Vitória no COB repete dupla campeã em Barcelona 1992

Ao lado de Rogério Sampaio, Paulo Wanderley enfatiza a conquista do bi

Paulo Wanderley Teixeira e Rogério Cardoso Sampaio anunciam planos do Comitê Olímpico do Brasil de olho em Tóquio e Paris

Gestão Esportiva
18 de outubro de 2020
Por PAULO PINTO I Fotos BUDOPRESS
Curitiba – PR

Na recente e histórica eleição para a presidência do Comitê Olímpico do Brasil, passou praticamente despercebida a fala de Paulo Wanderley Teixeira sobre a repetição da dobradinha campeã olímpica de Barcelona 1992. “Quando o Rogério Sampaio se sagrou campeão olímpico dos pesos meio-leves, eu era seu técnico. Agora, mais uma vez, obtivemos uma conquista extremamente importante e difícil.”

Marco Antônio La Porta foi um dos principais atores na vitória da chapa Força é União

Em tom de desabafo, por ter tido a coragem de defender a ética que pauta o Movimento Olímpico Internacional, implicitamente Paulo Wanderley Teixeira destacou que, tão importante quanto a conquista de Barcelona, esta vitória ao lado do antigo pupilo representou a derrota da política partidária, que nunca deve influenciar ou contaminar o ambiente olímpico.

“Quero iniciar meu pronunciamento agradecendo aos membros da família do Comitê Olímpico do Brasil e do movimento olímpico brasileiro, aos integrantes da Comissão de Atletas, aos candidatos que deram brilhantismo a esta disputa, e faço um agradecimento especial aos caros jornalistas que aqui estão e à minha equipe de trabalho no COB”, disse o presidente reeleito, antes de destacar a repetição da dupla campeã olímpica.

À Budô, o presidente do COB explicou que seu depoimento foi feito sob o calor da emoção. “Foram dois grandes momentos em nossas vidas. O primeiro foi a vitória do Rogério quando eu o acompanhava como técnico. Agora, fui eleito presidente tendo a companhia dele como diretor geral do COB.”

O presidente eleito afirmou que o processo eletivo é página virada

Traçando um paralelo sobre as duas conquistas, o dirigente lembrou que em 1992 ele estava ajudando a construir, dar visibilidade e credibilidade ao judô, esporte que praticou a vida toda. Hoje o sentimento é mesmo, porém focando o movimento olímpico como um todo.

“Em 2020, pretendo, junto com as confederações, federações, clubes e os grandes protagonistas deste cenário, que são os atletas, fazer o mesmo para o esporte olímpico brasileiro”, disse.

Página virada

Sobre os acontecimentos nos bastidores do processo eletivo e a interferência política que pela primeira vez tentou atropelar o movimento olímpico, Paulo Wanderley deixou claro que tudo isso é passado, uma página virada.

“Daqui para frente, se depender de mim, é foco total em Tóquio, que já está praticamente pronto, e Paris, que também já está chegando. Temos muito trabalho a fazer e muitas medalhas para conquistar”, lembrou Wanderley. “Quem acompanhou o processo eleitoral do COB percebeu movimentos estranhos ao normal de uma eleição esportiva. Alguns atores tentaram apresentar-se como novos e nesta administração não terão palco. Os fatos mostrarão por si só. Continuaremos com os pilares que nortearam a administração até aqui: austeridade, transparência e meritocracia, acrescentando a excelência e competência no mandato que se inicia em janeiro de 2021”, prometeu o presidente eleito.

Marco La Porta, Paulo Wanderley, Rogério Sampaio e Luciano Hostins

Avaliando o cenário pré-eleição, Rogério Cardoso Sampaio, diretor geral do Comitê Olímpico do Brasil, afirmou que mesmo diante de todas as adversidades em nenhum momento deixou de acreditar na vitória.

“Sabíamos que, por todos os personagens envolvidos nesta eleição, havia grandes dificuldades devido à pluralidade de agentes que estavam participando, bem como em razão do envolvimento de cada um deles. Conhecíamos as dificuldades que enfrentaríamos, mas conseguimos vencer apresentando apenas o nosso plano de trabalho, o trabalho desenvolvido nos últimos dois anos e meio. Acho que a maneira limpa e ética como conduzimos o pleito nos causou muitas dificuldades, mas, ao mesmo tempo, mostrou que o número de pessoas interessadas em ver o movimento olímpico gerenciado desta maneira foi maior do que o daqueles que não queriam.”

Traçando um paralelo, Rogério Sampaio lembrou que as eleições no COB 2020 foram um retrato daquilo que aconteceu nos Jogos Olímpicos de Barcelona. “Em 1992, na visão de muitos, talvez eu não fosse o favorito; mas sempre estive muito confiante no meu bom desempenho e na vitória. Não só eu, mas também o Paulo, que esteve lá comigo a todo momento, trabalhando de forma determinada e com afinco, em busca da meta que havíamos traçado.”

Para o campeão olímpico a vitória na eleição foi muito emocionante para ambos. “Acredito até que, diante das dificuldades, talvez uma emoção comparável àquela que tivemos em 1992. A sinergia que existe entre nós dois é de muita confiança, comprometimento com trabalho e respeito às pessoas. Nós temos uma maneira de trabalhar muito próxima. Muitas vezes mesmo sem conversarmos sabemos o que um espera do outro em face dos objetivos a serem alcançados.”

Paulo Wanderley acena para membros da assembleia

Segundo Sampaio, o trabalho em dupla sempre deu certo e, no campo da gestão propriamente dita, os resultados estão aparecendo não só para o COB, mas para todas as confederações e todos os atletas. “Nos últimos dois anos e meio conseguimos transformar o Comitê Olímpico do Brasil numa entidade mais transparente. Novas regras de governança foram implantadas, houve aumento na representação dos atletas na assembleia, os resultados esportivos têm melhorado. Enfim, a gente avança não só em governança e transparência, mas no resultado esportivo”. O dirigente concluiu lembrando que a austeridade é uma das principais características da atual gestão.

“Desde que assumimos, gerenciamos com austeridade e isso fez com que até mesmo neste momento de dificuldade, enfrentamento à pandemia e adiamento dos Jogos Olímpicos, tanto o COB quanto todo o movimento olímpico conseguem manter-se em pé e seguindo o planejamento original para Tóquio. É claro que a crise atingiu a todos indiscriminadamente, mas acho que graças à nossa política de austeridade estamos conseguindo fazer o movimento olímpico atravessar este momento difícil com muito equilíbrio e não tenho dúvida de que sairemos desta situação ainda mais fortes.”