fazem parte do processo de renovação que ocorre naturalmente com nomes como Jorge Yamakawa, Kelly Yada, Mateus Aguilera, Clayton Rojas e Cleison Vital, entre outros.

Fac-símile do Correio do Estado de 22 de dezembro de 1976, com notícias sobre o judô do MS na capa

Quais atletas poderiam ser citados entre os destaques da modalidade?

A força do judô de MS sempre esteve na base do judô nacional, e grandes atletas surgiram nos últimos dez anos, como Camila Gebara Yamakawa, da seleção sênior, com aproximadamente 25 medalhas internacionais na base; Layana Colman, campeã olímpica da juventude e bronze no mundial sub 18; Larissa Farias, vice-campeã mundial sub 21; Ana Lia Oshiro, vice-campeã pan-americana; Breno Dias, campeão brasileiro e campeão pan-americano sub 13; Camila Vitória Ponce, vice-campeã mundial escolar e 1ª do ranking sub 21; Lis Fernanda, campeã brasileira e bronze no pan-americano sub 15; Alexia Nascimento, campeã brasileira e 1ª do ranking sub 18; Chrislayne Alencar, campeã brasileira e 1ª do ranking sub 18; Letícia Menino, campeã brasileira e vice-campeã pan-americana e 1ª do ranking sub 18; Gabryel Vieira, campeão brasileiro, bronze pan-americano e 1º do ranking sub 18, além de Ana Carla Grincevicus, Vitória Siqueira, Hernandes Santos, Milena Pache, Ayhan Zanella, Ricardo Maia, Bianca Vilma, Ana Paula Prates e Emory Spontoni, entre outros.

Qual foi a participação da CBJ no processo de desenvolvimento do judô no Estado?

Paulo Wanderley Teixeira, ex-presidente da CBJ, descentralizava as finais dos brasileiros proporcionando enorme visibilidade da modalidade nos Estados. Com isso, a FJMS criou uma equipe de trabalho muito competente e passou a reivindicar eventos para Campo Grande, o que foi atendido pela CBJ. Isso contribuiu para que a atual geração de atletas campeões pudesse não só assistir a um evento de alto nível, mas treinar mais forte nos meses seguintes e buscar patrocínios, além de contar com o importante apoio do Bolsa Atleta, do governo federal. Em 13 anos realizamos oito importantes eventos nacionais, o que desencadeou o aparecimento de uma geração de atletas cujos resultados surgiram progressivamente. O professor Paulo também instituiu um importante projeto, mantido pelo atual presidente, que é o Programa de Apoio as Federações (PAF). As passagens aéreas para atletas e um técnico para cada evento nacional muito contribuem para melhorar a representação de nosso Estado. A convocação dos nossos árbitros para os brasileiros também ajuda muito na formação de cada um deles e no desenvolvimento da arbitragem estadual.

Camila Gebara é prata no Mundial Júnior realizado nos Emirados Árabes Unidos

O que aspira para a modalidade no Mato Grosso do Sul?

Nossa história é muito bonita, e não apenas nos resultados, mas na união que mostramos quando saímos daqui. Aqui os clubes são rivais, disputam cada medalha. Mas a ordem é: quando saímos rumo a algum evento nacional, a nossa bandeira é única. Quando saímos rumo a um evento internacional, todos torcem, e viramos uma unidade. Nossa diretoria é muito competente, e trabalha incessantemente para que nossos eventos sejam realizados conforme o planejamento aprovado pela assembleia geral, e cada diretor tem uma função definida e cumpre cada detalhe. Marcelo Matos está na direção técnica, Marcos Shimabukuro na arbitragem, Américo na secretaria. Temos um tribunal de justiça desportiva atuante, temos uma comissão de graus, diretoria de cursos técnicos e a Escola Estadual de Arbitragem, que atuará muito a partir de 2018, liderada pelo professor Reinaldo Pedro, 6º dan, meu sensei.

De que forma é feita a gestão na FJMS?

Nossa história é recente, pois a FJMS possui apenas 37 anos de existência, embora a prática do judô tenha começado muito antes. Os fundadores, como Roberto Mitio Harada e João Rocha, instituíram uma forma de gestão democrática, participativa, com ampla transparência e ouvindo sempre os professores dos clubes filiados. Temos nosso próprio método de gestão, que vem sendo aperfeiçoado ao longo do tempo, respeitando sempre a hierarquia e a experiência dos mais velhos.

Professor Igor Rocha, em evento da CBJ realizado no Centro Pan-Americano de Judô na Bahia

De que forma a CBJ poderia contribuir para maior desenvolvimento da modalidade nos Estados?

Por meio de maior capacitação dos professores envolvidos em cada setor, da área da gestão até o departamento técnico. Recentemente a CBJ enviou os professores Amadeu Júnior e José Pereira a Campo Grande, onde realizaram clínicas nas áreas técnica e de arbitragem. Ambos os eventos alcançaram enorme sucesso. Todos estavam ansiosos por conhecimento, e esperamos que haja mais eventos como estes. No ano passado a CBJ disponibilizou sua equipe de marketing para assessorar as federações estaduais na captação de recursos por meio da Lei de Incentivo ao Esporte (LIE). Esta foi uma grande iniciativa do professor Sílvio Acácio, e acredito que a partir do momento em que estes projetos forem realizados os Estados terão maior autonomia e crescerão muito mais.

O que poderia ser feito para alavancar o judô sul-mato-grossense?

Qualquer entidade esportiva precisa de subsídio material e capacitação. Penso que um grande passo já foi dado, como a contribuição humana da CBJ, por intermédio do Maurício Santos e toda equipe da MCSports. A partir disso poderemos desenvolver cada vez mais a nossa modalidade, ocupando todos os espaços possíveis em todos os municípios. Que todas as escolas do ensino fundamental, todos os salões possam ser ocupados por professores e muitos alunos com judogi e faixa na cintura. Que possam viajar para competir e evoluir tecnicamente. Nossa principal meta é massificar o judô no Estado, e só poderemos atingir nossos objetivos se houver recursos para isto. Só assim seremos uma potência na principal modalidade olímpica do nosso País. E, parafraseando o professor João Rocha, a CBJ é a nossa “mãe” e nós temos de cuidar dela, da mesma forma que ela deve cuidar de nós. É uma via de mão dupla.

Pódio do peso superligeiro do Brasileiro Sênior com Hernandes Santos exibindo o ouro

Quem é seu ídolo no judô nacional?

No judô nacional meu ídolo é um grande dirigente esportivo e um grande amigo pessoal: o professor João Batista da Rocha. Ele me ensinou tudo que sei, e me ensinou a lidar com as pessoas competitivas e complexas, que ora somam, ora dividem, e são vaidosas diante de graduações diversas. Eu tinha apenas 28 anos, era sho-dan, e tive a missão de entrar nos corações de cada um e compreendê-los, estudá-los, aceitá-los e rejeitá-los, pois éramos pequenos, uma federação que tinha apenas 500 filiados. Se houvesse uma divisão, seria pior para todos. Entendi com ele o conceito de unidade e união, sem perder a rivalidade natural da modalidade.

E no judô internacional?

Meu grande ídolo chama-se Rogério Sampaio Cardoso, não apenas por sua conquista em Barcelona, mas pela pessoa que se tornou após o ouro olímpico, pela humildade e retidão de conduta que nossa modalidade demanda. Ele é um verdadeiro judoca. De nada adiantaria ganhar o ouro olímpico e sumir no mundo, não passar seu conhecimento, mas Rogério fez o contrário e continuou dando sua contribuição ao mundo do judô e do esporte. Por todos estes motivos hoje ocupa um cargo de destaque no Ministério do Esporte, podendo até chegar um dia ao mais alto cargo esportivo do País, o de ministro do Esporte.

Cronologia da gestão na FJMS

Fundada em 23 de setembro de 1980

1ª Diretoria 24/08/82 a 13/04/85

Presidente: Roberto Mitio Harada

1º Vice-presidente: Daniel Reis

2º Vice-presidente: Maurício Tibana

2ª Diretoria 14/04/85 a 08/07/85

Presidente: Daniel Reis

1º Vice-presidente: Maurício Tibana,

2º Vice-presidente: Medson Janer da Silva

3ª Diretoria 09/07/85 a 11/12/85

Presidente: Medson Janer da Silva 

1º Vice-presidente: Maurício Tibana

4ª Diretoria 12/12/85 a 07/04/88

Presidente: Maurício Tibana

1º Vice-presidente: José Roberto Teruel,

2º Vice-presidente: Ibrahin Kalil Zaher

5ª Diretoria 08/04/88 a 10/05/89

Presidente: Francisco José Marques Helney

1º Vice-presidente: Pedro Albino Coimbra Pedra

2º Vice-presidente: Leonildo de Pieri

6ª Diretoria 11/05/91 a 15/04/94

Presidente: Francisco José Marques Helney

1º Vice-presidente: Pedro Albino Coimbra Pedra

2º Vice-presidente: Leonildo de Pieri

7ª Diretoria 16/04/94 a 11/04/97

Presidente: João Batista da Rocha

1º Vice-presidente: Pedro Albino C. Pedra

2º Vice-presidente: Amadeu Dias Moura Júnior

8ª Diretoria 12/04/97 a abril/2000

Presidente: Amadeu Dias de Moura Júnior

1º Vice-presidente: César Augusto Progetti Paschoal

2º Vice-presidente: Jonas Rodrigues de Souza.

9ª Diretoria 01/04/2000 a abril/2005

Presidente: João Batista da Rocha

1º Vice-presidente: Roberto Mitio Harada

2º Vice-presidente: Leonildo de Pieri

10ª Diretoria 01/04/2005 a abril/2009

Presidente: César Augusto Progetti Paschoal

1º Vice-presidente: Jairo Ricardes Rodrigues

2º Vice-presidente: João Batista da Rocha

11ª Diretoria 01/04/2009 a abril/2013

Presidente: César Augusto Progetti Paschoal

1º Vice-Presidente: Jairo Ricardes Rodrigues

2º Vice-Presidente: José Ovídio Duarte

12ª Diretoria 01/03/2013 a 04/03/2017

Presidente: Marcos Antônio Moura Cristaldo

1º Vice-Presidente: César Augusto Progetti Paschoal

2º Vice-Presidente: Roger Ziemann

13ª Diretoria 04/03/2017 a março/2020

Presidente: César Augusto Progetti Paschoal

1º Vice-Presidente: Carlos Antônio da Rocha

2º Vice-Presidente: José Ovídio Duarte